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Cidades

Gastos de até mil reais em máquinas de pelúcias

Modalidade, que não é classificada como jogo de azar, tem ganhado cada vez mais adeptos, mas o risco é a diversão virar uma compulsão


Imagem ilustrativa da imagem Gastos de até mil reais em máquinas de pelúcias
Jogadora assumida, Flávia Zanardo coleciona bichinhos de pelúcia |  Foto: Fábio Nunes / AT

Febre nos anos 90, as máquinas de pelúcia têm ganhado cada vez mais adeptos. Há casos de jogadores, principalmente jovens, que já gastaram até R$ 1 mil em um único dia.

Jogadora assumida, a professora e empresária Flávia Zanardo, de 34 anos, é integrante de um grupo no WhatsApp com 77 pessoas.

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“São jogadores e pessoas que gostam de pegar dicas. Lá, também fazemos trocas de algumas pelúcias. O grupo começou com oito pessoas. No final do ano passado, fizemos um encontro dos caçadores de pelúcias. Foi muito legal e divertido! Cada um pegou um bichinho para o 'amigo x'. Estamos sempre nos encontrando e trocando dicas”.

Flávia conta que o máximo investido em um único dia foi R$ 400, mas ela tem amigos que já gastaram até R$ 1 mil em um dia.

Quem também coleciona pelúcias é um coordenador de vendas, que tem 39 anos. Ele, que pediu para o seu nome não ser divulgado, começou a jogar em outubro do ano passado.

“De acordo com a minha psicóloga, era por causa de alguns gatilhos emocionais que estavam me prejudicando e eu acabava vendo o acesso aos bichinhos naquele sentimento de conseguir pegar tudo. Naquela emoção eu comecei a jogar ali e gastei muito dinheiro. Já teve vez que, em um único dia, gastei R$ 300 para tentar pegar um único bicho que eu queria para colecionar. A gente fixa isso na mente, que é para nossa coleção e vai gastando como se não houvesse amanhã”, contou.

Mas quando ele percebeu que em menos de 15 dias chegou a desembolsar quase R$ 1 mil, decidiu parar. “Tem praticamente dois meses que parei. Então, hoje vou ao shopping e o coração dá uma palpitada e tudo, mas eu falo, tenho coisas maiores para me preocupar e aí eu acabo não jogando”.

Outro jogador, de 24 anos, que também pediu para não ter o nome revelado, conta que foi jogando e quando percebeu, já tinha gastado R$ 1 mil em uma noite.

Titular da Delegacia Especializada de Costumes e Diversões (Decodi), delegado Márcio Braga diz que essa modalidade é não considerada jogo de azar. “Os produtos estão expostos e o jogador precisa de destreza para pegar o que deseja”.

Flávia Zanardo, empresária: “É um hobby, algo que me faz muito bem”

Apaixonada por pelúcias, a professora e empresária Flávia Zanardo, de 34 anos, joga na maquininha há mais de 15 anos e tem uma farta coleção.

Quando fala em valores, ela admite que já gastou em um dia cerca de R$ 400. “Mas tenho amigos que já gastaram muito mais, algo que se aproxima de R$ 1 mil em um único dia”.

A Tribuna - O que justifica essa paixão?

Flávia Zanardo - "Jogar nessas máquinas não significa apenas a conquista, coleções, mas traz alívio no estresse e entretenimento."

- A sua coleção conta com quantas pelúcias?

"Tenho mais de 400 pelúcias simples, que são as menores, pegas nas máquinas de R$ 2. Agora estou focando em uma coleção específica importada, dos “Feisty”. Alguns deles podem valer até R$ 1 mil e são muito raros.

São pelúcias de alta qualidade, quando você aperta a cabeça eles mudam a expressão de sorriso, para um rosto bravo mostrando os dentes.

A coleção conta com mais de 100 pelúcias e para finalizar meu catálogo faltam 12."

- Quanto gastou jogando?

"De verdade, não tenho noção, mas nos últimos dois anos tenho jogado com muita frequência. Antigamente, era só uma vez ou outra. Agora jogo muito, não determino um limite no orçamento, mas não extravaso.

Nas férias, por exemplo, eu ia todo dia, mas agora, devido à rotina e ao trabalho, só consigo ir aos finais de semana. Mas temos grupos de amigos que nos dão informações sobre abastecimento das máquinas, onde colocaram pelúcias especiais (que são as mais difíceis e raras)."

- Se considera uma “viciada” nesse joguinho?

"Viciada não, mas é um hobby. Além de gostar muito, é algo que me sinto realizada e feliz.

Foi algo que me ajudou muito no meu processo de ansiedade e depressão. Claro que é um jogo, que investimos dinheiro, mas é algo que me faz muito bem.

Você não imagina cada coisa legal que tem nessas máquinas. Tem muitos ursos eletrônicos bacanas, muita coisa legal e colecionável.

Além disso, é algo que requer algumas técnicas também, não é apenas chegar e jogar. Com o tempo vamos nos aperfeiçoando e criando mais “amizade” com as máquinas (risos)."


“Tudo que é exagerado é ruim”, alerta psicóloga

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Sátina Pimenta: cuidados |  Foto: Heytor Gonçalves / AT

“Tudo o que é exagerado é ruim e quando exageramos para não enfrentar a dor, é pior ainda”. O alerta é de Sátina Pimenta, psicóloga clínica e colunista de A Tribuna.

Segundo Sátina, toda compulsão começa pequena.

“Ela aumenta porque a descarga de prazer se torna cada vez mais necessária e, portanto, aquela quantidade não mais satisfaz. Assim como a droga, o ganhar em um jogo cria a esperança de que a felicidade é possível mesmo que momentaneamente”.

No mesmo sentido, a parapsicóloga e hipnoterapeuta Analu Lemos reforça que por traz do jogo há uma espécie de fuga ou até uma tentativa de dar um novo sentido para a vida.

Mas quando é hora de pedir ajuda? Analu Lemos orienta a ficar atento aos sinais, como ansiedade, medo, insegurança, angústia ou um vazio interior.

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|  Foto: A Tribuna

Análise

“Resultado não depende da sorte”

“Embora a diversão seja o objetivo principal desses dispositivos, questões criminais podem surgir, especialmente quando há suspeita de adulteração para fraudar resultados.

No Brasil, a exploração de jogos de azar é, em regra, proibida, sendo considerada uma contravenção penal, conforme estipulado pelo artigo 50 da Lei das Contravenções Penais.

Contudo, é importante ressaltar que as máquinas de 'pesca' de bichos de pelúcia, em sua essência, não se enquadram como jogos de azar. Isso se deve ao fato de que o resultado do jogo não depende exclusiva ou principalmente da sorte do jogador, mas sim de sua habilidade e destreza ao manobrar a garra.

Entretanto, caso haja evidências de que essas máquinas tenham sido adulteradas com o intuito de fraudar os resultados, prejudicando os jogadores, é possível configurar o crime de estelionato”.

- Cássio Rebouças, advogado e membro da Comissão de Advocacia Criminal da OAB-ES

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