Mais de mil homens no ES congelam o sêmen
Entre os motivos para o congelamento está a preservação diante de tratamentos de câncer, podendo assim garantir ter filhos no futuro
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O congelamento de óvulos por mulheres visando à Fertilização in Vitro (FIV) já está mais conhecido no decorrer das décadas. Agora, são os homens que têm feito o congelamento de espermatozoides, pelos mais diversos motivos.
No Estado, 1.334 fizeram o procedimento até hoje, de acordo com levantamento feito pela reportagem de A Tribuna.
Segundo o diretor do laboratório da Unifert, Irineu Degasperi, a amostra de sêmen, junto com o crioprotetor, substância que protege o sêmen do frio, é distribuída em palhetas ou tubos de armazenamento, que são mantidos em geladeira por 1 hora a 4ºC.
Posteriormente são transferidos para um tanque criogênico com nitrogênio líquido a -196°C, onde podem ser armazenados indefinidamente.
De acordo com dados da clínica Jules White, os principais motivos para a busca do congelamento são: criopreservação por baixa contagem (sêmen de reserva) caso viesse a zerar; tratamento oncológico; cirurgia varicocele; tentativa de reversão de vasectomia sem sucesso, neste caso se realiza a punção epididimária ou testicular de espermatozoides.
Segundo o andrologista da clínica Jules White, João Cunha Thomaz, a principal indicação do congelamento é realizar antes do tratamento oncológico – certas cirurgias e quimioterapias.
“Não vejo como preconceito por parte dos homens. Muitas vezes falta informação ou mesmo tempo hábil. Na tentativa de agilizar o tratamento oncológico do paciente, a ideia de congelar esperma muitas vezes fica em segundo plano”.
O andrologista observa que é preciso conscientizar sobre a criopreservação como alternativa para todos os pacientes que passam por esse momento difícil. “Nas mulheres está bem mais difundido”.
Segundo o urologista da Uniferte, Fernando Ferreira Chagas, outra demanda é antes de fazer a vasectomia. “Tem a possibilidade de reverter, é viável em 90% dos casos, mas, novamente destacando, é uma forma de prevenção”.
Em outra vertente, estão casais que por um tempo precisam morar em cidades ou países diferentes. O marido faz o congelamento dos espermatozoides e, no dia em que o casal decide, é feita a fertilização in vitro.
Investimento pode chegar a R$ 1.900
Para aqueles que desejam congelar o sêmen, o valor do procedimento pode variar entre R$ 700 a R$ 1.900 ao ano, de acordo com pesquisa feita pela reportagem na Grande Vitória.
O congelamento fica em torno de R$ 1.000 nas clínicas consultadas. Já a taxa de condomínio, para manter o sêmen coletado congelado varia de R$ 700 por ano e R$ 1.900 (primeiro mês) daí para frente R$ 1.600 ao ano.
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Amostra
A clínica fornece um frasco estéril de boca larga para facilitar a coleta da amostra seminal, de acordo com o diretor de laboratório da Unifert, Irineu Degasperi.
Após cerca de 30 minutos da coleta, é adicionada uma solução chamada crioprotetor, que protege as células durante o congelamento e descongelamento, evitando danos causados pela formação de cristais de gelo.
Os crioprotetores reduzem a concentração de água dentro das células espermáticas, prevenindo a formação de cristais de gelo que poderiam danificar as membranas e estruturas internas dos espermatozoides.
Congelamento
A amostra de sêmen, junto com o crioprotetor, é distribuída em palhetas ou tubos de armazenamento, que são mantidos em geladeira por 1 hora a 4ºC e, posteriormente, transferidos para um tanque criogênico com nitrogênio líquido a -196°C, onde podem ser armazenados indefinidamente.
Quando necessário, apenas uma palheta ou tubo é descongelado para uso em fertilização in vitro, enquanto as demais amostras podem permanecer guardadas.
Caso não sejam encontrados espermatozoides na amostra, é realizada uma centrifugação e, se ainda assim não forem encontrados (casos de azoospermia), é possível obter espermatozoides por meio de punção testicular ou do epidídimo.
Também é possível obter espermatozoides a partir de uma pequena amostra de tecido testicular, permitindo que homens vasectomizados tenham filhos por meio da fertilização in vitro, conclui Irineu Degasperi.
Fonte: Diretor de laboratório da Unifert, Irineu Degasperi
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