Moradores de Guarapari relembram acidente aéreo
Primeiro acidente aéreo no balneário e que foi noticiado ocorreu em 1952. Moradores guardaram jornais da época
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Prestes a completar 71 anos do primeiro acidente aéreo em Guarapari registrado em jornais, moradores ainda lembram dos relatos contados pelos mais antigos. Dois pilotos morreram, após o avião monomotor Navion bater na Pedra da Risca, na localidade de Jaboti, zona rural.
O aposentado André Boldrini, de 83 anos, conta que, ao chegar na região, conheceu pessoas que estiveram no local do acidente e ajudaram no resgate dos corpos.
“Não sei se há alguma testemunha viva, mas eu vim morar aqui na região anos depois da tragédia, e meus amigos e vizinhos contavam com riqueza de detalhes sobre o acidente”, contou ela.
“Era um dia de chuva, quando eles ouviram a explosão e souberam do acidente. Muitas aeronaves sobrevoavam a região para visualizar e confirmar o que teria acontecido. Equipe de socorro só chegou no final do dia. E onde o avião caiu, é mata fechada até hoje”.
A cavalo, ele e os amigos tentaram chegar novamente ao local do acidente para visualizar se ainda havia destroços da aeronave, mas a mata fechada impediu chegar até o local.
“Tinha muita abelha também e ficamos com medo de entrar mais e sermos atacados pelo enxame. Depois disso, nunca mais tentamos, e não sei se alguém já chegou até lá. As terras em torno da Pedra da Risca eram da minha família. Mas vendemos tudo”, disse.
O acidente aconteceu na manhã do dia 4 de abril de 1952. Na época, onde é a Pedra da Risca, levava o nome de Serra da Conceição, por estar próxima do Rio Conceição.
Relatos dos jornais apontam que as condições climáticas desfavoráveis, com fortes chuvas, contribuíram para o desvio abrupto da rota da aeronave, que acabou perdendo altitude e colidindo com a rocha antes de incendiar-se.
O acidente foi testemunhado por outra aeronave da Aerovias Brasil, que comunicou imediatamente as autoridades de Vitória sobre o ocorrido.
Uma equipe de socorro de Guarapari, liderada pelo delegado da Polícia Militar Ivo Araujo, juntamente com outros membros da polícia e da comunidade, dirigiu-se ao local do acidente, mas enfrentou dificuldades devido ao mau tempo e ao terreno de difícil acesso.
Somente às 18h30 o socorro chegou ao local para a retirada dos corpos. Profissionais vararam a madrugada com os trabalhos.
Fique por dentro
- O primeiro acidente aéreo registrado em Guarapari ocorreu em 4 de abril de 1952, envolvendo um avião monomotor Navion que colidiu com a Pedra da Risca, na localidade de Jaboti, resultando na morte de dois pilotos.
- O aposentado André Boldrini, de 83 anos, relata que, apesar de não ter testemunhado o acidente, ouviu relatos detalhados dos moradores mais antigos da região, que descreveram o ocorrido.
- O avião decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino a Vitória.
- Condições climáticas desfavoráveis, incluindo fortes chuvas, foram apontadas como contribuintes para o acidente. Uma equipe de socorro de Guarapari, liderada pelo delegado da Polícia Militar Ivo Araujo, enfrentou dificuldades para chegar ao local do acidente devido ao mau tempo e ao terreno de difícil acesso.
- Os pilotos Mamed Nagib e Dorian Botelho Monteiro foram enterrados em Vitória, após pressão da população para evitar que fossem enterrados como indigentes.
Fenda na pedra pode ter sido causada pela queda do avião
O policial civil e historiador José Amaral, que possui os jornais da época, conta que a história do acidente é relembrada por muitos moradores daquela região, e cresceu ouvindo falar que uma fenda que existe na pedra teria sido causada pelo acidente.
“Me lembro de ter passado a infância ouvindo falar desse acidente. Não sabemos se é lenda ou é realmente verídico, mas a fenda que existe na Pedra da Risca seria por causa desse acidente na década de 50”, revela ele.
Nos jornais ainda constam que os pilotos que morreram no acidente aéreo, Mamed Nagib e Dorian Botelho Monteiro, eram de Manaus (AM) e foram enterrados dias depois, por pressão da população. Os dois corpos corriam o risco de serem enterrados como indigentes, mas os restos fragmentados foram transportados para Vitória e sepultados às custas do governo do Espírito Santo.
O avião, que tinha capacidade para quatro pessoas, decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino a Vitória. Foi confirmado por outros pilotos que o avião teria se chocado com a rocha, a cerca de 300 metros do cume, bem no meio da pedra.
“Esses são os relatos do jornal que fez a cobertura na época, e hoje guardamos os recortes com carinho, porque é uma história que faz parte dos acontecimentos da nossa cidade”, completa.
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