Mais de 80% dos brasileiros tomam remédio por conta própria
Pesquisa revela que o uso de comprimido é o tipo de consumo preferido por 94% das pessoas. Médicos alertam para riscos
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A automedicação é uma realidade na vida de brasileiros. É o que apontou a pesquisa “Saúde do Brasileiro - 2023”. Segundo o levantamento, 87% da população se automedica.
Conduzida pela Hibou, empresa de pesquisa e insights de mercado e consumo, o estudo foi realizado via painel digital, de 1 a 10 de maio, e contou com a participação de mais de 1.100 pessoas de todo o País.
Os participantes afirmaram que o uso de comprimidos é o tipo de consumo preferido por 94% das pessoas, seguido por administração de pomadas (31%); líquidos (11%); cremes ou compressa com medicamento (7%, cada).
Ulysses Caus Batista, neurocirurgião da Rede Meridional, disse que essa prática traz riscos como efeitos colaterais e resistência bacteriana. Além disso, é possível que o remédio não seja o correto para a enfermidade da pessoa.
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O médico também citou que a automedicação pode atrasar um diagnóstico. “O paciente vai postergando, mascarando a doença com medicamentos e, quando você vai dar o diagnóstico, muitas vezes essa doença, que poderia ter cura lá no início, está mais grave”.
A pesquisa também afirmou que 45% da população procura informação de saúde na internet ou com amigos antes de consultar profissionais da área.
Thaiz Rigoni, médica dermatologista, disse que a busca por respostas no meio digital pode ser perigosa, com a indicação de medicamentos errados. “É possível ocorrer a piora do quadro ou até desenvolver outras doenças e alergias”.
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Ligia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou, afirmou que a procura de informação está relacionada com o tempo que o brasileiro quer poupar.
“É mais fácil eu procurar no que eu tenho acesso ou perguntar para alguém que está próximo de mim. O brasileiro acredita que esse caminho pode ajudá-lo a ter uma rotina ou a solucionar um problema de saúde que não seja grave”.
Roberta Borsoi, microempresária, 41, sempre busca informações sobre a saúde na internet e, por causa disso, descobriu o diagnóstico de sua filha, Ana Clara Borsoi, 8, antes de vários médicos: um problema na uretra.
“Acredito que buscar informações é importante, sabendo dosar, e não achando que isso substitui a ida ao médico”.
Ela também afirmou que se automedica. Em um caso, se automedicou contra dor, porém depois buscou informações com seu médico e descobriu uma apendicite.
SAIBA MAIS
- 45% da população busca informação de saúde na internet ou com amigos antes de consultar profissionais da área
OUTROS DADOS DA PESQUISA
- Estudo aponta que 46% dos brasileiros possuem, no mínimo, um aplicativo de saúde instalado no celular.
- A automedicação é uma realidade para 87% dos brasileiros.
- Já 55% tendem a ignorar os primeiros sintomas em vez de procurar médicos ou remédios.
- O uso de comprimidos é o tipo preferido por 94% deles, seguido por administração de pomadas (31%); líquidos (11%); cremes ou compressa com medicamento (7%, cada).
- Após uma consulta médica para avaliar quadros específicos, 71% seguem rapidamente as orientações médicas sobre exames laboratoriais. Entre os mais despreocupados, 17% seguem, mas sem pressa; 5% apenas a depender do problema e caso os sintomas não melhorem; e outros 5% fazem alguns exames e enrolam para marcar e fazer outros.
- A confiabilidade na telemedicina e qualidade dos atendimento on-line tem vez para 15% dos entrevistados; enquanto 48% ainda preferem ligar ou ir presencialmente nos locais quando o assunto é saúde.
Fonte: Pesquisa “Saúde do Brasileiro - 2023"
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