O que é chique e o que é gafe nas festas de casamento
Especialistas ouvidos por A Tribuna alertam para “brincadeiras” que podem gerar mal-estar entre os convidados
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Uma “brincadeira” no casamento do influenciador Buzeira ganhou as redes sociais nesta semana. O evento, que aconteceu no último sábado, contou com a tradicional “brincadeira da gravata” e gerou desconforto. Joias, relógios e outros itens de luxo foram “doados” pelos convidados. Segundo o próprio Buzeira, os objetos arrecadados totalizam cerca de R$ 10 milhões.
O influenciador Hytalo Santos desabafou nas redes sociais, disse que se sentiu incomodado e teve uma crise de ansiedade após perder uma pulseira de R$ 250 mil com a dinâmica. “Brincadeira é só quando todo mundo brinca, eu não estava a fim de brincar”, disse ele, que saiu da festa após o ocorrido.
A “brincadeira da gravata”, em que pedaços da gravata do noivo são vendidos aos convidados, é uma tradição em muitas festas, porém especialistas alertam que, dependendo de como são feitas, algumas “brincadeiras” podem gerar mal-estar entre os convidados.

“O casal tem o direito de personalizar a festa, mas é essencial lembrar que os convidados são parte da celebração. Quando um convidado diz que teve crise de ansiedade após ser abordado, é sinal claro que o limite entre brincadeira e desrespeito foi ultrapassado”, analisa a cerimonialista Anielle Lemos.
Carolina Krauz, também cerimonialista, aconselha que o ideal é avisar sobre o que está acontecendo, com bom humor, no microfone ou com uma plaquinha, para que fique claro que é opcional e participa quem sentir vontade.
Layza Gabriceli, cerimonialista, afirma que a “operação lua de mel”, como é chamada a arrecadação durante a festa, já foi muito constrangedora no passado, mas isso mudou bastante.
“Os convidados já estão mais preparados para esse momento e os noivos muito mais conscientes. Muitos casais têm optado por rifas criativas, com brindes como cestas com uísques e chocolates, entre outras ideias divertidas”.
Carla Brunelli, cerimonialista, costuma levar os clientes a pensarem se realmente querem usar de tais práticas e, àqueles que optam por fazê-lo, “oriento que responsáveis por passar a gravata, por exemplo, não sejam insistentes e se limitem aos mais íntimos dos noivos, para não constranger que não quiser aderir à 'brincadeira'”.
Chique ou gafe?
Tratar bem os convidados - Chique
Casamento é uma celebração, não um espetáculo. O cuidado com os noivos deve vir acompanhado de empatia com os convidados.
Respeitar limites, evitar constrangimentos e prezar por leveza e acolhimento são sinais claros de elegância. Afinal, todos ali estão para comemorar, não para serem testados.
Cobrança disfarçada de brincadeira - Gafe
Brincadeiras como o “corte da gravata” ou a “operação lua de mel” podem ser vistas com desconforto quando mal conduzidas.
Convidados sendo abordados de forma invasiva, pressionados a doar dinheiro ou marcados com adesivos onde são classificados como “pão duro” beiram o desrespeito.
Quando há insistência, a diversão se transforma em constrangimento, o oposto do que se espera de uma festa de amor.
Abordagens leves - Chique
Se o casal optar por manter tradições como o corte da gravata, vale avisar de forma clara e divertida, seja com plaquinhas ou uma fala ao microfone.
Lembrancinhas como chaveiros ou ímãs em troca da contribuição tornam o momento mais simbólico e menos comercial.
A condução feita por alguém carismático, como um padrinho ou amiga próxima, também ajuda a manter o clima descontraído.
QR Code do Pix invasivo - Gafe
Embora o Pix tenha se popularizado, espalhar QR Codes por todas as mesas pode soar como pressão financeira. Muitos convidados já arcam com presentes, trajes e deslocamento.
A “sugestão” acaba parecendo obrigação. Se houver chave Pix, o ideal é colocá-la de forma discreta no site do casal ou em mensagens gentis deixadas nas mesas, jamais como imposição.
Liberdade e bom senso no dress code - Chique
Estabelecer um código de vestimenta é aceitável, mas impor cores específicas pode ser problemático. Nem todos se sentem confortáveis ou têm acesso à roupa exigida. A elegância está em orientar, não forçar.
É possível sugerir tons ou estilos sem excluir quem quer apenas comemorar com o coração leve — e dentro do que pode.
Discrição com a lista de presentes - Chique
É comum que casais organizem listas de presentes, mas informar isso já no convite oficial pode parecer interesse demais.
O ideal é anexar um cartão à parte, indicando com sutileza o site da lista ou formas alternativas de contribuição. Discrição é sinônimo de sofisticação.
Passar dos limites - Gafe
Brincadeiras forçadas, cobranças públicas, adesivos ofensivos ou qualquer atitude que exponha os convidados negativamente quebram a harmonia da festa.
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