Adolescente fica em coma após acidente com bike elétrica em Colatina
Bernard Costa, de 14 anos, se chocou contra um muro quando descia por uma ladeira, em Colatina. Ele não estava usando capacete

Um adolescente de 14 anos está internado em estado grave após sofrer um acidente com uma bike elétrica em Colatina, Noroeste do Estado.
Bernard Costa, de 14 anos, se chocou contra um muro quando descia por uma ladeira, no último sábado (4), no bairro Noemia Vitali. Em conversa com a reportagem, o pai do adolescente, o advogado Pedro Costa, contou que Bernard estava com a bicicleta de um amigo.
“Ele e o irmão, que são gêmeos, ganharam uma bike elétrica de aniversário. Mas no sábado ele deixou a bike dele na garagem e pegou a do amigo, que, apesar de ter a mesma idade, é menor e mais magro. Bernard mede 1,70 metro e pesa 70 quilos. Mas a bicicleta do amigo só tinha um freio funcionando. Infelizmente, ele estava sem o capacete”, contou o pai.
O adolescente, segundo Pedro Costa, está na unidade de tratamento intensivo de um hospital particular do município.
“Ele chegou em coma ao hospital, o acidente foi gravíssimo. Os médicos estão sendo atenciosos e cuidando dele. O momento é de esperar, não há outra coisa a se fazer”.
O advogado contou que o adolescente não tinha o costume de andar de capacete. “Nós, pais, sabemos do problema e não exigimos, apenas orientamos”, afirma.
O adolescente sofreu, segundo o pai, um traumatismo poliencefálico. “Os médicos não deram prognóstico e não há indicativo de cirurgia. Agora temos de aguardar para saber o que pode ter ocorrido com o cérebro dele”.
A família está na expectativa pela recuperação do adolescente. “O cérebro é um dos órgãos mais importantes do nosso corpo, e agora temos de aguardar. Não conhecemos muito desse órgão, mas sabemos que ele pode se reorganizar. O Bernard é jovem, saudável. Ele e o irmão gêmeo nunca tiveram problemas de saúde”, afirma o advogado.
Segundo o pai, Bernard – que pratica jiu-jítsu, natação e futebol – sempre foi o filho “mais destemido”, que gosta de aventura. “Ele é forte, muito saudável, e estamos torcendo que isso ajude na recuperação dele, e que ele se recupere o mais rápido possível”.
Oração
Amigos estiveram reunidos no hospital onde Bernard está internado. “Até mesmo desconhecidos foram até ao hospital orar por ele. Bernard é muito extrovertido, por isso ele é muito querido entre os amigos”.
Samu já atendeu 114 vítimas só este ano no Estado
Somente este ano, até o dia 31 de agosto, as equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) atenderam 114 acidentes com bicicletas elétricas no Espírito Santo. A informação foi dada pela coordenação do Samu, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Do total, 97 foram registrados na Grande Vitória sendo 54 em Vila Velha, 22 em Vitória, 12 na Serra, cinco em Guarapari e quatro em Cariacica.
Eduardo Luchi, médico intensivista, destaca que os acidentes com as bikes elétricas têm sido mais frequentes e esperados, já que até alguns anos atrás não havia esse tipo de veículo. “O uso se tornou mais corriqueiro, e com isso temos mais atendimentos e internações”.
O médico ressalta que o uso de capacete é uma das medidas mais importantes para evitar acidentes e gravidade de acidentes. “Geralmente a maior gravidade relacionada a esse tipo de evento está presente em traumas nas regiões da coluna cervical e da cabeça”.
Dependendo do acidente, a vítima, segundo o médico, pode se envolver em uma longa permanência de internação e um longo período de reabilitação. “Além de poder levar a pessoa à morte. É preocupante o uso disseminado desses veículos, especialmente quando a gente não precisa de habilitação para conduzi-los”, alerta o médico.
Ao todo, este ano (de janeiro a agosto), segundo dados do Detran-ES, foram 36 mortes em decorrência de sinistros de bicicletas, sendo que no ano passado, no mesmo período, foram 24 mortes.
Segundo Jederson Lobato, gerente de Fiscalização de Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES), esses acidentes correspondem a todo tipo de bicicleta. “Todo nosso sistema, falando também em nível de Brasil, não separa a bicicleta elétrica da comum”.
De acordo com Jederson, já é possível perceber, principalmente perto de escolas e orlas das praias, que já há mais bicicletas elétricas do que tradicionais. “Quem utiliza esse veículo precisa de respeito às pessoas e às regras de trânsito. E também precisa de atenção, percebendo os riscos ao redor”.
Prevenção
Potência e velocidade
A resolução Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada em julho de 2023, define o que é considerada bicicleta elétrica. A velocidade não pode ultrapassar 32 km/h para circulação convencional e 45 km/h para prática esportiva.
Características do motor
Não podem ter acelerador; devem ter sistema que garanta o funcionamento do motor somente quando o condutor pedalar (pedal assistido).
São movidas por um motor elétrico, localizado na roda traseira ou dianteira, alimentado por uma bateria.
Condutores e circulação
Não é preciso ter habilitação para pilotar bike elétrica. Como as regras são as mesmas para bicicletas convencionais, podem ser conduzidas por menores de idade.
Onde podem circular
Assim como bicicletas convencionais, as bikes elétricas podem trafegar por ciclovias e ciclofaixas.
Se não houver nem uma nem outra, o ciclista deve trafegar pela via urbana, sempre do lado direito, acompanhando o fluxo de veículos.
Só pode circular pelas calçadas se não ultrapassar 6 km/h.
Equipamentos obrigatórios
É preciso ter buzina, retrovisor do lado esquerdo, indicador e o dispositivo limitador eletrônico de velocidade (que pode ser aplicativo de smartphone), sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e dos pedais.
Regulamentação
Segundo o Contran, o órgão responsável por cuidar das ruas e estradas de uma região (como prefeituras ou departamentos de trânsito) é quem decide e estabelece as regras para o uso de ciclomotores, bicicletas elétricas e outros veículos individuais motorizados (como patinetes elétricos) nas vias públicas.
Fonte: Contran.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários