Luta por justiça após acidente: “Perdi minha filha e ele está solto”
Mãe de vítima mantém esperança por justiça no caso da filha. Motorista foi solto em 2023 e aguarda julgamento
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“Te amo, mãe!” Essas foram as últimas palavras que a dona de casa Renata Aparecida Marques, 44 anos, mãe de Amanda Marques, 20 anos, disse ter ouvido da filha, 10 minutos antes de receber a notícia da morte ela. “Perdi minha filha e o motorista está solto”, lamenta a mãe.
No dia 17 de abril de 2021, Amanda e o namorado tinham saído da casa da mãe da jovem e seguiam de moto em direção à Avenida Carlos Lindenberg quando foram atingidos por um carro. O motorista do veículo seguia o mesmo sentido que as vítimas e estava em alta velocidade, de acordo com testemunhas.
Amanda morreu na hora. O namorado dela, Matheus José da Silva, de 23 anos, recebeu alta do hospital depois de 10 dias. O motorista, Wagner Nunes de Paulo, ficou preso de maio de 2021 a setembro de 2023, quando foi solto mediante a um recurso apresentado por sua defesa ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Renata Marques conta que passou a tomar remédios e fazer acompanhamento para a saúde mental, desde a morte da filha. “Você perde o chão, não acredita. Depois, os dias da gente vão passando sem a pessoa. Perder um filho, não tem comparação, essa dor. Para mim, não é um acidente”.
A mãe diz ainda acreditar na Justiça e que espera o dia em que o júri popular do denunciado será marcado. “Infelizmente, minha filha não volta. Ela é que está presa para sempre. Mas, não perdi a esperança na justiça da Terra, enquanto Deus me der forças, vou lutar. ”
Ministério Público fez denúncia
O Ministério Público do Estado (MPES) informou, por nota, que apresentou denúncia contra o réu pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio, ambos com dolo eventual (quando se assume o risco de matar).
“A Justiça aceitou essa denúncia em maio de 2021 e, desde então, o MPES tem atuado no processo para obter a condenação do réu”, informa trecho da nota. Em junho de 2022, atendendo aos pedidos do MPES, a Justiça decidiu que o réu deveria ser levado a julgamento pelo Tribunal do Júri e manteve sua prisão preventiva.
“No entanto, a defesa apresentou diversos recursos, o que tem atrasado o andamento do caso. Em razão de um desses recursos, o Superior Tribunal de Justiça concedeu liberdade provisória ao réu em setembro de 2023”, diz o MPES.
Apesar dessa decisão, o processo continua em andamento. “O Ministério Público segue atuando de forma técnica e responsável, utilizando todos os meios legais disponíveis para garantir que o julgamento pelo Tribunal do Júri ocorra, que o réu seja responsabilizado e que a justiça seja feita”.
Procurada pela reportagem, a defesa do denunciado não se manifestou até o fechamento da edição.
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