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Cidades

Jovem barrada na Ufes vai à Justiça para ter direito a cotas


Aprovada pelo sistema de cotas, mas barrada por não ter características físicas de pessoa parda, uma jovem de 20 anos pretende acionar a Justiça para ingressar na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Victória Bermudes, moradora da Serra, se declara parda e tentou uma vaga na instituição pelo sistema PPI, destinado para pretos, pardos e indígenas.

Com a cota e a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a estudante passou em primeiro lugar no processo seletivo para o curso de Nutrição.

No entanto, a matrícula de Victória foi barrada após análise da Comissão de Avaliação Étnico-Racial, que não considerou que ela tivesse características de uma pessoa parda.

“É como eu me declaro. Minha mãe, Yandra Gomes, se declara parda e meu pai é negro. Pardo se define pela mistura, e eu me encaixo pelo meu tom de pele e cabelo volumoso. Não posso me declarar branca, não me vejo assim”, disse.

O nome dela na lista de aprovados da Ufes saiu no último dia 10. A entrevista online com a comissão foi realizada uma semana depois.
A análise étnico-racial é feita por sete pesquisadores da área, que analisam, exclusivamente, as características fenotípicas do candidato. Ou seja, são avaliados, principalmente, cor de pele, cabelo, boca e nariz.

Segundo Victória, a entrevista foi muito “subjetiva” e durou cerca de três minutos. “Fizeram somente uma pergunta: o porquê eu me declaro parda. No fim do dia, veio o resultado, com o indeferimento da matrícula. Foi uma surpresa para mim. Eu me senti muito constrangida, pois me considero parda”, contou.

Sem a vaga, Victória pretende acionar a Justiça. “Não é só pela minha vaga, pois sou capaz de tentar outras vezes e passar, mas quero Justiça sobre essa situação, para que os critérios sejam esclarecidos. A análise é muito subjetiva e vai contra o quesito de autodeclaração”, reclamou.

A Comissão de Avaliação Étnico-Racial continua com o processo de análise dos aprovados para o próximo semestre da Ufes.

Reportagem de A Tribuna, publicada no último dia 7, mostrou que 163 candidatos aprovados foram impedidos de se matricular por conta da análise étnico-racial no primeiro semestre.

Outros 385 foram barrados por não atender aos critérios socioeconômicos – renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo (R$ 1.650) e que tenha cursado o ensino médio em escola pública.

Imagem ilustrativa da imagem Jovem barrada na Ufes vai à Justiça para ter direito a cotas
Victória e Yandra: “Minha mãe se declara parda e meu pai é negro. Pardo se define pela mistura”, diz a estudante |  Foto: Antonio Moreira/AT

Ufes diz que avalia características do racismo

Como o processo de verificação da Comissão de Avaliação Étnico-Racial ainda está em andamento, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) não comentou de forma específica sobre o caso de Victória Bermudes, mas explicou os critérios da análise geral que faz com os candidatos.

Presidente da comissão, Jacyara Silva de Paiva explica que a análise é exclusivamente sobre as características fenotípicas do candidato porque são elas que vão determinar se a pessoa sofre racismo.

“As cotas são destinadas para pessoas que, potencialmente, são vítimas de racismo. Por isso, analisamos o conjunto de características, como cor da pele, cabelo, nariz e boca. São esses traços da pessoa que determinam o preconceito no Brasil”, ressaltou Jacyara.

No caso das pessoas pardas, ela explica: “O pardo também é negro. São negros com essas mesmas características fenotípicas que fazem com que eles sofram racismo. Muitos pensam que são pardos por terem a pele um pouco mais escura ou por virem de uma família mais misturada. Não é isso”.

Jacyara diz que a análise da comissão é uma forma, inclusive, de educar a população para a importância da cota e do que é o preconceito. “A pessoa deve fazer a pergunta para ela mesma: eu tenho características físicas que me fazem sofrer racismo? Se a resposta for sim, ela se enquadra no sistema”.

Ela ressalta, ainda, que a autodeclaração precisa ser respeitada, mas que a política de cotas é para um público específico com o objetivo de aumentar a presença de negros no ensino superior e reduzir a desigualdade social.

“A pessoa pode se autodeclarar parda, não tem problema, mas ela não pode se beneficiar das políticas públicas”, ressaltou.


Saiba mais


Cotas

  • A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) possui sistemas de cotas por renda e étnico-racial em seu processo seletivo.

  • No sistema por renda, o candidato precisa ter renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo (R$ 1.650) e ter cursado o ensino médio em escola pública.

  • No sistema étnico-racial, precisa, além dos mesmos critérios de renda, ser preto, pardo ou indígena (PPI).

  • Para verificação, os candidatos são avaliados com o envio de uma foto e entrevista antes da matrícula.

  • O sistema foi criado como reparação histórica aos negros – que, historicamente, sofrem com o racismo –, aumentando as oportunidades e a presença de negros no ensino superior, visando a reduzir a desigualdade social e o racismo na sociedade.

O que é analisado

  • A análise étnico-racial é feita pela Comissão de Avaliação Étnico-Racial, formada por sete pesquisadores da área.

  • Após o envio da foto, é feita uma entrevista, que acontece dias após a divulgação dos aprovados no processo seletivo, antes da matrícula.

  • Os pesquisadores analisam, exclusivamente, as características fenotípicas do candidato, ou seja, levam em conta somente as características físicas. São avaliados, principalmente:

    • Cor de pele

    • Cabelo

    • Nariz

    • Não é levada em conta a ascendência da pessoa, já que o que determina o racismo são as características físicas.

Fonte: Ufes.

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