Mobilidade Urbana: Paris e Milão são bons exemplos
“Dar mais espaço para pedestres e ciclistas é uma tendência no mundo todo", comenta o professor Giovanilton Ferreira
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A ideia de deixar o carro na garagem para sair a pé ou de bicicleta pode parecer incompatível com a rotina de muita gente. Mas, há cidades no mundo que já fizeram a experiência e hoje são exemplos para o mundo, mostrando que o deslocamento melhora até mesmo para quem precisa usar o automóvel.
Paris (França), Milão (Itália), Copenhague (Dinamarca) e Amsterdã (Holanda) são cidades que têm mostrado que vale a pena trocar o carro em certos momentos.
A capital da França, por exemplo, está implantando o projeto Cidade de 15 minutos, onde diferentes atividades na cidade, como praças, equipamentos públicos, trabalho, locais culturais e de lazer, estão a uma distância de 15 minutos das moradias.
“Dar mais espaço para pedestres e ciclistas é uma tendência no mundo todo. A falta de espaço no trânsito é um problema global. As cidades fora do Brasil têm avançado em relação a isso”, comenta o professor do mestrado de Arquitetura e Cidade UVV, Giovanilton Ferreira.
Ele explica que essa é uma forma de mobilidade urbana sustentável e estimula o uso e ocupação dos territórios na cidade pelas pessoas. “Essa é uma discussão muito importante. Não há modelo pronto. Nosso modelo de urbanização é diferente dos da Europa, mas podemos observar e adaptar”.
O ponto em comum, segundo o professor Tarcísio Bahia de Andrade, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, é que há uma pressão do mundo contemporâneo para a diminuição dos carros, principalmente à combustão.
“A mobilidade ativa não vai resolver o problema da mobilidade nas grandes cidades sozinha. A tendência é diminuir os grandes deslocamentos. As pessoas vão andar mais nos próprios bairros. Com a pandemia e a intensificação do trabalho remoto, muitas não terão a necessidade de percorrer grandes distâncias”.
Mas, a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faesa Patrícia Stelzer da Cruz reflete que, independente do modelo, as mudanças têm de ser para toda a cidade.
“Os projetos são importantes para a discussão sobre o objetivo das mudanças urbanas e seus desdobramentos. Mas, é importante também mostrar que os bairros precisam de um projeto. Pois, a população mais pobre, por muitas vezes, não é atendida por infraestrutura de mobilidade, principalmente nas áreas não centrais e privadas de acesso adequado”.
CIDADES QUE SÃO EXEMPLOS
Paris
A capital da França vem trabalhando o projeto “Cidade de 15 minutos”, que defende a hiperproximidade entre moradias e diferentes atividades na cidade, como praças, equipamentos públicos, trabalho, locais culturais e de lazer. Além de estimular a caminhada e o uso das bicicleta, promove saúde.
Copenhage
A Capital da Dinamarca é exemplo em infraestrutura para o transporte de bicicletas por ter segurança e estrutura em toda cidade, inclusive com o tempo de sinal mais tempo no verde para o grande fluxo de ciclistas. A cidade tem a meta de fazer com que, pelo menos metade, dos deslocamentos casa-trabalho sejam realizados de bicicleta e maior parte dos deslocamentos totais sejam feitos a pé, de bicicleta ou de transporte público.
Milão
A cidade da Itália está investindo muito em uma mobilidade ativa e sustentável. Há projeto para a construção de uma superciclovia que deve ser umas maiores malhas cicloviárias da Europa, com mais de 750 km, além de ter uma das maiores vias exclusivas de pedestre da Europa.
Amsterdã
A capital da Holanda investe alto na mobilidade ativa, que são os deslocamentos a pé ou com bicicletas, patinetes, etc. Com vias amplas e seguras para caminhadas e pedaladas, a cidade é famosa pelas duas rodas: são 880 mil bicicletas e 820 mil moradores. Além de ônibus que operam 24 horas e um bonde elétrico rápido que tem 14 linhas .
Berlim
A diversidade de modais disponíveis e a facilidade de acesso é a principal característica da mobilidade urbana da capital alemã. Um dos componentes importantes tem sido o planejamento das vias para bicicleta e pedestres.
