Jovens do ES revelam porque decidiram ser padres
Seminaristas, que se tornarão sacerdotes no ano que vem, contam que vocação surgiu na infância ou durante a adolescência
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Seguindo o chamado de Deus, os jovens Bruce Willis Moura, 29, César Augusto Flegler, 28, Juliano do Nascimento, 28, e Vitor Valentim Placidino, 34, se preparam para mais um passo na vida religiosa.
Eles, que fazem parte do Seminário Nossa Senhora da Penha, ligado à Arquidiocese de Vitória, serão ordenados diáconos em dezembro, e, no ano que vem, se tornarão padres. Os quatro conversaram com A Tribuna sobre o motivo de terem escolhido o caminho do sacerdócio.
Primeiramente, Juliano comentou que seguir esse cargo nem sempre fez parte de seus planos. Por mais que frequentasse a igreja desde pequeno, tornar-se padre não era algo que ele pretendia. Quando criança, pensava em ser engenheiro civil, aos 16 anos, contador. Mas tudo mudou depois de uma experiência emocionante.
“Frequentando a comunidade com o passar do tempo me tornei cerimoniário, e o padre, na época, em 2014, me convidou para fazer uma visita aos enfermos de uma comunidade vizinha à minha. Depois daquele dia eu senti algo diferente no meu coração”.
A história dos outros três é mais parecida: desde a infância queriam ser padres. “Não me fechei a outras possibilidades, mas fui vendo que tudo se encaixava nessa vocação. Sempre fui bem nos estudos, fiz o curso técnico de Agroindústria integrado ao ensino médio no Ifes, me preparei, mas lá no fundo, isso era o que me esperava”, comentou César.
Bruce também disse que o sacerdócio foi acontecendo de forma natural em sua vida. “Não me via fora da igreja. Nenhuma outra profissão passou na minha cabeça. Antes de ter entrado para o seminário eu já tinha trabalhado na área da tecnologia, mas nada disso me realizou”.
Já Vitor afirmou que o chamado surgiu ao longo de sua participação nas pastorais e na igreja desde pequeno e a ideia foi amadurecida com o tempo. Ele realizou um outro sonho antes de seguir seu rumo como padre: formou-se em Arquitetura e Urbanismo.
Em relação ao apoio da família, fez questão de comentar. “Eles são de outra religião, mas sempre me incentivaram”.
Bruce Willis
Bruce Willis Moura tem 29 anos e nasceu em Colatina. Desde a infância segue a vida religiosa, e até os 10 anos frequentava a Paróquia Imaculado Coração de Maria, em Colatina, onde foi batizado. Após essa idade, foi para a Serra e passou a fazer parte da Paróquia São Pedro, em Jacaraípe. Foi lá que recebeu sua primeira comunhão, fez a crisma, atuou como cerimoniário e foi coordenador dos coroinhas. O jovem continua atuando nessa igreja nos dias atuais.
Realização
“Não me via em outras profissões. Sempre me via celebrando a missa, consagrando a eucaristia, atendendo os doentes, os enfermos. Acho que isso é o que me realiza”.
Bruce Willis
Juliano do Nascimento
Juliano do Nascimento tem 28 anos e é de Guarapari. Desde a infância já estava ligado à vida religiosa. Aos 6 anos, participava da Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora, ajudando com a sineta no momento da consagração. Na adolescência, mudou-se para o bairro São José, e lá participava da Comunidade Nossa Senhora das Graças. Fez a primeira comunhão, foi catequista e realizou outras atividades.
Esperança
“Querer ser padre surgiu do contato com o povo, principalmente dos mais necessitados. Ser padre é uma presença que dá esperança e ajuda a aumentar a fé das pessoas em Deus”.
Juliano do Nascimento
César Augusto
César Augusto tem 28 anos e nasceu em Afonso Cláudio. Em sua infância e adolescência participou da Comunidade Nossa Senhora de Lourdes, no município. Além dela, também frequentava a Paróquia São Sebastião. Neste local, começou a atuar na vida religiosa, onde participou por muitos anos. Lá, foi coroinha, coordenador de canto, ajudou em celebrações e na limpeza da igreja, visitava enfermos e rezava junto às famílias, entre outras atividades.
Mão de Deus
“Desde os 5 anos sentia que queria ser padre. Não precisou ninguém mandar ou ficar me estimulando para ir para a igreja. É a mão de Deus que conduz a gente”.
César Augusto
Vitor Valentim
Vitor Valentim Placidino tem 34 anos e é de Itaguaçu, porém, mudou-se para Viana quando era pequeno. Sua vida religiosa começou na comunidade Santo Antônio, em Viana. Lá, fez catequese e primeira eucaristia. Na Paróquia Santa Clara de Assis, em Vila Bethânia, fez a crisma. Em 2010, fez a primeira parte do seminário. Posteriormente, a fim de realizar outro sonho, se formou em Arquitetura e Urbanismo. Em 2020, voltou para o seminário.
Missão
“Nossa principal missão aqui na Terra é salvar almas e cuidar dos corações feridos. Ser o bom pastor na vida de tantas ovelhas feridas e necessitadas do amor de Deus. É a minha vocação”.
Vitor Valentim
Número de padres cai no mundo, revela anuário da Igreja
O número de padres tem diminuído no mundo. Isso é o que aponta o Anuário Pontifício 2023 e o Anuário Estatístico da Igreja 2021, divulgados pela Santa Sé, jurisdição eclesiástica da Igreja Católica em Roma.
De acordo com os documentos, o número de padres caiu de 410.219 em 2020 para 407.872 em 2021. Ou seja, uma queda de 0,57%. Foi informado também que na Europa e na América, os padres diocesanos e os padres religiosos diminuíram, enquanto na África e na Ásia ambos os números aumentaram.
Somente no Brasil, segundo dados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), há cerca de 30 mil padres atualmente.
De acordo com o padre Edgar Rigoni, vice-presidente da Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-teológicos do Brasil (OSIB), o motivo para a queda ter acontecido pode estar relacionada com a mudanças na sociedade e estilo das famílias.
“Até pouco tempo tínhamos famílias com oito ou 10 filhos, hoje as nossas famílias têm se apresentado com um ou dois filhos, e outras, com nenhum. Isso é um impacto direto na promoção vocacional”, comentou.
“Uma família que tem um ou dois filhos sempre vai segurar, pensando na herança e no crescimento da família. Se envia para o seminário, não tem essa continuidade”, completou.
Em nível de Estado, ele ressaltou que o número de padres está estagnado. “Ainda não estamos em uma fase decrescente, estamos caminhando em uma linha reta”.
Padre Edgar informou também que, atualmente, há 75 seminaristas no Estado.
Preparação
A preparação para ser padre dura oito anos. No primeiro ano, há o propedêutico, que é uma etapa preparatória. Nela, há reforço intelectual de português, aulas de oratória, de língua estrangeira, ensinamentos da igreja, entre outras ações.
Posteriormente, há o seminário, onde os futuros padres cursam três anos de Filosofia e quatro anos de Teologia.
Em relação aos deveres sacros de um padre estão batizar, ensinar o Evangelho, administrar o sacramento, auxiliar no trabalho missionário, realizar a unção dos enfermos, entre outros.
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