Relógios inteligentes e celulares proibidos na sala
Novas regras no retorno das atividades presenciais nas escolas incluem até proibição de “penteado extravagante”
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Para manter a disciplina dos alunos no início de mais um ano letivo, agora de forma 100% presencial em todo o Estado, as escolas voltaram a reforçar várias regras de convivência dentro da sala de aula. Entre elas, o uso regrado de aparelhos eletrônicos é unânime na lista de exigências.
Nas unidades da rede Darwin, por exemplo, é proibido fazer o uso de celulares ou smartwatches (relógios inteligentes) dentro da sala, nos corredores e até mesmo nos banheiros. O único momento em que esses aparelhos são permitidos é durante os recreios.
Seguindo a mesma linha, o Centro Educacional Sonho Meu (CESM), em Cariacica, optou por fazer um controle ainda mais rigoroso dos smartphones: eles são recolhidos no início das aulas e guardados em um compartimento até o horário de saída dos estudantes. No colégio, também não é permitido o uso de relógios inteligentes.
De acordo com a diretora escolar do CESM, Edna Tavares, o objetivo dessa medida é evitar a dispersão das crianças e dos adolescentes durante os estudos, além de contribuir para os protocolos de segurança contra a covid-19.
“Tínhamos adotado essa medida como parte das regras sanitárias, mas acabou servindo também para melhorar a atenção dos alunos, e tem dado certo. Foi algo bem recebido pelos pais”, frisa.
Além das regras para evitar a utilização dos aparelhos eletrônicos, também tem se tornado comum encontrar normas em relação ao visual dos alunos.
Em uma escola da rede particular de Vitória, inclusive, há uma norma que controla o corte e a cor de cabelo dos estudantes. Segundo as regras do local, que não será identificado, os “penteados extravagantes” são proibidos.
Outra obriga que os pequenos vistam exclusivamente o casaco que compõe o uniforme do colégio, sem a possibilidade de usarem qualquer outra estampa.
Já as regras que o Centro Educacional Leonardo da Vinci, também em Vitória, pretende reforçar este ano são aquelas que dizem respeito ao controle da pandemia, como o uso correto da máscara e a aferição da temperatura corporal.
“De forma geral, a gente acredita que o caminho da conscientização é mais efetivo que o da imposição de regras. Por isso, sempre conversamos com os alunos, para que eles entendam os motivos de algumas decisões”, explica o diretor da instituição, Mário Broetto.
Aparelhos recolhidos todo dia
Quem recolhe diariamente os celulares de todos os estudantes no Centro Educacional Sonho Meu (CESM), em Cariacica, é a coordenadora Susane Kelly Santana Moraes, de 45 anos.
Ela também sempre orienta os professores a não esquecerem de solicitar os aparelhos. Susane considera positiva a regra da escola de proibir o uso de eletrônicos.
“Qualquer coisa que chame a atenção da criança e do adolescente tira o foco do aprendizado”, diz.
Algumas regras
Rede pública
Estado
> A secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou, por nota, que conforme o Regimento Comum das Escolas, não é permitido o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula para fins particulares. Disse ainda que, no ambiente escolar, é orientado sobre o uso do uniforme.
> A Sedu acrescentou que não há especificação no regimento para cor e tipo de corte de cabelo.
Vitória
> A Secretaria de Educação frisou que, entendendo que é necessário trabalhar a tecnologia em sala de aula, está investindo na inclusão digital dos estudantes com tablets que serão entregues ainda no primeiro semestre deste ano.
> Quanto aos uniformes, a recomendação é que sejam usadas as peças distribuídas pela prefeitura. A entrega está prevista para ocorrer neste mês.
Cariacica
> A Secretaria Municipal de Educação (Seme) informou que não recolherá aparelhos eletrônicos dos estudantes, uma vez que trabalha com o princípio de educação e orientação aos seus alunos.
> O uniforme escolar será entregue a todos os estudantes e será de uso obrigatório.
Serra
> Procurada, a prefeitura respondeu apenas que as escolas passaram por obras de adaptação devido à pandemia, como aumento da ventilação, reforma dos banheiros e instalação de novas torneiras e bebedouros.
> Também destacou o cumprimento dos protocolos sanitários contra a covid, como uso individual de máscaras, uso de álcool para higienização das mãos, entre outras ações.
Rede particular
Monteiro
> Os celulares podem ser usados apenas nos horários de chegada, recreio e saída por alunos a partir do 6º ano do ensino fundamental 2. O protocolo determina que não haja “compartilhamento” dos aparelhos.
Sagrado Coração de Maria
> O colégio não permite utilizar, sem autorização prévia, aparelhos como celulares, iPod, iPad, e outros objetos que não fazem parte do material escolar.
> Orienta apenas que os alunos não usem acessórios no vestuário que descaracterizem o uniforme, como, por exemplo: boné, gorro, chinelos, sandálias, botas, entre outros.
> Quanto ao corte ou cor de cabelo dos estudantes, o colégio não faz nenhuma restrição.
Colégio Americano
> Sobre o uso de tecnologia, a escola explicou, por nota, que ela é uma “aliada no processo escolar e proibir de forma incisiva o uso é ir de contramão à evolução do mundo”. De acordo com o colégio, é ensinado aos alunos o uso adequado e no tempo adequado.
Adventista
> Além do uso de celulares não ser permitido, ainda destacou, por nota, que é proibida “a prática de qualquer ação viciosa nas dependências da instituição ou fora dela, portando o uniforme escolar”; e “manter quaisquer contatos físicos envolvendo agressões e intimidades”, salvo “cumprimentos respeitosos ou formais”.
Marista
> O uso de smartphones ou outros dispositivos somente é permitido em horários de intervalo ou quando liberado seu uso em alguma atividade mediada pelos professores.
Fonte: Prefeituras e escolas citadas, e governo do Estado.
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