Família é condenada a prisão pela morte de 11 animais no Centro de Vila Velha
Pai, mãe e filha foram indiciados por maus-tratos e estelionato após uma operação de resgate que ficou conhecida como "Apartamento da Morte"
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O caso da família responsável pelo "Apartamento da Morte", em Vila Velha, chegou a um desfecho na Justiça do Espírito Santo. Pai, mãe e filha, que eram donos de um abrigo, haviam sido indiciados após a Guarda Municipal encontrar onze animais mortos e outros quatro com sinais de desnutrição em um imóvel no centro da cidade, em janeiro de 2021.
A ocorrência de maus-tratos foi descoberta após a denúncia de vizinhos do prédio, que informaram que havia um apartamento exalando um cheiro forte e com larvas saindo do local. Na época do crime, a Guarda Municipal afirmou que, pelos indícios, a suspeita era de que os cães que sobreviveram estariam se alimentando dos animais mortos — cinco gatos e seis cachorros, no total.
O crime foi investigado pela Polícia Civil em uma ação conjunta com uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos Contra Animais da Assembleia Legislativa do ES. Um dos ouvidos pela CPI foi o ex-síndico do prédio, que contou que os animais chegaram a ficar mais de um mês fechados no imóvel, sem qualquer tipo de assistência.
Durante as investigações, a Justiça determinou a interdição do Abrigo Au-Au Carente e o recolhimento de 36 animais que se encontravam no local, no bairro Carapebus, na Serra.
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Condenação
Com a conclusão do inquérito da Polícia Civil, os três membros da família foram indiciados e julgados na 7ª Vara Criminal de Vila Velha.
Segundo informações do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), a mãe, que era responsável pelo abrigo de animais juntamente com o seu marido, pediu para que a filha cuidasse temporariamente de alguns dos cachorros em seu apartamento, devido à falta de espaço no abrigo.
A dona do apartamento, porém, foi acusada de maus-tratos por abandonar os animais sem água e comida em um ambiente que foi encontrado pelas autoridades em condições insalubres.
A filha dos responsáveis pelo abrigo alegou que estava sofrendo perseguições do síndico do prédio onde morava. Ainda segundo o TJES, ela também teria contado que, por sentir pavor de ficar no local, passou um período fora e teria começado a usar drogas.
O caso ainda ganhou um novo capítulo quando testemunhas ouvidas no processo afirmaram que os acusados ainda teriam promovido uma "vaquinha online" na página do abrigo em uma rede social. Segundo eles, a arrecadação não teria sido utilizada em prol dos animais.
No entanto, o juiz entendeu que não haviam provas suficientes de que a família teria obtido vantagem econômica na realização da vaquinha e, por isso, eles foram absolvidos do crime de estelionato.
Já pela morte dos cinco gatos e seis cachorros e as más condições de desnutrição em que os animais foram encontrados, o magistrado condenou os acusados a três anos, dez meses e 20 dias de prisão, além do pagamento de multa e proibição de guarda de animais pelo mesmo prazo.
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