Lições de inclusão em aula de arte
Alunos de escola particular de Vitória adaptaram oito obras famosas para que deficientes visuais pudessem apreciá-las
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Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Cego, 36 alunos do 9º ano do Centro Educacional Leonardo da Vinci adaptaram oito pinturas famosas mundialmente para as pessoas com algum tipo de deficiência visual.
Com o projeto “A beleza do sentir”, idealizado pelos professores Marcelo Moreto e Carla Jardim, os alunos foram desafiados a adaptar as obras de arte por meio de outros sentidos, como o olfato, a audição, o tato e o paladar.
As obras já estão sendo expostas no Instituto Luiz Braille do Espírito Santo (Ilbes), em Bento Ferreira, Vitória. A exposição, aberta ao público, acontece até sexta-feira, das 8h às 17 horas.
O professor Marcelo Moreto explicou que a ideia do projeto era que os alunos buscassem soluções artísticas para pessoas com necessidade visual.
“Nós buscamos que os alunos conseguissem enxergar as necessidades que as pessoas com deficiência visual têm”, ressaltou.
O coordenador do Centro Educacional Leonardo da Vinci, João Duarte, destacou que o objetivo do projeto é democratizar o acesso à arte.
“A escola consegue mostrar um pouco mais de uma outra realidade para o aluno e explorar as técnicas da arte e democratizar o acesso à cultura”, afirmou.
Sensibilidade
O diretor do Ilbes, Manoel Peçanha Nascimento, contemplou e elogiou a sensibilidade que os alunos tiveram em adaptar as obras de arte para atender às pessoas com deficiência visual.
“Os alunos tiraram as obras do abstrato e colocaram no concreto, fazendo com que elas se tornassem acessíveis para as pessoas com deficiência visual”, observou.
A estudante Beatriz Demoner adaptou a obra “O Lavrador de Café”, de Cândido Portinari. Ela usou pó e grãos de café para explorar o olfato do espectador.
“Foi uma experiência muito enriquecedora em que pude aprender um pouquinho da realidade de uma pessoa que não enxerga. Com esta obra, pude explorar os sentidos levando o meu espectador para dentro da obra”, ressaltou.
Manoel disse que a obra da estudante despertou memórias antigas de sua vida. “O cheiro do café me lembrou da época em que trabalhava na fazenda de café no interior do Espírito Santo”, contou.
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