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Cidades

Remédios à base de maconha já são usados para tratar mais de 20 doenças

Epilepsia, esclerose, autismo e ansiedade são algumas das doenças e transtornos tratados com compostos da cannabis


A cannabis sativa, que é o termo científico da maconha – como é mais conhecida – é uma das mais antigas plantas utilizadas para fins medicinais há milhares de anos. Mas, com tecnologias e estudos modernos, a ciência tem tornado evidentes os seus compostos e descobriu que eles podem tratar mais de 20 doenças.

Epilepsia, esclerose múltipla, dores crônicas e inflamações são algumas das doenças cujos tratamentos podem contar com a ajuda de compostos da cannabis medicinal, que também contribuem para melhorar casos de transtornos como do espectro autista (TEA), de ansiedade e outros.

“A primeira autorização no mundo para o uso do canabidiol foi para alguns tipos raros de epilepsia na infância. Mostrou ser uma substância para controle de crises em crianças”, destaca o neurologista Marcelo Valadares.

A neurologista Soo Yang Lee explica que o canabidiol é um dos mais de 150 compostos da planta  e um dos mais importantes. 

“Esse composto não está relacionada a efeitos psicoativos presentes em quem fuma a maconha. O canabidiol tem risco baixo de dependência, principalmente se compararmos com os produtos opioides, como a oxicodona, o tramadol e a morfina, usados em larga escala”.

Os compostos da cannabis medicinal se conectam a receptores no corpo que ajudam a modular vários sistemas, principalmente o nervoso e imunológico. Pesquisas já evidenciaram suas propriedades analgésicas, anticonvulsivante e anti-inflamatória, entre outras.   

“A medicina canabinoide, que utiliza compostos da cannabis, tem hoje disponíveis para o tratamento da dor crônica, por exemplo, o canabidiol e o tetracanabidion em fórmulas variadas, como comprimidos e óleos, sejam associados ou isolados. Nos casos de dor crônica neuropática, existe uma forte evidência de sua eficácia”, frisa o ortopedista Nilo Neto.

Normalmente, os compostos da cannabis medicinal não são as primeiras opções de tratamento, como explica o neurocirurgião Paulo Mariano, especialista no tratamento de dor. 

“Como ainda há muitas pesquisas sobre o assunto, os tratamentos são indicados mais para pacientes com sintomas persistentes e refratários aos tratamentos tradicionais. Mas, em muitas doenças os benefícios do uso é excepcional, como para crianças com epilepsia refratária, dores neuropáticas e outras”.

 

Imagem ilustrativa da imagem Remédios à base de maconha já são usados para tratar mais de 20 doenças
O pequeno Leonardo Bruce foi diagnosticado com autismo e transtorno opositivo desafiador (TOD) e está em tratamento com cannabis |  Foto: Douglas Schneider/AT

Mais qualidade de vida

Aos 2 anos de idade, o pequeno Leonardo Bruce começou a apresentar comportamentos que chamaram a atenção dos pais, Célia Barbosa Pereira e Wendell Leonardo Pereira. Somente após dois anos, a família conseguiu o diagnóstico de autismo e transtorno opositivo desafiador (TOD). Hoje, o menino tem 8 anos e está em tratamento.

“Assim que teve o laudo, ele começou a usar medicamentos, mas com pouco resultado. Fiz  pesquisas e perguntei ao médico sobre a cannabis e ele decidiu prescrever. Com o óleo, reduziu a agressividade e houve um salto no cognitivo dele, de prestar atenção. Só veio a melhorar a sua qualidade de vida. Junto com outras terapias, está melhorando ainda mais”, comemora a mãe.


SAIBA MAIS


Maconha medicinal

  • A cannabis sativa, que é a planta relacionada à maconha, possui mais de 150 substâncias farmacologicamente ativas que são denominados fitocanabinoides. Os mais conhecidos e estudados são:

CBD

  • O canabidiol (CBD) é uma das substâncias da cannabis mais estudada. Demonstra efeitos analgésico, sedativo e anticonvulsivo. 

THC

  • O tetrahidrocanabinol é o princípio ativo que dá o efeito psicoativo da planta, quando concentrado em altas doses. Demonstra efeitos antidepressivo e anticonvulsivo. 