Fontes: Especialistas consultados.
Mais de 200 km de ciclovia
As mudanças para harmonizar o trânsito e melhorar a mobilidade são muitas, segundo os especialistas e estudiosos no assunto. E algumas soluções já estão sendo implantadas na Grande Vitória.
A região metropolitana já conta com mais de 200 km de ciclovias e as prefeituras e governo do Estado planejam aumentar essa quilometragem até o final do ano. Além de mais espaço para bicicletas, projetos com calçadas com cinco metros de largura, interligações de transportes pela cidade e espaços para pedestres estão nos projetos.
“Além da mobilidade sustentável, nossos projetos hoje contemplam um deslocamento não apenas para o automóvel ou para o ônibus, mas uma mobilidade integrada à cidade. A integração das obras nas regiões onde estão sendo executadas, com os bairros e comunidades ao entorno”, destaca o secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damaceno.
A obra do trevo de Carapina, entre Serra e Vitória, prevê calçadas com mais de dois metros e meio e, em outros trechos, vão ter mais de cinco metros, por exemplo. O secretário frisa também a construção da ciclovia da Terceira Ponte, que vai fazer a conexão de bicicleta, com as ciclovias de Vitória e Vila Velha. Além da reativação do aquaviário que será mais uma opção de transporte coletivo.
Em Vila Velha, o projeto é ter a maior ciclovia do Estado com a expansão da malha cicloviária na orla da cidade, ligando a Praia de Itaparica a orla do bairro Nova Ponta da Fruta. Serão 27 km de ciclovia na orla.
Na capital, o projeto é formar um anel cicloviário na cidade para que seja possível o deslocamento de bicicletas de qualquer ponto da cidade.
Projetos para a Grande Vitória
Novas vias para bikes nos bairros e orla
Governo do Estado
A ciclovia da Vida, na Terceira Ponte, a reativação do aquaviário e a obra da Rodovia das Paneleiras são alguns projetos do governo do Estado para melhorar a mobilidade na Grande Vitória.
A ciclovia na Terceira Ponte vai ligar a malha cicloviária da capital com Vila Velha. O aquaviário, além de ser mais um dispositivo para o transporte coletivo, vai ter locais para bicicletas e será integrado com o Transcol. No trevo de Carapina e Rodovida das Paneleira, haverá calçadas de cinco metros de largura e ciclovias, além de espaços de convivência.
Vitória
O projeto é formar um anel cicloviário na capital, que permitirá o deslocamento de bicicletas de qualquer ponto da cidade. As obras de implantação do trecho da ciclovia da Avenida Rio Branco, na Praia do Canto, já tiveram início. Serão 15 km de novas ciclovias, entre elas a complementação e melhorias da ciclovia no trecho que se estende do Tancredão, próximo da Segunda Ponte, no bairro Mário Cypreste, até a Praça dos Namorados, na Praia do Canto.
Serra
cerca de 7,2 km de ciclovia estão sendo construídos interligando Serra Dourada II ao T. de Jacaraípe. Outra importante ciclovia será na Rotatória do Ó, em Laranjeiras, prevista para setembro. Serão cerca de 2 km de ciclofaixa na rotatória.
Já está contratada a execução de obra de ciclofaixa no trecho da avenida Norte-Sul, no bairro Civit II. Terá também novas ciclofaixas em todo o perímetro de revitalização da orla de Jacaraípe.
Cariacica
Está em fase de elaboração o projeto para o trecho municipalizado da BR-262, que inclui diversas melhorias, como passagens de dois níveis para melhoria do trânsito, ciclovia, pista de caminhada e corrida e passarelas.
Vila Velha
A cidade está em obras para construção de novas ciclovias em Cidade da Barra e São Conrado. Também foram iniciadas a construção de ciclovias na avenida Gaivotas, no bairro Pontal das Garças e avenidas Sempre Viva e União, em Darly Santos.
Há um projeto para a expansão da ciclovia na orla da cidade, ligando a Praia de Itaparica a orla do bairro Nova Ponta da Fruta. A cidade alcançará 27 km de ciclovia na orla.
Fonte: Prefeituras consultadas e Semobi.
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