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Cidades

Gêmeos unidos pelo crânio são separados após nove cirurgias

Os irmãos chegaram ao Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer quando tinham oito meses de idade


Depois de nove cirurgias e prestes a completar 4 anos de idade, os gêmeos Bernardo e Arthur, que nasceram unidos pela cabeça - um caso raro - foram finalmente separados. Uma família que não desisitu, acreditou na ciência e agora renovou a esperança. 

Agora os irmãos estão separados depois de nove cirurgias. Um procedimento extremamente complexo, bancado pelo SUS. E foram quase quatro anos de espera, lembram os pais Adriely e Antônio. 

O casal de Boa Vista, Roraima, já tinha duas filhas, quando a mulher engravidou pela terceira vez. E no primeiro ultrassom, veio o baque.

"Eles falaram que era uma coisa estranha. Não eram exatamente duas crianças perfeitas. Uma cabeça com dois corpos", lembra o pai.

Mas o destino tinha outros planos. Com seis meses de gestação, Adriely começou a se sentir mal e acabou transferida para o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. No hospital, ligado à Fiocruz, Bernardo e Arthur nasceram unidos pelo crânio e pelo cérebro. 

Os irmãos chegaram ao Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer quando tinham oito meses de idade. 

Imagem ilustrativa da imagem Gêmeos unidos pelo crânio são separados após nove cirurgias
A primeira cirurgia foi batizada de cirurgia do medo, do desconhecido. As seguintes foram acontecendo com intervalos de três a quatro meses para ir desconectando, aos poucos, a veia do cérebro de um dos irmãos e dar tempo desse cérebro recompor as veias do seu sistema circulatório |  Foto: Twitter/Acervo de família

"Esses gêmeos se enquadraram na classificação mais grave, mais difícil e com mais risco de morte para os dois. Quando você tem 1% de chance, você tem 99% de fé", detalha o neurocirurgião Gabriel Mufarrej, que não contra indicou o procedimento.

Em setembro de 2019, os gêmeos completaram um ano e não conheciam outro ambiente senão o hospitalar. Arthur e Bernardo compartilhavam cerca de 15% de cérebro e dividiam também uma veia grande e muito importante que conduzia o sangue de retorno aos corações dos dois.

A primeira cirurgia foi batizada de cirurgia do medo, do desconhecido. As seguintes foram acontecendo com intervalos de três a quatro meses para ir desconectando, aos poucos, a veia do cérebro de um dos irmãos e dar tempo desse cérebro recompor as veias do seu sistema circulatório.

O médico destaca que o cérebro de criança se regenera muito rápido. Ao longo de mais de três anos de internação, a equipe médica fez inúmeras ressonâncias magnéticas e tomografias nos gêmeos para tentar entender a estrutura cerebral tão diferente e as veias que eles compartilhavam.

Mas as imagens, somente, não eram suficientes. Foi aí que os neurologistas decidiram fazer modelos cerebrais em 3D e essas réplicas foram fundamentais durante as cirurgias.

A médica pediatra Fernanda Fialho destaca os desafios após as cirurgias.

"A gente queria que eles aprendessem a andar, a desenvolver a linguagem, eles estavam no hospital e os instintos são precários. Mas a gente colocava eles no chão, cortou o cabelo deles, fez festa de aniversário, ensinou eles a falar... A gente se sente parte da família", destaca a médica. 

Cada vez que os gêmeos iam para o centro cirúrgico, tudo ficava mais complexo. Depois de sete procedimentos, o neurocirurgião decidiu buscar ajuda para a separação total e recorreu ao médico inglês Owasi Jeelani, de Londres, a pessoa que, no momento, tem mais experiência em separação de craniópagos pelo mundo. 

Cada detalhe da grande cirurgia foi ensaiado e os médicos foram divididos em dois grupos: para cuidar de Bernardo, os profissionais formaram a equipe vermelha. E para o Arthur, a equipe era azul.

"A cirurgia começou às seis horas da manhã e demorou treze horas, terminou de noite. As crianças ficaram mantidas em coma induzido, sedadas e na UTI". Ao todo, foram nove cirurgias e a última durou 23 horas, cercada de muita tensão e apreensão. E os irmãos saíram do centro cirúrgico separados.

"Eles já passaram por tanta coisa, já sofreram tanto. Eles são muito guerreiros. Nosso coração é só gratidão", afirma a mãe dos gêmeos.

"O maior sonho é ver eles recuperados, com saúde e até com uma vida social como as outras crianças. Poder estudar, poder jogar bola", destaca o pai.

As cirurgias no Instituto Estadual do Cérebro foram todas custeadas pelo SUS e o hospital foi convidado a ser um parceiro da Fundação Gemini Untwined, criada pelo doutor Owase Jeelani. A equipe do médico Gabriel Mufarrej será referência para futuras cirurgias de separação de gêmeos unidos pela cabeça na América Latina.

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