CBG

  • O canabigerol está presente em apenas 1% da cannabis. Demonstra efeitos analgésico, anti-inflamatório e antibacteriano.
  • O composto derivado da cannabis medicinal é apresentado de várias formas no mundo. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só permite os tipos oral e nasal. Os mais comuns são os óleos ingeridos pelos pacientes.

Sistema endocanabinoide

  • O sistema endocanabinoide faz parte do corpo humano e é feito de duas células receptoras principais: o CB1 e CB2. 
  • As chaves agonistas desses receptores são os canabinoides produzidos pelo corpo e também os canabinoides que vêm de fora, como os fitocanabinoides.
  • CB1: é receptor canabinoide, encontrado em abundância no tecido cerebral e no sistema nervoso, mas está presente em todo o corpo humano. Atua na regulação do apetite e no processamento emocional.
  • CB2: é receptor canabinoide, encontrado em abundância no sistema imunológico e no sistema nervoso periférico. Reduz a inflamação e reação às doenças.

Como funciona

  • 1- Os fitocanabinoides presentes na composição indicada pelo médico se ligam a receptores específicos do corpo humano, o CB1 ou o CB2.
  • 2 - Esses receptores enviam sinais ao cérebro, modificando os comandos que produzem inflamação, quando se ligam aos linfócitos, por exemplo. Ou modificam os comandos da dor, quando atua no cérebro.

Doenças e transtornos tratados com cannabis

1- Esclerose múltipla

  • Diversas pesquisas têm comprovado a eficácia da cannabis medicinal para tratar a espasticidade, que é o aumento involuntário da contração muscular. Em pesquisas feitas nos Estados Unidos,  foram relatados benefícios em relação a sintomas sensoriais, como dor, cãibras e espasmos musculares. Em 2017, a Anvisa aprovou o primeiro medicamento à base de cannabis para tratamento de espasticidade moderada a grave devido à esclerose múltipla (EM).  

2 - Epilepsia

  • A Terapia com cannabis medicinal demonstra resultados positivos na redução das crises convulsivas em pacientes com epilepsia de difícil controle. Pesquisa inglesa, publicada no ano passado, mostra que a terapia reduz em até 86% a frequência de crises de epilepsia em crianças.  
  • O Conselho Federal de Medicina (CFM) já reconhece a prescrição de canabinoides para epilepsia infantil e em adolescentes. 

3 - Dor crônica

  • Pesquisas recentes, publicadas em revistas científicas no ano passado, apontam o efeito analgésico do tratamento com cannabis, associado a outras medicações para dor.  
  • A maioria relatou melhora na capacidade funcional (80%) e na qualidade de vida (87%). Quase metade (48,2%) descreveu uma redução de 40% a 100% da dor.

4 - Esquizofrenia

  • Estudos mostram que a terapia com cannabis pode contribuir para o alívio de sintomas graves associados à esquizofrenia e outras psicoses. Diversos estudos atestam o potencial antipsicótico do canabidiol (CBD) nesses quadros. 

5 - Depressão

  • Pesquisas sobre o tratamento de depressão com cannabis medicinal ainda são preliminares, mas já demonstram indícios científicos promissores de que a utilização de tetrahidrocanabinol (THC) é capaz de produzir efeitos antidepressivos. Já o CBD demonstra propriedades ansiolíticas e antidepressivas. 

6 - Glaucoma

  • As primeiras pesquisas voltadas para o uso de cannabis no tratamento da doença são da década de 1970 e, a cada ano, novas evidências são apresentadas. Recentes estudos mostram que o uso de THC ajuda a diminuir a pressão intraocular. Já o canabigerol (CBG) promove também o aumento da drenagem de fluidos oculares.  

7 - Autismo  

  • Compostos de cannabis têm ajudado no controle de sintomas de alguns casos do transtornos do espectro autista (TEA), trabalhando no sistema endocanabinoide, justamente nessa regulação da atividade neuronal. Pesquisa publicada na revista Frontiers in Neuroscience mostrou melhora em sintomas como convulsões, transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, déficits de comunicação e interação social.

