Justiça manda rede social devolver conta para manicure
Priscila Costa Vieira, 34, teve seu perfil do Instagram invadido por criminosos e diz ter tido prejuízos, pois divulgava seu trabalho na internet
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Foi enquanto conversava com uma cliente em sua rede social, que a design de unhas Priscila Costa Vieira, 34 anos, viu sua conta desaparecer do celular após ser invadida por criminosos.
Sem conseguir recuperar o acesso ao seu perfil, que era usado pelos bandidos para tentar aplicar outros golpes, ela recorreu à Justiça. Na última semana, o juiz do 2º Juizado Especial Cível, Criminal e da Fazenda Pública de Aracruz determinou que a rede social “devolva” o perfil da usuária.
A medida foi deferida em caráter liminar. Ao analisar a questão, o magistrado entendeu que, mesmo comunicada a respeito do perfil hackeado e seu uso para a prática de delitos, a rede social se manteve inerte.
Dessa forma, foi determinado o restabelecimento da conta da usuária na rede social sob pena de multa de R$ 3 mil. Até ontem, no entanto, a conta não havia sido retomada.
Segundo Priscila, o perfil do seu Instagram foi invadido no dia 28 de abril. Desde então, os criminosos começaram a fazer postagens se passando por ela.
Entre as publicações, eles ofereciam aos seus seguidores um suposto investimento via Pix em troca de retorno financeiro.
Além disso, ela tem tido prejuízos no seu trabalho, já que perdeu as visualizações dos mais de 1.300 seguidores. “Além da dor de cabeça, de ter que avisar as pessoas que não eram minhas publicações, os criminosos ainda passaram a repostar fotos minhas, da minha família, fotos de trabalhos meus. Eu não podia fazer nada”.
A advogada Lorrany de Oliveira Ribeiro reforçou que Priscila tentou recuperar o perfil conforme os procedimentos informados pelo Instagram, mas não conseguiu. “Solicitamos o restabelecimento da conta, além de indenização por danos morais, o que ainda não foi julgado”.
A advogada ainda relatou que, como a conta não foi restabelecida após a decisão judicial, além de pedir a execução da multa, ainda irá solicitar que ela seja aumentada.
“A empresa que administra o perfil das redes sociais tem a responsabilidade pela segurança dos dados e informações de seus consumidores. Caso haja falha nesse serviço, as empresas devem ser responsabilizadas e condenadas em dano moral. No caso da autora, ela usa a rede social para divulgação do seu trabalho, o que interfere diretamente no seu sustento”.
“Quando há violação de direito, é importante que se busque por Justiça, pois a aplicação da lei tem caráter pedagógico na punição da empresa que falha na segurança e na prestação de serviço Lorrany de Oliveira Ribeiro, advogada
Priscila Costa Vieira: “Sensação é de impotência”
Com mais de 15 anos de atuação na área, a design de unhas Priscila Costa Vieira, 34, lamentou os prejuízos e a dor de cabeça após a perda da sua conta nas redes sociais. Para ela, a sensação é de impotência ao ver criminosos usando fotos de seu trabalho, além de postagens com fotos de sua família.
A Tribuna – Como descobriu que sua conta havia sido hackeada?
Priscila Costa Vieira – Eu estava conversando pela rede social com uma cliente que tinha visto o meu trabalho, quando de repente tudo sumiu. Tentei entrar novamente na minha conta, mas já não consegui mais.
Desconfiou que a conta tinha sido hackeada?
Eu perguntei a minha advogada se ela estava conseguindo usar normalmente a rede social dela. Quando ela falou que sim, já desconfiei que tivessem hackeado. Tentei entrar de várias formas, mudando telefone, e-mail e nada. Eu ligava e desligava o telefone. Nada funcionava. Então soube que tinha sido vítima do golpe.
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E depois?
Depois liguei para minha irmã, comecei a avisar que minha conta estava hackeada. Mas mesmo assim teve uma prima que quase caiu no golpe. O criminoso anunciava um investimento em criptomoedas e nem sei nada sobre isso. Ele chegou a ligar para a minha prima.
E ele parou rapidamente de fazer as postagens?
Não. Ficou usando minha rede social por semanas. Até hoje não recuperei. Ele fez uma série de postagens se passando por mim. Chegou a fazer boomerang de trabalhos que eu tinha feito, repostou manutenções de unha. Também fez publicações convidando clientes com textos como 'Já fez sua manutenção hoje?' ou 'Já agendou seu horário?'.
Mas quando ele começou a postar fotos com minha família eu me revoltei. Foi uma indignação tão grande, fiquei triste pela sensação de impotência. Eram fotos de viagens em família, meu trabalho.
Por isso decidiu entrar na Justiça?
Sim. Não é só pela conta da rede social, mas pelo meu trabalho, pela exposição da minha família.
Perdeu clientes com isso?
Com certeza. Veja, eu tinha uma conta em que postava diariamente unhas de clientes, com 200 a 300 visualizações por dia. Fiz um perfil novo, com poucos seguidores e visualizações não chegam a 20. Antes, sempre tinha cliente novo ou alguém que via e lembrava de marcar. Esta semana, de Dia das Mães, eu estaria com agenda cheia, mas estou com horários vagos.
O OUTRO LADO
Ferramentas
O Instagram informou que oferece recursos como autenticação de dois fatores e solicitações de login que, quando acionados, são capazes de barrar a invasão de contas, além de caminhos disponíveis na Central de Ajuda para auxiliar na recuperação da conta, em caso de invasão.
A plataforma recomendou ainda que as pessoas façam uso das ferramentas de segurança disponíveis e encorajou que denunciem quaisquer atividades suspeitas que acreditem violar as diretrizes da comunidade, como golpe ou fraude, através do próprio aplicativo.
Além disso, o Instagram informou que disponibiliza um link para os usuários reportarem problemas de acesso à conta e em casos de contas invadidas: instagram.com/hacked.
“Através deste formulário, é possível encaminhar uma solicitação de suporte ao Instagram para que possamos ajudar a recuperar o acesso rapidamente”, diz a nota.
Saiba mais
Como denunciar
- Para denunciar um perfil ou publicação, toque nos três pontinhos (...) na parte superior direita do perfil ou da publicação.
- Toque em “denunciar” e siga as instruções na tela.
Fonte: Instagram.
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