Poder da fé: mulheres lideram ações em igrejas para unir famílias
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As mulheres representam muitos movimentos e levantam bandeiras importantes sobre aquilo que creem e defendem. E não é diferente quando o assunto é a família. Elas assumem a liderança e comandam grupos nas igrejas para garantir união e felicidade nos lares.
São grupos que se unem em ações que vão desde as pessoais, como a oração pelos membros, até as sociais, como arrecadação de alimentos, itens de higiene pessoal e material escolar.
Na maioria das vezes, as reuniões começam de maneira tímida e tomam proporções enormes.
É o caso do movimento “Mães que Oram pelos Filhos”, da Igreja Católica. O grupo foi fundado em 2011 pela professora e consultora empresarial Angela Abdo, de 64 anos, na Paróquia São Camilo, na Mata da Praia, Vitória, depois que a filha pediu que a mãe rezasse por ela e pela cunhada.
“No início, éramos apenas cinco mulheres que rezavam pelas intenções dos filhos, netos, genros e noras. Permanecemos assim por quatro anos. Depois passamos a ser 20, e agora somos mais de 100 mil, em 1.500 grupos no Brasil, Alemanha, Japão, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos”, salientou.
Segundo Angela, o grupo virou um movimento mundial. Ela está escrevendo seu 12º livro sobre o tema e acredita que a necessidade da restauração das famílias foi a grande impulsora para que o grupo ganhasse essa proporção.
“O bonito é que muitas mães não tinham tempo para Deus. Todas nós trabalhamos, temos as nossas obrigações. Mas, pelo filho, a mãe vai”, afirmou.
Para a empresária Aline Eisenlohr, 43, a oração traz paz e equilíbrio para as famílias. “A gente vê muitas famílias restauradas através da iniciativa de uma mãe de ter feito a parte dela em oração pelos filhos”, disse.
Já a arquiteta Cristiane Machado Xavier, 43, contou que a relação com o marido e os filhos melhorou depois que passou a participar do grupo. “Minha família foi transformada e hoje somos mais unidos. O nosso vazio foi preenchido”.
Na Paróquia São Camilo, da Mata da Praia, o grupo se reúne sempre às quartas-feiras, das 18h30 às 20h30. Qualquer pessoa pode participar. No site maesqueorampelosfilhos.com, os interessados podem consultar endereços e horários de outros grupos.
Outros movimentos religiosos femininos
Atuação como mediadoras das questões familiares

O protagonismo da mulher em diversos setores sempre se torna tema de estudos por todo o mundo. Embora ainda sejam cercadas de preconceitos, as mulheres viram chefes de Estado, presidentes de sindicatos e associações e donas de grandes empresas, entre tantas outras funções. O antes chamado “sexo frágil” ganhou força e hoje comanda importantes grupos, inclusive na igreja.
A mestre em Sociologia Política Valéria Barros comentou que a mulher exerce o papel de mediadora da família.
“Em linhas gerais, as mulheres são mais voltadas para a religião, onde são a maioria. Esse protagonismo atribui a elas um certo empoderamento, pois talvez não tivessem a chance de assumir um papel de centralidade em outros setores”.
De acordo com o sociólogo Marcelino Marques, o protagonismo da mulher como liderança começou a ganhar destaque nos anos 1980.
“Está acontecendo um fenômeno mundial em que a mulher realmente vem tomando liderança não só nas questões políticas e religiosas. O protagonismo juvenil, por exemplo, virou moda. As mulheres se tornaram mais independentes e mais livres”, avaliou.
Para o doutor em Ciências da Religião Edebrande Cavalieri, as mulheres têm uma atuação e uma presença muito marcante na história das igrejas e religiões, apesar de ainda não terem o lugar mais adequado em termos de direção.
“A última pesquisa do Instituto Datafolha sobre o tema mostrou a presença maciça das mulheres, principalmente nas igrejas evangélicas. A presença ativa é de importância fundamental e pode ser explicada pela maior preocupação com a educação dos filhos. Um dado que não se pode desconsiderar é que o comando das igrejas ainda é mais masculino”, explicou.
Valéria Barros acabou de defender um estudo voltado para a participação das mulheres na Igreja Universal do Reino de Deus. Segundo ela, baseada em dados do IBGE, as mulheres representam 60% dos membros da igreja.
“Ainda que não possam atuar em cargos de liderança eclesiástica, as mulheres atuam ativamente na busca pela preservação da família, apreendida como heterossexual, na luta contra o divórcio, no controle da natalidade, na apreensão da submissão aos maridos e responsáveis por atrair os outros membros da família à igreja”, explicou a pesquisadora.
SAIBA MAIS Horários e locais de reunião dos grupos
- Mulheres de Honra
O grupo se reúne todas as quartas-feiras, às 19h30, na Assembleia de Deus Nova Vida de Morada de Laranjeiras, Serra.
- Mães que oram pelos filhos
Na paróquia São Camilo, Mata da Praia, Vitória, sempre às quartas-feiras, das 18h30 às 20h30.
No site maesqueorampelosfilhos.com, os interessados podem consultar endereços e horários de outros grupos.
- União Feminina Missionária
Somente membros da Igreja Batista participam. Interessados podem procurar a igreja mais próxima para conhecer as regras.
- Ministério da Intercessão
Somente membros da Igreja Batista Filadélfia, em Consolação, Vitória, participam.
- Voluntários da Missão
Dias, horários e locais variados, de acordo com a programação da igreja. Interessados podem buscar informações na Missão, na Praia da Costa.
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