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Cidades

Pimenta colhida no Estado conquista Europa e Índia


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Imagem ilustrativa da imagem Pimenta colhida no Estado conquista Europa e Índia
Erasmo Negris, 51 anos, produz pimenta-do-reino em São Mateus. “Nossa família planta pimenta há mais de 50 anos. Meu pai plantava e hoje meu filho também. É atividade tradicional” |  Foto: Divulgação

Em busca do caminho das Índias — uma nova rota para abastecer o Velho Continente com especiarias —, o navegador italiano Cristóvão Colombo chegava à América em 1492, na descoberta do novo continente pelos europeus. Entre esses condimentos, estava a pimenta-do-reino.

Os séculos passaram e o tempero segue sendo uma exigência entre os apreciadores do sabor picante. Mas, agora, é o Espírito Santo que produz e vende a especiaria, inclusive, para a Índia e a Europa.

Maior produtor e exportador de pimenta-do-reino do Brasil, o Estado vende o produto a 65 países em cinco continentes. Porém, mais de 100 nações consomem a especiaria produzida em terras capixabas, segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

Entre os compradores estão os europeus como Itália, Alemanha, Portugal, Espanha e França. Já na Ásia, além da Índia, de onde o tempero se origina, integra a lista de compradores o Vietnã, maior produtor mundial do condimento.

“A Índia, apesar de ser um dos maiores produtores do mundo, precisa importar. Lá o consumo é em larga escala, já que a pimenta faz parte de uma tradição culinária muito forte. O país não atende à demanda interna com produção própria”, disse o engenheiro agrônomo e extensionista do Incaper João Henrique Trevissani.

Já sobre o Vietnã, o agrônomo do Incaper e especialista em Administração Rural, Enio Bergoli, explicou: “Nossa pimenta é de qualidade e o Vietnã compra para reexportar.”

Diferencial

Foi em 2018 que o Estado assumiu o posto de maior produtor, superando o Pará. Naquele ano, enquanto o estado ao Norte do País produziu 33.657 toneladas, o Espírito Santo chegou a 60.425. Para este ano, a estimativa de produção é de 67,5 mil toneladas.

O diferencial está na produtividade capixaba. Acostumados com certo nível tecnológico, devido ao cultivo de café e mamão, por exemplo, os produtores conseguiram produzir quase o dobro do que o Pará, com praticamente a mesma área plantada, segundo Bergoli.

O presidente da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), Tomas Batista Silveira, disse que a pimenta chegou a custar R$ 30 o quilo, o que estimulou o plantio, contribuindo para aumentar a produção — hoje custa cerca de R$ 10.

Cultivo há duas gerações

Erasmo Negris, 51 anos, produz pimenta-do-reino em São Mateus. “Nossa família planta pimenta há mais de 50 anos. Meu pai plantava e hoje meu filho também. É atividade tradicional”.

Negris vende toda a produção para a Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), que presta o serviço de exportação.

“Hoje, temos cerca de 15 mil pés, sendo 5 mil em produção e 10 mil em formação. Colhemos em torno de 15 mil quilos por ano”, detalha.

Plantio comercial teve início com mudas do Pará

No Espírito Santo, a pimenta-do-reino passou a ser plantada em larga escala em 1970, por Dário Martin (1919-2012). Dono da fazenda Lagoa Seca, que fica entre São Mateus e Nova Venécia, ele iniciou o plantio com a ajuda de seus 11 filhos, com mudas trazidas do Pará.

“Dário é meu avô. Hoje, sou a terceira geração da família que cuida da fazenda dele”, contou Ana Paula Martin Machado, 46 anos, administradora e produtora rural. Ela explicou que seu avô criou o primeiro viveiro de pimenta-do-reino no Estado e começou a vender as mudas.

“Ele era um visionário. Teve mais de 50 mil pés de pimenta-do-reino. Hoje, a Lagoa Seca é especializada em produzir especiarias (pimenta-do-reino, pimenta Jamaica e pimenta rosa) e também a noz macadâmia”. Ela detalhou que atualmente a fazenda possui 7 mil pés de pimenta-do-reino e que a plantação está sendo renovada.


SAIBA MAIS


Destaque no País

  • O Espírito Santo é o maior produtor de pimenta-do-reino no Brasil. Está à frente dos outros estados com uma margem considerável de produção.

Distribuição

  • Em 2015, um total de 23 municípios produziam a especiaria no Estado. Naquele ano, a área colhida foi de 3.998 hectares, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geogrtafia e Estatística (IBGE). Hoje, são cerca de 12 mil produtores trabalhando na atividade.
  • Este ano já são 45 municípios atuando no setor. A área colhida é de 17 mil hectares, segundo estimativa do Incaper.
  • O Instituto calcula também que a produção deste ano chegará a 67,5 mil toneladas. Em 2015, era de 13,8 mil toneladas.

Características

  • A cultura do condimento é típica de clima quente e úmido, desenvolvendo-se bem em altitudes de até 500 metros. A planta “gosta” de temperatura média, entre 23ºC e 38ºC, e umidade relativa entre 70% e 88%. Do Norte, o plantio foi expandido para outras regiões quentes do Estado e já está presente em 45 dos 78 municípios capixabas.

Utilidade

  • A pimenta-do-reino é versátil, podendo ser usada na culinária como tempero e nas indústrias farmacêutica e cosmética com seus óleos essenciais.
  • Antes disso, seu principal uso era outro. No século XV, foram as especiarias que motivaram as grandes navegações em busca do caminho das Índias. Na época, sem nenhuma forma de refrigeração, a pimenta era usada – somada ao sal e a outros temperos – para conservar as carnes e melhorar o sabor dos alimentos.

Plantio e colheita

  • A especiaria é plantada durante o ano todo no Estado, pois toda a lavoura é irrigada.
  • Já em relação à colheita, a safra é entre dezembro e março. Entre julho e agosto há uma em menor escala.

Variedades

  • O Estado já possuiu cinco variedades da pimenta-do-reino. Hoje, tem duas: a Bragantinha, que corresponde a cerca de 90% do plantio, e a Kotanadan do Broto Branco – uma variedade cujo registro ainda não foi devidamente homologado no Ministério da Agricultura.

Certificação

  • Os produtores estão trabalhando para a identificação da pimenta-do-reino produzida no Norte do Estado como Pimenta Norte do Espírito Santo. É uma certificação que comprova que aquela pimenta é única no mundo e tem características próprias.
  • O documento já foi protocolado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). A expectativa é que até dezembro consigam realizar esta etapa.

Exportação

  • Cooperativas e empresas exportadoras compram a pimenta dos produtores e levam para as próprias fábricas, onde fazem o processamento e embalo em sacos de ráfia de 25 e 50 quilos. Após, trazem até Vitória para serem exportados.
  • A exportação brasileira este ano, considerando até o mês passado, foi de 78.671 toneladas. A participação do Espírito Santo foi de 54,7%, com 43.190 toneladas. A do Pará foi 18%, com 14.160 toneladas, e a da Bahia foi de 15%, com 11.800 toneladas, segundo o Ministério da Economia.

Fonte: Rolando Martin, presidente da Associação Capixaba dos Exportadores de Especiarias, Incaper e produtores rurais.

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