Grande Vitória já tem mais de mil moradores de rua
Prefeituras dizem que o número de pessoas vivendo em praças e embaixo de pontes aumentou durante a pandemia
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Depois de quase dois anos de pandemia de covid-19, os impactos também têm sido sentidos nas ruas da Grande Vitória. O número de pessoas sem moradia aumentou e mais de mil delas têm vivido em praças, embaixo de pontes ou de marquises.
Em Vitória, a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, confirmou o aumento, se comparado o número de abordagens nos últimos anos. “Em 2021, tínhamos média de 322 pessoas vivendo em situação de rua. Já em janeiro deste ano, tivemos 352 abordagens”.
A secretária explicou, no entanto, que a população de rua é flutuante, já que ela circula muito pela Grande Vitória.
Cintya Schulz destacou que, além disso, também tem sido percebido o crescimento de pessoas nas ruas, tanto comercializando itens em semáforos, como pedindo ou fazendo uso de substâncias como álcool.
“A perda de emprego, da renda ou a morte de familiares acaba ampliando esses cenários. Também temos visto o aumento das crianças trabalhando”, citou.
A Prefeitura de Vila Velha informou que, no município, são aproximadamente 240 pessoas em situação de rua atualmente.
Em comparação com 2020, no início da pandemia, a Secretaria de Assistência Social afirmou que o aumento foi de 15%.
Na Serra, o número de abordagens também cresceu. Em 2019, antes da pandemia, foram abordadas 728 pessoas em situação de rua, conforme informou a Secretaria de Assistência Social. Já durante o ano de 2021, foram 931.
Em Guarapari, a média de pessoas vivendo nas ruas está entre 190 a 200. A prefeitura destacou que observa-se um aumento do fluxo no município devido ao período de verão.
Mesmo assim, em comparação com janeiro de 2020, houve aumento, já que a cidade tinha, em média, 80 pessoas em situação de rua.
Em janeiro do ano passado, passou a ter cerca de 90 e 100.
Em Cariacica, se comparado com 2019, houve redução de pessoas vivendo nas ruas. Mesmo assim, até o momento, 319 já foram abordadas este ano sem residência e vivendo nas ruas.

Sonho de voltar a trabalhar em cozinha
Há mais de um ano, o colchão no chão, na região do Sambão do Povo, em Vitória, tem sido o endereço de um cozinheiro, de 37 anos.
Ele contou que desentendimentos na comunidade e a perda do emprego, em uma rede de restaurantes, o levaram a ficar sem um lugar para viver. “Comecei a usar drogas há seis anos, e isso acabou prejudicando o meu emprego com o tempo. Hoje, faço alguns bicos”.
Segundo o cozinheiro, tem aumentado o número de pessoas nessa situação e buscando um local para viver nas ruas.
Sobre o futuro, ele diz que tem conversado com equipes da prefeitura para tentar deixar o vício em drogas e recomeçar a trabalhar. “Meu sonho é voltar a cozinhar e ter um emprego”.

Liberdade na vida embaixo da ponte
Vivendo embaixo de uma ponte na região da Vila Rubim, em Vitória, um morador de rua de 37 anos afirma que encontra a liberdade que busca ali mesmo, em seu canto, cercado por cobertores e panos.
Ele cita que tem observado aumento no número de pessoas buscando espaço nas ruas nos últimos anos. “Não é uma vida fácil. Cada um que chega, vive uma realidade diferente para estar aqui”.
Prefeituras ampliam serviços e abordagens
Com o aumento do número de pessoas vivendo nas ruas, prefeituras da Grande Vitória têm ampliado os serviços voltados para esse público.
Em Vitória, a prefeitura ampliou de 155 para 195 as vagas para abrigar pessoas em situação de rua. Isso foi possível com a criação do Serviço de Acolhimento Emergencial Transitório.
Destacou, ainda, que o atendimento inicial a pessoas em situação de rua é feito pelo Serviço Especializado de Abordagem Social, que funciona todos os dias.
Entre os serviços disponíveis para as pessoas que vivem nas ruas, estão também o Centro Pop, abrigo, hospedagem noturna, Casa Lar e albergue para migrantes.
Na Serra, entre as ações para os moradores em situação de rua, está o Centro Pop, com possibilidade de higienização, alimentação, atividades educativas, entre outros.
Em janeiro, foi inaugurado o Projeto Acolher, um abrigo provisório para pessoas em situação de rua com sintomas gripais.
Já em Cariacica, foi lançado em 2021 o programa Vida Nova Cariacica, voltado a concretizar sonhos de pessoas em situação de rua. Em uma das ações, as pessoas estão passando por cursos. Também foi inaugurado, em agosto, o primeiro Centro Pop do município.
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