Irmã desabafa após morte de casal em acostamento: “Não pode ficar sem punição"
Acidente com o casal aconteceu na ES-060, em Itapemirim,
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Com uma dor que não é possível expressar em palavras, a professora Natália Marvila Ataliba, 32 anos, busca hoje que a justiça seja feita para que a morte do irmão Maicon Ataliba, 26, e da namorada dele, Ingrid Moreira, 19, não fique impune.
“É um sentimento de revolta grande. Meu irmão e Ingrid estavam parados no acostamento, com triângulo sinalizando e em uma reta. O motorista estava dirigindo embriagado. Ele foi autuado por homicídio culposo. Como foi culposo? Como foi sem intenção de matar?”.
A Tribuna- Seu irmão estava indo para onde no momento em que o pneu furou?
Natália Marvila- Ataliba. Nós fomos a um show no dia anterior na praia de Itaoca (Itapemirim). Quando o show acabou era uma 1h05. Eu chamei ele para vir embora e ele falou: “Não, amor. Eu vou ficar até amanhecer o dia, pois como tenho que levar a Ingrid para o trabalho, deixo ela direto”.
Ele ficou por lá?
Sim. Estava com amigos, familiares e com a Ingrid. Como moramos no interior de Marataízes, se ele voltasse para casa, seria fora de mão.
Na volta o pneu furou?
Sim. Eles tiveram de parar no acostamento e tentaram trocar o pneu, mas não conseguiram. Então, ele sinalizou com o triângulo e ligou para um amigo trazer uma peça para ajudar a trocar. O irmão da Ingrid estava junto e eles esperavam o amigo do lado de fora do carro quando esse motorista atropelou os três.
Ele conhecia a estrada?
Conhecia bem. Era uma reta onde eles estavam, já estava de dia. Ele mandou a localização para os amigos quando o pneu furou. Estava sinalizado e não tinha como não ver um carro parado.
O socorro foi rápido?
Sim. Meu irmão ainda estava conversando quando foi socorrido, pois os amigos chegaram logo no local. Ele pedia para socorrer a namorada. Mas não resistiu. O irmão da Ingrid teve fraturas.
A Ingrid estava grávida?
Ela não tinha certeza, mas desconfiava. Tivemos a confirmação da gravidez no atestado de óbito apenas. Eles seriam pais incríveis.
Tinham planos de se casar?
Sim. Estavam namorando há quase três anos e Maicon já tinha ganhado o terreno para construir a casa deles. Ele morava com minha mãe, que não está conseguindo levantar da cama, pois era o mais novo. Era quem ficava com ela. Ingrid também morava praticamente lá, pois estava sempre com ele. Estavam cheios de planos. Ela conseguiu uma bolsa de 100% pelo Prouni e ia começar o curso de Fisioterapia em fevereiro. Trabalhava com vendas de produtos para unhas. Ele era professor de Matemática, mas estava trabalhando com dois irmãos como pescadores.
A família sabe o que aconteceu com o motorista que atropelou Maicon e Ingrid?
Não sabemos, mas esperamos Justiça. Nada vai trazer meu irmão e a Ingrid de volta, mas isso não pode ficar sem uma punição. Meu irmão era muito querido por todos. Uma pessoa amorosa, muito feliz. Nunca vi meu irmão triste. Era tão amado por todos. Não podem ser só vítimas de acidentes, pois o que ocorreu foi um crime.
Férias perigosas nas estradas
Época de diversão para muitos, o período de férias também é marcado por uma maior preocupação nas estradas de todo o Estado.
Na manhã do último sábado, o pescador Maicon Marvila Ataliba, de 26 anos, e a namorada dele, Ingrid Moreira, 19, foram atropelados enquanto estavam no acostamento da ES-060, em Itapemirim, após o veículo em que estavam ter furado o pneu. Ela estava grávida.
O condutor acusado de atropelar o casal, de 35 anos, tinha sinais de embriaguez. Ele foi atuado pelo duplo homicídio culposo, lesão corporal, por dirigir com a capacidade psicomotora alterada e por posse de droga para uso pessoal.
A Secretaria de Estado da Justiça informou que até a tarde de ontem ele estava no Centro de Detenção Provisória de Marataízes.
Além das rodovias estaduais, a preocupação também é com rodovias federais. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), somente nos primeiros dias do ano, foram 5.260 autuações por excesso de velocidade, além de 116 flagrantes ultrapassagens proibidas.
Nas estradas federais foram registrados este ano 36 acidentes com 47 feridos, mas sem morte.
O inspetor da PRF Wylis Lyra salientou que uma viagem segura depende da conscientização de todos. “A segurança está no planejamento e na obediência às regras de trânsito. Excesso de velocidade, ultrapassagens, dirigir sob efeito de álcool e veículo sem conservação são condutas inseguras.”
Ele ainda reforçou que a PRF intensifica a fiscalização nesse período, com a operação Rodovida, que vai até depois do Carnaval.
O chefe do setor de Comunicação do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), Anthony Moraes, enfatizou que, com o aumento do fluxo de turistas e moradores em férias, somado à temporada de sol e praia, existe a preocupação com excessos nas estradas. “Comemorações e divertimentos são bem-vindos, mas com responsabilidade. No trânsito, não há espaço para excessos”.
Ele ainda o excesso de velocidade, ultrapassagem forçada, conduzir sob efeito de álcool e distrair-se durante a condução, como ocorre com o celular, como as principais causas de acidentes nesta época.
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