Após sufoco, criador do Macakids encara o mar: 'quero reencontrar a tranquilidade'
Maikel Araújo dos Santos voltou a pescar cerca de 40 dias após ficar 50 horas à deriva durante pesca em Ubu
Cerca de 40 dias após passar 50 horas à deriva por causa de uma pane elétrica na lancha durante uma pescaria em Ubu, Anchieta, o empresário capixaba Maikel Araújo dos Santos, criador do Macakids, voltou ao mar nesta semana.
A nova saída ocorreu em Marataízes. Ainda abalado pela lembrança do episódio e sem conseguir dormir na véspera, ele decidiu retornar. Ele afirma que o medo continua presente, mas acredita que a sensação deve perder força com o passar dos dias.
“É um recomeço. Ainda sinto um aperto quando lembro do que aconteceu, mas estou tentando seguir no meu tempo. Acredito que o medo vai diminuir e tudo vai voltar a se equilibrar”.
O empresário disse que recebeu críticas pela decisão de voltar ao mar tão rapidamente, mas conta que o apoio foi mais forte.
Segundo ele, a família compreende o quanto a pesca sempre fez parte do seu cotidiano e reconhece o impacto emocional da ausência desse hábito.
“Pesco desde jovem. Quem convive comigo sabe que é triste me ver longe do mar. Isso mexe com meu humor e com a minha disposição. Estar ali me acalma”.
Depois do episódio em alto-mar, Maikel decidiu mudar sua relação com a atividade. O que antes era quase uma rotina semanal passa agora a ocupar um lugar mais leve.
Ele conta que o processo de retorno ainda exige coragem e paciência. Apesar disso, diz que não pretende “romper” com o mar, apenas encontrar um ritmo que não coloque pressão sobre si.
“Eu saía para pescar até três vezes por semana. A partir de agora vou levar de outro jeito, sem cobrança. Minha filha nasce no mês que vem e quero estar mais presente, aproveitar essa nova fase”.
Maikel e o montador de móveis Ronald Menezes desapareceram no dia 28 de setembro. Eles haviam saído para pescar em Ubu, Anchieta, quando a lancha Monkey Sub sofreu pane elétrica e perdeu comunicação e direção.
Os dois ficaram dois dias à deriva. Para sobreviver, comeram peixe cru pescado ali mesmo e racionaram água potável. A dupla foi encontrada no dia 30, no Porto do Açu, no Rio de Janeiro, por uma embarcação a serviço da Petrobras.
“Quero reencontrar a tranquilidade”, diz empresário
A Tribuna - O que passou pela sua cabeça ao voltar ao mar pela primeira vez?
Maikel Araújo dos Santos - A sensação inicial foi de tensão. A lembrança do que aconteceu ainda pesa e o corpo reage antes mesmo de eu perceber.
O que mais marcou durante as horas em que ficou à deriva?
A incerteza. Cada minuto parecia mais longo que o anterior e a ideia de não saber quando seria encontrado mexeu muito comigo.
Alguma mudança imediata depois do susto?
Sim. Passei a enxergar a pesca de outro jeito. Agora quero fazer tudo sem pressa e sem transformar o mar numa obrigação.
O que te deu força para retornar?
Minha família. Eles entendem o quanto a pesca faz parte da minha vida e me apoiaram para que esse retorno fosse feito no meu ritmo.
Houve algum momento em que pensou em abandonar o mar?
Pensei, sim. Nos primeiros dias, achei que nunca mais teria coragem de sair de casa para pescar.
Como a experiência influenciou sua rotina familiar?
Me deixou mais atento a tudo. Estou mais presente, mais cuidadoso. Minha filha vai nascer e isso também mudou minhas prioridades.
O que espera sentir nas próximas saídas ao mar?
Quero reencontrar a tranquilidade. Acredito que, com o tempo, o medo vai dar espaço para a confiança que sempre tive no mar.
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