"Não parecia estar bem", diz pesquisador sobre Orca encontrada morta no ES
Animal foi visto com vida um dia antes de aparecer morto em praia da Serra
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Uma orca, que é o maior membro da família dos golfinhos, foi encontrada morta, na manhã desta terça-feira (20), na praia entre Costa Bela e Nova Almeida, na Serra. De acordo com Lupércio Araújo Barbosa, pesquisador e fundador do Instituto Orca, o animal é o mesmo que foi avistado, ainda em vida, por mergulhadores próximo aos corais, em Nova Almeida, nesta segunda (19).
Em entrevista ao Tribuna Online, ele explicou que sua equipe está fazendo o resgate do animal, que parece ser um adulto jovem, junto com o Instituto Baleia Jubarte. Os dois são responsáveis pelo monitoramento de encalhes na região do Espírito Santo da Rede de encalhes (Remase), junto ao Ibama.
"Não temos dúvida de que é o mesmo animal. Quando vimos o vídeo, ontem, já percebemos que ele dava a aparência de que estava com problema, porque essa espécie não se aproxima da linha de costa e nem se permite tocar daquela forma", disse Lupércio.
Agora, o instituto espera conseguir recolher o mamífero a tempo, para que sejam feitos os exames necessários e necropsia em Guarapari, na sede do Orca. "Tem todo um processo para recolher o animal, porque ele é pesado, cerca de duas toneladas. Então dependemos de máquinas, caminhão. E tudo tem que ser o mais rápido possível, para que o material não deteriore e consigamos fazer os exames", explicou.
Também ao Tribuna Online, o mestrando em biologia animal na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Daniel Gosser Motta explicou que as orcas são animais extremamente inteligentes, assim como todas as espécies de golfinhos.
Por isso, "a aproximação da embarcação demonstra que ela realmente não estava bem, pois é muito raro isso acontecer. Além de que parecia que ela estava sozinha, sendo que são animais que ficam em grupo", afirmou.
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Momento em que os mergulhadores encontram a Orca no mar de Nova Almeida:
Segundo caso
De acordo com Lupércio, esse é apenas o segundo caso de morte de Orca no Espírito Santo. "O primeiro foi em 2014, em Anchieta, que passou por um processo parecido. Ele vinha e tentava encalhar na areia e a gente voltava com ele pro mar, mas ele encalhava de novo, até que ele não aguentou e apareceu morto. Nós recolhemos o corpo, fizemos os exames e, depois de dois anos, descobrimos que ela estava com um vírus, que causou pneumonia, meningite".
Segundo ele, essa espécie não tem hábitos migratórios. "São animais de águas temperadas ou frias, não são normais em águas tropicais. Mas isso não quer dizer que eles não aparecem por aqui, só que não é a área de distribuição deles".
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