Insônia atinge mais de 1 milhão de pessoas no Espírito Santo
Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), a insônia afeta, em média, 40% da população
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Dormir mais de oito horas por noite é considerado um luxo para muitas pessoas. Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), a insônia afeta, em média, 40% da população.
Considerando a projeção da população de 20 a mais de 80 anos, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente no Estado 1.206.576 pessoas sofrem de insônia.
Segundo a ABS, a insônia consiste na dificuldade em adormecer, em manter o sono, despertar precoce matutino ou pela percepção de sono não repousante associada a prejuízos na funcionalidade diurna, isto é, dificuldades de memória, concentração, aumento da irritabilidade, fadiga, prejuízos sociais e laborais e sonolência diurna.
A pneumologista e presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, Jessica Polese, destaca que na pandemia estudos apontaram que mais de 70% da população brasileira teve alguma dificuldade para dormir.
“O brasileiro já é um povo mais ansioso, em relação ao resto do mundo, e a pandemia piorou ainda mais”.
Psiquiatra e especialista em Medicina do Sono, Laís Fardim afirma que a insônia pode acontecer em qualquer faixa etária.
“Existem grupos mais vulneráveis, como os idosos, devido à degeneração da região do sistema nervoso central – responsável pela regulação do sono, devido ao uso de outras medicações para tratar outras comorbidades e por ele ficar mais em casa, prejudicando a produção de melatonina. As mulheres são mais vulneráveis do que os homens”.
O pneumologista e especialista em Medicina do Sono, Sergio Barros, afirmou que tem percebido um aumento de pessoas com insônia e que para tratá-la é preciso saber o que está causando o quadro.
“A insônia é um sintoma. E uma das características dela é a percepção equivocada do risco da privação de sono. Identificamos a causa e pode ser usado um indutor de sono de maneira criteriosa ou mudanças comportamentais”.
Já a médica pneumologista e especialista em Medicina do Sono, Simone Prezotti, lembra que o diagnóstico da insônia é clínico, não precisa de exames.
“Certamente há um aumento do número de pessoas com insônia. A pandemia ajudou a piorar as queixas de sono. A insônia é considerada crônica quando a pessoa tem sintomas pelo menos três vezes por semana há mais de três meses”.
Ela chama a atenção para quem posterga o horário de começar a dormir, ficando horas nas redes sociais à noite, por exemplo.
Conversas e canções para a bebê à noite
A necessidade de tomar remédios para dormir veio no início da pandemia da covid-19, depois que um advogado, hoje com 33 anos, perdeu os avós para esse vírus.
Ele toma zolpidem e outro medicamento, como revelou a sua esposa, uma profissional de saúde, de 31 anos. Ela, que pede para o seu nome não ser divulgado para preservar o marido, disse que o advogado, durante o sono, à noite, conversa e até canta para a filha do casal, uma bebê de cinco meses.
“Ele fala sobre júri, sobre coisas que acontecem no seu dia a dia, canta músicas para a nossa bebê e, no dia seguinte, não lembra de nada”, contou.
Segundo ela, o zolpidem faz com que ele durma cerca de três horas, mas é preciso tomar outro medicamento para que ele consiga dormir mais horas durante a noite.
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