8 - Parkinson

  • Estudos têm evidenciado que os derivados canabinoides, por meio de diferentes ações neuroprotetoras, promovem a redução dos sintomas motores e não motores da doença. 
  • Uma das pesquisas mais recentes, publicada em 2021, na Alemanha, mostrou que o remédio pode reduzir dores e cãibras musculares, melhorar a rigidez, os tremores e outros sintomas relacionados.

9 - Estresse pós-traumático

  • O uso de fitocanabinoides pode aliviar sintomas da doença, na modulação das emoções.  É o que mostram pesquisas recentes, incluindo um estudo publicado em 2020 por especialistas da Universidade Estadual de Washington (EUA) que evidenciou redução de sintomas como pensamentos associados a episódio traumático, irritabilidade e ansiedade. 

10 - Ansiedade

  • Cannabis medicinal tem se tornado uma alternativa promissora no tratamento coadjuvante da ansiedade porque apresenta propriedades ansiolíticas capazes de reduzir as crises, através do estímulo de receptores serotoninérgicos, dentre outros mecanismos de ação.

11 - Fibromialgia

  • A cannabis tem sido usada como tratamento da doença que causa dores generalizadas. Pesquisas apontam resultados na redução das dores e de medicamentos convencionais. 

12 - Dor oncológica

  • Além de reduzir náuseas e vômitos associados à quimioterapia, o uso de canabinoides tem demonstrado potencial em inibir o crescimento de células cancerígenas. 
  • Em estudos pré-clínicos, o CBG foi capaz de reduzir a proliferação de células humanas de câncer de mama e próstata, entre outros. 

13 - Neuropatia periférica

  • Os canabinoides têm mostrado eficácia no controle das dores crônica, podendo diminuir em até 30% as escalas de dor, conforme pesquisas. Ainda há poucos estudos randomizados, mas os compostos já revelaram um potencial analgésico, diminuindo a dor, quando associado a outros benefícios. 

14 - Síndrome de Tourette

  • Esse é um distúrbio neuropsiquiátrico, caracterizado por tiques motores e fônicos que podem ser transitórios ou crônicos. Estudos revelam que o uso de canabinoides nos tratamentos provou ser bem-sucedido na diminuição de sintomas relacionados a movimentos involuntários, problemas musculares, metabólicos e depressão, entre outros.

15 - Dermatite

  • No Brasil, ainda não é permitido o uso de pomadas e cremes com compostos da cannabis. Mas, estudos internacionais apontam bons tratamentos com pomada de CBD administrada em doenças crônicas graves da pele e suas cicatrizes, especialmente de fundo inflamatório.

16 - Doença de Alzheimer

  • Apesar de não haver ainda consenso, o CBD pode evitar a criação de proteínas malformadas relacionadas ao Alzheimer, segundo pesquisas. Também há associação entre os canabinoides e a proteção às células nervosas. Foi observada melhora em sintomas como delírios, insônia, apatia e irritabilidade. 

17 - Endometriose

  • A doença atinge 10% das mulheres em idade reprodutiva e pode causar cólicas intensas no período menstrual. CBD e THC podem reduzir o processo inflamatório e diminuir as dores. Apesar de considerados poucos, os estudos clínicos são vistos como muito promissores pelos médicos. 

18 - Insônia

  • Propriedades anti-inflamatórias e ansiolíticas do CBD e as analgésicas do THC são aliadas para lidar com o distúrbio. Pesquisas sugerem que o CBD aumenta o tempo total de sono e que o THC  diminui a latência do sono (transição da vigília para o sono total).  

19 - Enxaqueca crônica

  • Um estudo publicado em novembro de 2019 no The Journal of Pain (EUA), relatou que a cannabis pode reduzir o nível de dor da enxaqueca e de outras dores de cabeça em 50%. Aponta ainda que tem surgido como uma alternativa promissora, com menos efeitos colaterais que os tratamentos tradicionais e que pode ser usada por período prolongado.

20 - Colite ulcerativa

  • Existe um número crescente de evidências mostrando que os canabinoides reduzem a sensibilidade à dor pela ação potencial associada à inflamação. A substância tem sido estudada no tratamento de doenças inflamatórias intestinais, como na colite ulcerativa. Estudos iniciais mostram que o canabigerol tem 80 vezes mais potência do que o poder anti-inflamatório do ácido acetilsalicílico.

Fonte: Especialistas consultados, pesquisa AT e WeCann Academy.

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