Remédio contra falta de atenção some das farmácias
Especialistas apontam que deixar de tomar a Ritalina prejudica a aprendizagem dos pacientes e atrapalha a vida profissional
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A alta procura da Ritalina, utilizada para o tratamento de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), causou um sumiço do medicamento nas farmácias de todo o Estado. Especialistas apontam que a falta do remédio prejudica até a aprendizagem dos pacientes.
O princípio ativo da Ritalina é o cloridrato de metilfenidato. O neurologista infantil e da adolescência Thiago Gusmão explica que há um aumento nos diagnósticos do TDAH em razão da conscientização sobre o problema, o que vem contribuindo para aumentar a procura pelo medicamento.
Outros compostos ativos, presentes em medicamentos disponíveis nas farmácias, são de boa qualidade e podem ser utilizados no tratamento do transtorno, mas chegam a custar até R$ 400.
“O valor é mais caro porque o tempo de ação dos medicamentos (com outros compostos) é maior. A troca medicamentosa só pode ser feita com um médico, avaliando exames diversos, o quadro clínico e a necessidade do paciente. A solução tem sido conversar com as famílias e avaliar caso a caso”.
O psicopedagogo clínico e especialista em problemas de Aprendizagem Cláudio Miranda alerta que os prejuízos da falta do medicamento atravessam toda a vida do paciente, das atividades de casa à aprendizagem e a atenção no trabalho.
“Na terapia, o paciente terá maior dificuldade em centrar sua atenção em aspectos que precisa investir para uma mudança e a superação do problema. Deixar de tomá-lo sem acompanhamento médico poderá ser muito ruim”.
A diretora comercial da rede de farmácias Mônica, Thamires Hoehene, conta que a falta da Ritalina, por períodos de um a dois meses, já acontece há um ano.
Ainda que existam medicamentos com outros princípios ativos utilizados para o tratamento, como o Conserta e o Vyvanse, a diretora comercial da rede de farmácias conta que também já houve falta de tais opções e ainda hoje não há uma disponibilidade alta.
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“A procura por esses medicamentos é alta. A Ritalina já falta há pelo menos um ano, e os funcionários da rede contam diversos relatos de clientes que estão à procura em todas as farmácias. Infelizmente, a falta de medicamentos é um problema mais comum do que imaginamos”.
Empresa diz que entrega vai ser normalizada “em breve”
O Grupo Novartis e a Sandoz do Brasil, fabricantes da Ritalina, estimam que a distribuição do medicamento será normalizada nos próximos dias.
A empresa aponta que a alta demanda pelo medicamento em 2022 causou a escassez do estoque de segurança e, depois, houve o atraso na liberação de novos lotes.
A empresa ressalta que a indisponibilidade do produto não se trata de problemas de qualidade, mas, sim, de questões no trâmite da liberação de novos lotes, importados dos Estados Unidos.
“Levando em conta questões de logística e o processo de liberação de vendas, a companhia estima que o abastecimento terá sua situação normalizada nos próximos dias. Este cenário de desabastecimento foi notificado à Anvisa, com a descontinuação temporária de importação, e está sendo comunicado aos profissionais de saúde”.
ENTENDA
Entenda
A Ritalina, cujo princípio ativo é o cloreto de metilfenidato, é utilizada para o tratamento de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e de Déficit de Atenção (DDA) em crianças e adultos, além do tratamento de narcolepsia.
O medicamento é um neuroestimulante, ou seja, estimula o sistema nervoso central, aumentando a dopamina, é um neurotransmissor responsável pela ligação de um neurônio a outro e capaz de fazer a passagem do estímulo elétrico, de maneira mais rápida e efetiva.
Com isso, o paciente diagnosticado com o TDAH e DDA aprimora a concentração, a atenção, a velocidade do pensamento, a organização das ideias e a retenção de conteúdo aprendido.
Falta
A alta demanda pelo medicamento em 2022 causou a escassez do estoque de segurança e, depois houve o atraso na liberação de novos lotes dos fabricantes.
Ajuste
Há outros medicamentos, com princípios ativos diferentes, utilizados para o tratamento dos problemas, mas o valor pode chegar a R$ 400.
além disso, o ajuste medicamentoso depende da avaliação médica, considerando as condições clínicas e as especificidades e caso de cada paciente.
O preço é maior porque o tempo de ação dos medicamentos com outros compostos é maior.
medicamentos com outros princípios ativos utilizados para o tratamento, como o Conserta e o Vyvanse, também já estiveram em falta no último ano e ainda hoje não há uma disponibilidade alta.
Prejuízos
Pacientes que deixam de tomar o remédio terão o retorno da manifestação de seus sintomas, atrapalhando a vida na escola, em casa e no trabalho.
Alguns sintomas do TDAH são, por exemplo, dificuldade de concentração, esquecimento, ansiedade, excitação, impulsividade, inquietação e irritabilidade.
Na psicoterapia, o paciente que deixa de tomar o medicamento terá maior dificuldade em centrar sua atenção em aspectos que precisa investir, para que ocorra uma mudança e a superação do problema.
Deixar de tomar o remédio sem acompanhamento médico pode, com isso, prejudicar avanços terapêuticos.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta cerca de dois milhões de pessoas no Brasil.
Fonte: Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) e especialistas consultados.
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