Procura por parto normal cresce entre as grávidas
Recuperação mais rápida após o nascimento do bebê está entre os motivos apontados pelas mulheres
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O Brasil é o segundo país em números de parto por cesariana no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A preferência pelo parto normal, contudo, cresce cada vez mais entre as grávidas.
Maior vínculo entre mãe e filho, recuperação pós-parto mais rápida e bebê mais ativo e saudável são os motivos da mudança, apontam especialistas.
De acordo com o Ibope, em 2018 a preferência pelo parto normal atingiu 76% das entrevistadas. Em 2014, a Fiocruz havia demonstrado que 70% das gestantes desejavam um parto normal no início da gravidez.
Quando bem assistido, em um pré-natal de qualidade, o parto normal é indicado para todas as mulheres com gravidez de baixo risco e sem contraindicações, aponta a médica ginecologista e obstetra Maria Angélica Belonia.
“Vivemos uma cultura cesarista no Brasil, porém há um movimento cultural de resgate da preferência pelo parto normal, que partiu inicialmente das mulheres e, após, da mudança da consciência médica. Hoje, essa preferência se mostra um caminho óbvio para ambos”, explica.
Menor índice de hemorragia, melhor recuperação pós-parto e até aceleração da descida do leite. Os benefícios do parto normal, explica o médico ginecologista e obstetra Fernando Guedes, fazem com que esta via deva ser priorizada pelas equipes de saúde, sempre que possível.
“A via de parto normal deve ser a primeira opção, quando possível. Há benefícios para a mãe e para o recém-nascido. Bebês nascidos por parto normal são mais ativos e respiram melhor quando nascem, por exemplo. A cesárea não é uma cirurgia de pequeno porte. Há alto risco da paciente ter hemorragia”.
Conscientização
O ginecologista e obstetra analisa, ainda, que as campanhas de conscientização sobre o parto, como o Movimento Parto Adequado, realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), influenciam a preferência crescente pelo parto normal.
“Há um trabalho de conscientização, ao longo dos anos, para difundir informações adequadas e de qualidade sobre os partos. Isso questiona a epidemia de cesáreas e faz com que a preferência pelo parto normal cresça entre as gestantes”, observa.
benefícios
A micropigmentadora de sobrancelhas Tamires Lourenço, de 29 anos, a administradora Mariana Lugon Santos, 31 anos, e a terapeuta holística Michele Côgo, 38 anos, são gestantes e priorizam o parto normal e humanizado para o nascimento de seus filhos.
A escolha se deu, segundo as futuras mamães, principalmente por evidências científicas dos benefícios desse tipo de parto e para criar, desde o primeiro momento, um maior vínculo com os bebês.
Assistência humanizada
A médica veterinária Gabriela Zorzal Biancardi, 40, já é mãe de Murilo, de 6 anos, e Matias, de 3 anos. Grávida de 28 semanas, ela pretende realizar o parto normal, como nas outras gestações.
Gabriela aponta que, desde quando teve o primeiro filho, já buscava a assistência humanizada e fez um plano de parto.
“A assistência humanizada nos coloca como protagonistas. Desta vez, na terceira gestação, penso em um parto domiciliar”, afirma.
Fique por dentro
Tipos de parto
- Parto normal: É o parto em que o bebê nasce pela via vaginal e sem cirurgias. É possível que haja intervenções medicamentosas, como anestesia ou analgesia, e até médicas, como o rompimento artificial da bolsa amniótica.
- Parto natural: É um parto normal, ou seja, o bebê nasce pela via vaginal. Não há, contudo, qualquer intervenção médica ou medicamentosa desde o momento em que a gestante entra no hospital. São utilizados métodos naturais para alívio da dor, como variações de posições e massagens, por exemplo.
- Cesariana (ou cesárea): É um procedimento cirúrgico, de alto porte, em que é feito um corte no abdômen da mulher para a retirada do bebê. O procedimento pode ser feito de forma planejada, seja por escolha da mãe, seja por indicação médica devido a alguma condição de saúde, seja por fatores emergenciais durante o parto normal, que colocam a vida da mãe e do bebê em risco.
- Parto humanizado: É uma perspectiva de assistência à mulher e ao bebê que tornam o parto menos intervencionista e mais acolhedor, independentemente da via em que ele ocorre, ou seja, via normal ou via cesárea. Há protagonismo da mulher durante o parto, considerando aspectos psicológicos, com base em evidências científicas. Métodos terapêuticos, como música relaxante, massagem, técnicas de agachamento e utilização da bola de ginástica, são comuns em partos humanizados, caso seja desejo da mãe. Envolver a participação do pai durante toda a chegada do bebê ao mundo, desde o acompanhamento à gestante a chamá-lo para cortar o cordão umbilical, também é comum em partos humanizados.
Direitos da gestante
- A Lei do Acompanhante, de âmbito federal, garante às gestantes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto imediato no Sistema Único de Saúde (SUS). O direito estende-se, também, à rede privada. O acompanhante é de escolha da gestante.
Fonte: Especialistas consultados.
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