“Meu trabalho me ajudou a vencer”, diz campeão dos 10 km da Corrida da Tribuna
Marcelo Siqueira, o Garibolt, usa os desafios da profissão de gari como incentivo. Ele conta que o esporte o livrou da depressão
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Foi correndo que Marcelo Siqueira, 37 anos, venceu a depressão, encontrou um novo sentido para a vida e alcançou o lugar mais alto do pódio. Campeão da prova de 10 km da Corrida Tribuna Ruas da Cidade, o gari fez do esporte um estilo de vida e usa os desafios do trabalho como força extra para vencer as disputas.
“Meu trabalho me dá preparo físico. E também gosto e sou acostumado a trabalhar e correr no sol, o que me ajuda bastante”, conta Marcelo, mais conhecido como “Garibolt”, numa junção de sua profissão com o nome do velocista multicampeão olímpico Usain Bolt.
O “Garibolt”, inclusive, costuma correr algumas provas com roupa de gari, o que trouxe fama ao corredor, que faz sucesso com as crianças. Marcelo também realiza diversas ações sociais com os pequenos fãs, sempre com objetivo de reforçar o incentivo ao esporte. A inspiração vem da sua própria trajetória de vida, já que ele começou a correr para vencer a depressão.
“Usei o recurso da corrida para superar a doença. Coloquei todo meu foco nisso. A corrida me levou para um novo caminho. Eu tinha tudo para dar errado, mas Deus colocou a corrida na minha vida e mudou ela para sempre”.
A Tribuna - Quando e por que você começou a correr?
GariBolt - Há cerca de dez anos eu me separei e isso afetou muito a minha vida. Fiquei em depressão por um ano e usei o recurso da corrida para superar. Fui para o Rio de Janeiro para tentar desligar um pouco minha mente da depressão e fiquei quatro anos por lá. Estava trabalhando em uma empresa e me falaram que eu tinha boa performance para correr, pois tinha muita resistência. Coloquei isso na cabeça e comecei a correr. Coloquei todo meu foco nisso.
A Tribuna - Então foi a corrida que te tirou da depressão?
GariBolt - Sim. A corrida mudou minha vida. Se eu não tivesse ido para corrida, acho que não estaria nem aqui mais. Minha vida estava bagunçada depois da separação, eu tinha tudo para dar errado. Mas Deus tocou na minha vida e me colocou na corrida. Mudou minha vida e continua mudando.
A Tribuna - Você nunca havia corrido antes?
GariBolt - Nunca tinha pensado em correr. Eu só corria na academia, mas era pouco. Correr nesse nível que faço hoje nunca havia passado pela minha cabeça antes.
A Tribuna - E o apelido com inspiração no Usain Bolt, como veio?
GariBolt - Eu era fã do Bolt, mas quando colocaram o apelido, fiquei com vergonha, achei que todo mundo iria me zoar, falando que não sou o Bolt. Até eu fiquei com um pouco de preconceito por conta do apelido. Mas acreditei que daria certo e o apelido acabou pegando. Hoje, tudo que faço é “Garibolt”. Virou história.
A Tribuna - Seu trabalho como gari ajuda no desempenho?
GariBolt - Meu trabalho de coletor me deu todo preparo físico. A própria corrida veio da correria da coleta. Me ajuda muito, pois sou acostumado com o sol, por exemplo. E eu gosto de correr no sol. Muitos atletas param no final de ano para fazer recuperação, mas eu saio para treinar no sol de meio-dia, sentindo ele, pois um dia posso precisar disso para superar uma condição parecida em uma corrida.
A Tribuna - Foi o que aconteceu na Corrida Tribuna Ruas da Cidade?
Garibolt - Sim. O nível estava muito alto. Eu conhecia meu (principal) adversário, então fiz uma estratégia. No KM 4, ele começou a “fadigar” por causa do sol, e eu, como trabalho dia a dia no sol, estou acostumado. Fui sabendo que quando ele desse bobeira, eu iria abrir vantagem.
A Tribuna - E como foi a emoção de vencer a prova?
Garibolt - Foi uma alegria grande, pois sei que tem muita gente torcendo por mim, principalmente as crianças.
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