X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Cidades

Promessa de zerar doença genética com dieta é falsa

Afirmação é de especialistas sobre alimentação na gravidez para eliminar chance de bebê ter problemas em genes


Ouvir

Escute essa reportagem

Imagem ilustrativa da imagem Promessa de zerar doença genética com dieta é falsa
Influenciadora Maíra Cardi disse que mudou a alimentação antes da gravidez para “zerar genética de doenças” |  Foto: Reprodução/Instragram

Após as declarações da influenciadora digital Maíra Cardi, que afirmou ter feito uma dieta antes da gravidez para zerar a genética de doenças na filha, especialistas vieram a público esclarecer as alegações.

Eles condenam a fala de Maíra e afirmam não ser possível eliminar doenças genéticas com dieta.

Maíra Cardi, que se autodenomina “empresária do emagrecimento”, afirmou, em entrevista para um programa de TV, que fez, junto ao marido, uma modulação epigenética antes de engravidar.

“Muita gente não sabe o que é, então vou fazer uma explicação leve. É quando você e seu marido mudam a alimentação antes da gravidez para zerar a genética de doenças. Câncer, diabetes, qualquer doença genética vem zerada. Aí o seu filho nasce sem nenhum gene ruim de doenças”, disse ela.

A Sociedade Brasileira de Genética (SBG) e a Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM) garantem que “não existe dieta que zere possíveis doenças genéticas”.

Presidente da Regional Leste da SBG e doutora em Genética, Ana Carolina Simões Ramos explica que os genes deletérios, que podem causar alterações danosas, como doenças, não podem ser retirados e continuam no DNA.  

“Esses genes são passados para gerações futuras. O que pode ser alterado é a expressão desses genes, podendo ser reduzida ou aumentada. Mas até o presente não existem muitos estudos que mostrem isso acontecendo de forma conclusiva em seres humanos”.

Já a médica nutróloga Mariana Comério afirma que, com os alimentos, existe a capacidade de ocorrer uma modulação na expressão genética, ou seja, os genes manifestarem uma doença ou não. 

“Mas não temos capacidade de mudar a genética. Por exemplo, pessoas que têm predisposição a ter Alzheimer, quer dizer que terão a doença? Não. Se tiver um estilo de vida saudável, pode ser que os genes não sejam ativados e não desenvolva a doença, mas não é garantia”, explica a médica.

A nutricionista e colunista de A Tribuna, Gabriela Rebello, destaca que os marcadores epigenéticos que ativam e desativam os genes podem ser influenciados a partir de fatores como a alimentação, medicação, exposição química e até mesmo experiências sociais.

Mãe nasce com dados genéticos de células de reprodução

Apesar de todos os benefícios que uma alimentação saudável pode trazer na gestação, a  Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM) reforça que a alimentação não pode mudar sequência de DNA.

A médica geneticista Rayana Elias Maia salienta que a mãe já nasce com seus ovócitos (células da reprodução femininas) carregando todas as suas informações genéticas. Portanto, é impossível que uma alimentação regulada por seis meses altere algo que impacte o DNA da mãe e passe isso para os seus filhos, segundo a especialista.

Mas, qual o perigo de afirmações como a de Maíra Cardi? A nutricionista Gabriela Rebello pontua que um dos perigos é o risco de gestantes desenvolverem dietas restritivas, acreditando na possibilidade de “zerar” esses genes.  

“Isso pode causar deficiência nutricional e afetar o desenvolvimento do bebê, trazendo consequências para toda vida. Além dos transtornos psicológicos que podem ser desenvolvidos pela gestante”.


SAIBA MAIS


Epigenética

  • É a ciência que estuda a capacidade que o corpo humano desenvolveu para modificar a expressão dos genes de acordo com o ambiente ou estilo de vida que levamos. 
  • Ou seja, ela não estuda alterações na sequência do DNA e, sim, das estruturas que atuam no desligamento e ativação dos genes.

Zerar doenças

  • A Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM) esclarece que não existe dieta que zere possíveis doenças genéticas. A alimentação não pode mudar a sequência de DNA.
  • A presidente da Regional Leste da Sociedade Brasileira de Genética (SBG) e doutora em genética, Ana Carolina Simões Ramos, explica que os genes deletérios, que podem causar alterações danosas, como doenças, não podem ser retirados e continuam no DNA.  
  • Ela afirma que esses genes são passados para gerações futuras. O que pode ser alterado é a expressão desses genes, podendo ser reduzida ou aumentada.
  • A SBG destaca que a epigenética é uma área da genética que envolve o entendimento dos mecanismos e estímulos envolvidos na modulação da expressão dos genes. Trata-se de uma área onde há muitas questões a esclarecer.
  • Afirma ainda que qualquer nova proposta de tratamento ou terapia precisa ser testada com abordagens metodológicas científicas, tratamento estatístico e revisão por pares. Ressalta também que estamos  longe de controlar a maquinaria da regulação da expressão de nossos próprios genes ou dos nossos descendentes.

O que alimentação faz?

  • Segundo a médica geneticista Rayana Elias Maia, da SBGM, a alimentação e outros hábitos de vida podem modular o  epigenoma (conjunto de compostos químicos que regula a atividade genética), influenciando algumas doenças que têm componente genético. Porém, cada gene tem um papel no organismo, e quando ligados ou desligados, podem aumentar o risco ou causar alguma condição.
  • A médica salienta que a mãe já nasce com seus ovócitos (células da reprodução femininas) carregando todas as informações genéticas, portanto, é impossível que uma alimentação regulada por seis meses altere algo que impacte o DNA da mãe e passe isso para os seus filhos.

Fertilização in vitro

  • Segundo o SBGM, nem mesmo o processo de fertilização in vitro com seleção de embriões considerados geneticamente saudáveis é capaz de excluir o risco de doenças genéticas. O estilo de vida dos pais (e não apenas a alimentação) é importante para saúde da gravidez e da criança, mas não tem o poder de mudar o DNA.
  • A médica nutróloga Mariana Comério pontua que são indicados na fertilização dietas, já que vários trabalhos mostram que isso gera uma célula menos inflamada para gerar o embrião e é benéfico durante a gestação, mas não para zerar a chance de doenças genéticas.

Fontes: SBG, SBGM e especialistas consultados.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: