Idosos voltam à sala de aula para aprender sobre celular no ES
Busca para conhecer melhor a tecnologia e saber como utilizar o celular cria novas possibilidades para pessoas mais maduras
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“Lembre-se de que as pessoas podem tirar tudo de você, menos seu conhecimento”. A frase de Albert Einstein explica parte do empenho de alunos mais maduros e idosos de voltarem a estudar e a seguir essa busca constante por evolução.
“Eu não tinha contato com computador, agora estou usando Instagram, YouTube e estou gostando. Estou me sentindo mais incluída na sociedade. Descobri um novo universo de possibilidades”, destacou a aposentada Juvecina Rosa de Jesus Rebello, 73 anos.
Ela é aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Hilldebrando Lucas, em Vitória. Juracy Cardoso da Costa, 69, Genilda Batista Gouvea, 55 e Edineuza Carvalho da Silva Souza, 52, também estudam na escola.
Edineuza contou que ficou 33 anos fora da sala de aula e voltou há pouco mais de três anos. “Do jeito que está a tecnologia, a gente tem que voltar a estudar para acompanhar. Eu não tinha muito acesso. Redes sociais como Instagram, Tik Tok, comecei a usar depois que voltei a estudar”.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) disponibilizou chromebooks para cada estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com vistas a desenvolver as habilidades da cultura digital.
O diretor da escola, Glauber Silveira da Silva, acrescentou que há também a disciplina de práticas e vivências, voltada para a aplicação dos aprendizados dos alunos.
Além de projetos em funcionamento, também há ideias sendo colocadas em prática. Rodrigo Luiz Vancini é professor e pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e idealizador da Move Age, uma startup de envelhecimento ativo.
O projeto está em fase inicial de promoção de cultura. O objetivo é levar a cultura digital e ferramentas para resolver problemas do dia a dia dos idosos. “Passa justamente pela inclusão digital. Como envolve investimento, consegui implementar uma das fases”.
Ele está criando uma startup. “É um protótipo mínimo escalável. Já fui selecionado em projeto do Sebrae. Embora muita gente fale que o investimento em educação é importante, na prática é difícil uma empresa investir para a coisa rodar. Para criar o negócio foram mais de quatro anos de desenvolvimento”, destacou o professor.
Outros aprendizados
Aulas de música
Criadora do projeto de extensão “Música na Maturidade”, da Faculdade de Música do Estado (Fames), a professora de flauta doce Letir Silva de Souza revelou os benefícios das aulas para os estudantes.
“A gente trabalha muito a respiração diafragmática, que é mais profunda e leva mais oxigênio para o cérebro, o que melhora a memória, atenção, concentração. Previne Alzheimer, doenças do cérebro”.
Ela contou que as aulas, gratuitas, são por partitura, não por ouvido. “Eles têm que forçar a mente para aprender”. As turmas são abertas na Fames uma vez por ano para pessoas com 60 anos ou mais.
| Você sabia
Um total de 14% da população do Espírito Santo é idosa, o que equivale a 574 mil pessoas acima de 60 anos. O dado foi apontado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Saiba mais
População
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que pessoas com 60 anos ou mais representavam 14,7% da população do Brasil em 2021.
Dentro desse público há pessoas que estão em uma situação financeira muito confortável e têm condições de consumir produtos e serviços das mais diversas áreas.
Jovem no centro
A sociedade brasileira valoriza muito o jovem. Mesmo em um processo em que a população mais madura está aumentando, ao passo que a de jovens está reduzindo, esse modelo mental que coloca o jovem no centro continua presente.
Inclusão digital
As redes sociais hoje são uma das principais formas de “conexão” entre pessoas. Muitos profissionais maduros, que não têm acesso a elas, acabam ficando excluídos desse universo de possibilidades.
Cursos voltados para inclusão social e digital dos idosos chamam a atenção pela importância que representam, criando uma ponte entre o universo real e virtual.
Outros conhecimentos
Nunca é tarde para buscar conhecimento. Hoje existem diversos cursos gratuitos disponíveis na internet e aqui também entra a inclusão digital. Para ter acesso a esses cursos é necessário estar conectado com as novas tecnologias.
Além dos conhecimento digital, existem vários conhecimentos que são ricos e contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas com 50 anos ou mais. Um exemplo é a música.
Além de ser uma oportunidade de encontro, de socialização, dependendo do instrumento escolhido, a música também ajuda no fortalecimento de aspectos físicos.
Oportunidades
No Espírito Santo, especialistas apontam que existem uma série de oportunidades de negócios voltadas para este público que ainda não são exploradas.
Faltam baladas personalizadas para este público, com horários que respeita o relógio biológico da maioria, podendo começar às 19 horas e encerrar meia-noite, por exemplo.
Faltam academias particulares com a atenção mais detalhada para o idoso. Cabe aos empreendedores ficarem atentos às oportunidades de negócios.
Criatividade
No mercado, existe uma série de possibilidades de novos negócios. Mas é preciso ter curiosidade para identificar uma criatividade para transformá-la em projeto, além de coragem para transformá-la de fato em um negócio.
Existem diversas formas de exercitar a criatividade, como desenhar, escrever, ver filmes, ler livros, passear, fazer atividades físicas, observar as coisas e as pessoas, por exemplo.
Fonte: Especialistas citados e pesquisa AT.
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