Moradores relatam medo após terremotos em Pancas: "Não consegui dormir à noite"
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O medo e a apreensão foram sentimentos que tomaram conta dos moradores do distrito de Lajinha, na cidade de Pancas, Noroeste do Estado, durante a noite de terça-feira (13), após o local registrar um terremoto de magnitude preliminar 1.4 foi registrado pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira, operadas pelo Centro de Sismologia - USP, às 20h14.
Esse foi o terceiro tremor de terra registrado na região em menos de dois meses. Por essa razão, teve morador que não dormiu por conta da preocupação com os abalos, que foram sentidos por eles ao logo da madrugada desta quarta (14). Esses tremores, porém, não foram registrados oficialmente pela Defesa Civil Municipal, mas são investigados por geólogos.
A comerciante Ivone Hachbart Favoretti, de 50 anos, contou que estava no interior do município, quando ocorreu o terremoto às 20h14 e por isso não ouviu o estrondo relatado pelos moradores.
"Depois que cheguei em casa, lá pelas 21 horas, vi que algumas coisas no supermercado onde trabalho tinham caído da prateleira. Depois da meia-noite, teve mais umas explosões bem profundas na terra, foram de quarto a cinco vezes. A última foi por volta de 3h20. Foi bem assustador e eu mesma não consegui dormi de novo. Eu tentava dormi e já dava outro estrondo e aí, não tem como dormir", relatou ela.
Os tremores durante a madrugada, segundo ela, foram menores do que o primeiro da noite.
Esses abalos também foram sentidos pelo comerciante Reinaldo Dias de Carvalho, de 39 anos. "Tem gente que vai mudar de casa, que vai vender tudo e vai embora, porque fica com medo de abrir a terra", afirmou ele, que já acreditava se tratar de um terremoto quando escutou o estrondo às 20h14.
Apesar do distrito registrar o terceiro tremor de terra em dois meses, há quem viveu a experiência de passar pelo primeiro terremoto na noite de terça. A lojista Marianne Schumacher, 18 anos, mora com duas amigas em uma casa em Lajinha e foi pega de surpresa junto com elas pelo estrondo forte causado pelo terremoto.
"Saiu todo mundo correndo desesperado, achando que tinha batido algum carro na casa, porque tremeu tudo. A casa tremeu. Quando chegamos na porta de casa estava todo mundo do lado de fora querendo saber o que aconteceu", relatou.
Para ela, foi tudo muito estranho e a volta para dentro da residência, após o abalo deixou ela e as amigas apreensivas. "Deu para sentir [a casa balançando]. Tem uma parede do lado de fora da casa e deu para ouvir um pedaços do reboco que caíram".
Alarme de carro disparou
O pastor Luiz Gustavo Raimann, 57 anos, fez o atendimento em uma congregação e voltou para casa após o dia de trabalho para descansar, na noite de terça. Na cozinha, estava a esposa dele e ele se sentou na sala para assistir a televisão. Foi nesse momento que um forte estrondo aconteceu na residência.
"Saí correndo para saber se tinha acontecido alguma coisa com minha esposa. A gente já pensa em algo ruim, mas era o estrondo do abalo e isso deu um susto", confessou.
Por morar em uma parte mais alta do distrito, o pastor disse que não sentiu a casa tremer, apenas ouviu o barulho do tremor de terra. Quem viu movimentação na residência foi o filho dele, o professor Leonardo Raimann, 27 anos.
"É difícil explicar. É uma sensação diferente, mas a gente sente a própria vibração. Até a porta da minha casa balançou", revelou ele.
Abalos da madrugada não foram registrados oficialmente
Embora alguns moradores tenham relatado que outros tremores menores ocorreram pela madrugada desta quarta (14), a Defesa Civil de Pancas informou que oficialmente foi registrado apenas o terremoto de 20h14, de terça. "Alguns moradores relataram que ocorreu, mas uns dizem que não sentiram", explicou o coordenador da Defesa Civil da cidade, Leandro da Rocha Vieira.
Ele destaca que os moradores do distrito querem saber o que aconteceu, mas infelizmente o motivo ainda não é conhecido.
"A gente está em contato com a geóloga do Estado para ela ajudar a gente. Ela está acompanhando desde maio para saber se consegue descobrir o ponto exato. Mas também entramos em contato do Defesa Civil do Estado", explicou ele.
Em menos de dois meses, esse foi o terceiro terremoto registrado na região de Lajinha.
O último abalo sísmico até então havia sido registrado em 26 de maio e teve magnitude 1.7. Antes deste, no dia 12 de maio, um outro evento de magnitude 1.3 foi registrado na região.
A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDEC) informou que manteve contato com o município e foi informada que não há registro de danos humanos ou materiais.
"Nosso plantão acompanha os dados do Observatório Brasileiro de Sismologia e não existe, até o momento, atualização de dados. A CEPDEC prossegue monitorando a área e apura as causas dos últimos eventos sísmicos".
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