Novo Enem vai ter provas diferentes para cada área
Proposta do Conselho Nacional de Educação para exame de 2024 leva em conta a reforma do ensino médio
Escute essa reportagem
Com mudanças importantes acontecendo na Educação, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também vai ser reformulado. A partir de 2024, estudantes devem fazer provas diferentes por áreas de conhecimento, além de questões discursivas.
Atualmente, o Enem conta com 180 questões de múltipla escolha, além de uma Redação, que são aplicadas em dois dias.
As mudanças para o novo Enem estão nas diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE), aprovadas por unanimidade na última segunda-feira, 14.
As novas regras levam em consideração a reforma do ensino médio, que começou a ser implantado este ano para alunos do 1º ano. O texto seguirá para homologação no Ministério da Educação (MEC).
Com as mudanças, os candidatos farão uma prova de formação básica geral, de caráter interpretativo, e uma segunda etapa em que serão avaliadas as áreas de conhecimento que o aluno deseja seguir.
Quando se inscrever no Enem, o candidato deverá escolher uma entre quatro áreas para fazer a prova: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, e Ciências Humanas e Sociais.
Caberá ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) construir as matrizes de referência das duas etapas da prova. É a partir das matrizes de conhecimentos que as questões são elaboradas.
Essas matrizes devem ser construídas ainda este ano. A ideia é que a primeira etapa da prova tenha entre 80 a 90 itens, no total. Ainda não há decisão sobre o tamanho da prova da segunda etapa (por área), mas a ideia é que parte das questões seja discursiva.
O coordenador do Ensino Médio da Escola Monteiro, Elio Serrano, frisou que o parecer do CNE já era esperado, diante da mudança do ensino médio.
Para a diretora pedagógica do Ensino Médio do UP, Beatriz Magnoni, a grande mudança é a inclusão de questões discursivas.
“Os alunos teriam a oportunidade de estudar com maior profundidade os conteúdos relacionados a sua área de interesse, de acordo com o curso de graduação que pretendem fazer. Isso torna o ato de aprender muito mais atrativo”, opinou.
Escolha por disciplinas específicas
Com um ensino médio cheio de mudanças, os estudantes Victoria Antunes, 15, Alice Polese Teixeira de Carvalho, 15, e Gabriel Medeiros Ferraz, 15, estão no primeiro ano e já gostam da experiência com o currículo mais flexível e a possibilidade de disciplinas eletivas.
“Vou optar pela área de Ciências da Natureza, mas ainda estou definindo o curso. Nessa escolha, as eletivas ajudam muito”, afirmou Alice.
Para Gabriel, a expectativa é que o Enem de 2024 seja uma prova mais leve, já que o aluno vai se aprofundar nas áreas que cada aluno tem preferência e interesse.
Ele acrescentou que a experiência do novo ensino médio é boa. “Tem sido bom ter as aulas de projeto de vida, para se conhecer melhor”.
O QUE MUDA
Novo Enem
- Criado há mais de 20 anos no País, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai passar por mudanças nos próximos anos.
- O motivo é que, com a reformulação do ensino médio, que começou a ser implementado para a 1ª série, os alunos terão um currículo mais flexível e voltado para a área de conhecimento que cada estudante pretende seguir.
- A ideia é que o novo Enem seja realizado em 2024, quando os alunos que estão ingressando na 1ª série este ano irão fazer o Enem (no 3º ano).
Parecer do CNE
- O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou na última segunda-feira, 14, um parecer que define mudanças no Enem a partir de 2024.
- O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta terça,feira, 15, que as recomendações aprovadas pelo CNE ainda precisam passar pelo Ministério da Educação (MEC) para terem validade.
- O ministro informou que as mudanças do parecer “estão sendo debatidas” em um grupo de trabalho do qual o CNE faz parte.
O que diz o documento
Etapas
- 1ª etapa: Redação, perguntas de formação geral (sem divisão por disciplina, cobrando habilidades voltadas principalmente para interpretação, pouco conteudista).
- 2ª etapa: perguntas específicas da área de conhecimento escolhida pelo estudante (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens ou Matemática), também sem enfoque conteudista, segundo habilidades e competências desenvolvidas.
Número de questões
- Não ficou definido no parecer quantos itens vão compor cada etapa. A construção das matrizes de referência da prova, que vai permitir a elaboração das questões, caberá ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável por aplicar o Enem.
Discursivas
- O parecer do CNE ainda estabelece que a avaliação no segundo dia deve passar a ter questões de múltipla escolha, além de discursivas.
- Os detalhes, no entanto, serão definidos pelo Inep.
- Atualmente, o Enem é composto por 180 questões das 4 áreas do conhecimento e uma Redação. Todos os itens são de múltipla escolha.
Cursos
- Para o ingresso nas universidades e faculdades, cada instituição de ensino superior deve escolher os cursos que são abrangidos por cada área.
- Já é consensual que o modo de correção continue sendo pela Teoria de Resposta ao Item (TRI), que avalia se o candidato teve desempenho coerente ao longo do exame.
- Ainda não está decidido se cada candidato terá a opção de fazer mais de uma prova na segunda etapa do novo Enem ou se terá de escolher apenas uma.
Datas
- Ainda não foi definido se as provas continuarão a ser aplicadas em dois domingos, como ocorre hoje, e se todas as provas da segunda etapa vão ser feitas simultaneamente. Essa dúvida deve ser esclarecida pelo Inep após a conclusão dos debates.
Fonte: Conselho Nacional de Educação (CNE) e agências O Globo e Folha.
Comentários