Famílias pedem ajuda a psiquiatras contra efeitos do bullying
Preocupação é com casos de bullying nas escolas e na internet. Médicos alertam para risco de doenças como ansiedade e depressão
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O problema não é algo novo, mas está longe de ter fim. O bullying e o ciberbullying – no caso de ambiente virtual – podem ter consequências graves para a saúde mental de crianças e adolescentes.
As piadas, agressões e intimidações frequentes, provocadas pela prática, têm levado pais a buscarem ajuda para os filhos.
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O assunto foi tema da conferência de abertura, ontem, da XVII Jornada ABP Sudeste de Psiquiatria e a XIV Jornada de Psiquiatria da Apes (Associação Psiquiátrica do Estado).
No primeiro dia de evento, que termina hoje, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, chamou atenção para o bullying e o ciberbullying e sobre como identificar os sinais do sofrimento entre as crianças e adolescentes.
“Os pais podem perceber sinais como o filho não querer ir à escola, pedir para trocar de escola com frequência, voltar com roupas ou livros rasgados, choro frequente, entre outros”.
Segundo ele, entre as consequências do bullying estão doenças como a ansiedade, depressão, além da automutilação e suicídio.
O psiquiatra infantil e vice-presidente da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), Antonio Faria, destacou a necessidade de os pais terem atenção aos sinais de que o filho pode estar sofrendo.
Ele ainda enfatizou que o tempo de uso da tecnologia pelas crianças e adolescentes e a falta de supervisão se tornou “um enorme problema” atualmente.
“O que está faltando não é apenas criar regras para o uso, pois regras servem para ser desrespeitadas. O que falta mesmo é a comunicação com os pais, para que eles saibam e busquem entender o que acontece com os filhos”.
Ele salientou que a tecnologia tem potencializado as intimidações. “No caso do ciberbullying, além do alcance sem fronteiras, não se sabe quem está do outro lado, quem é o agressor. O que temos visto nos consultórios são quadros de ansiedade e depressão decorrentes dessa prática”.
A psiquiatra Letícia Mameri destacou que, muitas vezes, o trauma do bullying e do ciberbullying sofrido na infância deixa cicatrizes, que podem impactar pelo resto da vida da pessoa.
“A pessoa pode desenvolver uma série de problemas psiquiátricos relacionados a esses traumas. Eles podem vir ainda na época em que acontece ou tardiamente”.
SAIBA MAIS
Bullying e ciberbullying
Bullying é um fenômeno que sugere ato de violência física ou psicológica, praticado por uma ou mais pessoas, de forma intencional e frequente, contra uma ou mais vítimas, sem motivação evidente, causando dor e angústia.
O Bullying pode estar presente em todos os lugares, desde escolas, espaços comunitários e até em casa.
Quando acontece no ambiente virtual, é conhecido como ciberbullying.
Sinais de que seu filho está sofrendo bullying
Não querer ir à escola.
Sentir-se mal perto da hora de sair de casa ou durante o período das aulas.
Pedir para trocar de escola com frequência.
Voltar da escola com roupas ou livros rasgados.
Alterações extremas de humor.
Diminuição do rendimento escolar e abandono dos estudos.
Isolamento social.
Aparecimento de hematomas e feridas após a aula.
Choro frequente.
Sintomas
Tristeza constante e irritabilidade.
Agressividade.
Autodestruição e sentimento de vingança.
Baixa autoestima.
Ansiedade e medo.
Sentimentos negativos.
Problemas interpessoais e dificuldades no relacionamento.
Mudança no apetite.
Problemas que podem estar relacionados ao bullying
Depressão.
Ansiedade.
Automutilação / suicídio.
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