“Pressa e intolerância são os maiores desafios no trânsito”, avalia motorista
Dia do Motorista é comemorado nesta quinta (25). Entenda como surgiu a data
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Há quase 12 anos Eduardo Rosa de Souza, de 45 anos, se tornou motorista profissional. Ele, que tirou a carteira quando ainda tinha 18 anos, viu diversas mudanças acontecerem no trânsito ao longo do tempo.
Eduardo é um dos 1,7 milhão de condutores habilitados no Espírito Santo, segundo dados do Observatório de Trânsito. O Dia do Motorista é celebrado hoje. Mas será que há o que comemorar?
“Acredito que hoje a pressa e a intolerância são os maiores desafios dos motoristas. Vemos as pessoas com acúmulo de funções, sempre com muita pressa. Chama atenção a falta de educação dos motoristas, que estão mais agressivos. Por isso existem tantas regras no trânsito”, analisa.
Ainda assim, a paixão pelo volante fez Eduardo se manter na profissão, mesmo sendo advogado e tendo sido aprovado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Formei em 2020 e em 2021 passei na OAB. Ainda assim continuo trabalhando como motorista e agora atuo também na área trabalhista e de família. A minha intenção é poder também aplicar a advocacia dentro da empresa”, conta.
A dedicação pela profissão fez com que Eduardo, que atua na Viação Praia Sol, ganhasse uma recente promoção.
“Estou mudando de função na empresa para ser instrutor de novos motoristas e para treinar os que já estão aqui”.
Eduardo conta que muita coisa mudou no trânsito ao longo desses 27 anos em que dirige.
“Na minha época não tinha obrigação de passar por uma autoescola. Poderia escolher uma pessoa como instrutor e tinha a permissão de, no carro dela ou no meu, ser treinado como aluno, sendo que a prova era nesse carro”.
Eduardo escolheu o pai para ensiná-lo. “Passei de primeira. Logo depois, comprei meu primeiro carro, um Volkswagen Passat”, recorda.
Aplicativos
Uma profissão em crescimento no Brasil e no Estado são os motoristas por aplicativos. Segundo Estatíticas do IBGE, referente a 2022, o Brasil tinha 1,5 milhão de pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços, o equivalente a 1,7% da população ocupada no setor privado. Desse total, 52,2% (ou 778 mil) exerciam o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros.
Como surgiu a data?
A data de 25 de julho como o Dia do Motorista no Brasil está ligada a uma figura religiosa: São Cristóvão. Ele é considerado o padroeiro dos motoristas e viajantes em geral.
A tradição popular o associa a um gigante que carregava viajantes nos ombros, atravessando rios. Em uma dessas jornadas, diz a lenda que carregou um menino que pesava como o mundo, e se revelou como ser o próprio Jesus. Daí seu nome: aquele que carrega Cristo.
Com o passar dos anos, essa imagem foi associada aos motoristas, que também “carregam” pessoas e mercadorias em seus veículos.
Estado tem 27.539 novos motoristas nas ruas
Até o momento, o Estado registrou 27.539 novos motoristas habilitados neste ano, de acordo com dados do Sistema Integrado de Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES).
No ano passado foram 52.153 novos condutores habilitados e, em 2022, 55.388.
O presidente da Comissão Estadual de Direitos de Trânsito da OAB-ES, Everson Vieira de Souza, especialista em Direito de Trânsito, tem algumas recomendações aos novos motoristas:
“Sempre que possível, saia mais cedo para não querer compensar o atraso no acelerador, fique atento à sinalização, redobre a atenção, pratique a direção defensiva, não aceite provocações no trânsito e cuide da manutenção preventiva do veículo”.
Na avaliação do especialista, o trânsito em condições seguras é um compromisso coletivo.
“A segurança viária é uma pauta urgente. Precisamos de educação de trânsito de qualidade, convocar todos os setores da sociedade civil e órgãos de trânsito para promover uma grande reflexão sobre o número de vidas perdidas no Brasil”, frisou.
O diretor de Segurança no Trânsito do Detran-ES, Fernando Stockler Simões, chama atenção para o fato de que a maioria dos sinitros (acidentes) de trânsito — cerca de 90% — ser por culpa do condutor.
“Seja por falta de manutenção preventiva do veículo, por uma conduta não cautelosa, que não respeita a legislação, como dirigir alcoolizado. São acidentes que poderiam ser evitados, caso o condutor adotasse uma medida mais prudente”, ressaltou.
Para tentar reduzir o mau comportamento no trânsito, Fernando destaca que projetos estão sendo desenvolvidos nas escolas.
“Estamos trabalhando com um projeto piloto em uma escola estadual de Vitória para alunos do terceiro ano do ensino médio, para tentar fazer com que esse público, que está em vias de obter sua primeira habilitação, saia mais consciente e qualificado”.
Só em maio, o diretor aponta que ocorreram 109 mortes no trânsito, quase o dobro de homicídios.
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