Exemplo da Coreia do Sul para ser usado em escolas no ES
Além do envolvimento familiar, educadores do Estado destacaram a infraestrutura e o ensino em tempo integral do país asiático

Uma comitiva com 25 gestores de escolas particulares do Espírito Santo esteve na última semana na Coreia do Sul para conhecer de perto práticas que transformaram o país em referência mundial em educação.
A viagem fez parte da 10ª edição da Missão Educacional, promovida pelo Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Estado do Espírito Santo (Sinepe-ES).
No itinerário do grupo capixaba, que saiu de Vitória no último dia 8 e retorna hoje, estavam visitas a nove instituições de ensino, além de encontros com especialistas e atividades culturais – tudo custeado por eles.
O país asiático é considerado uma das maiores referências educacionais do mundo.
Para o presidente do Sinepe-ES, Moacir Lellis, conhecer esse modelo reforça a importância de aproximar as famílias da escola.
“Os pais participam intensamente da vida escolar. Alguns vão voluntariamente servir as refeições aos filhos nas escolas. Aos sábados, as escolas se transformam em espaços de convivência, com uso de piscinas e campos de futebol. A integração é um diferencial”.
Além do envolvimento familiar, os educadores capixabas destacaram a infraestrutura e o ensino em tempo integral, tanto em escolas públicas quanto privadas.
Todas as salas são equipadas com lousas digitais, carteiras com rodinhas – que permitem configurações diferentes nas atividades em sala–, além de bibliotecas e ambientes aconchegantes.
Nas visitas às escolas, Moacir também contou que a cultura e a música estão no centro da formação. “Toda criança tem que aprender a tocar um instrumento. Nas escolas, há pianos e salas dedicadas à prática musical”.
Para Lellis, a experiência pode render frutos concretos no Espírito Santo. “Não vamos copiar tudo, porque faz parte da cultura deles, mas entendemos que precisamos envolver mais as famílias e valorizar a base do ensino”.
A vice-presidente do Sinepe-ES, Roberta Pezzin Bonelli, frisou que a viagem representa uma oportunidade estratégica para ampliar horizontes, trazer referências internacionais e fortalecer a reflexão sobre os caminhos da educação.
Segundo ela, foi possível compreender como a sociedade coreana valoriza a educação como eixo central do desenvolvimento nacional.
FIQUE POR DENTRO
10ª Missão do Sinepe-ES
Um grupo de 25 gestores e diretores capixabas viajou para a Coreia do Sul para participar da 10ª edição da Missão Educacional, realizada pelo Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES).
Coreia do Sul
fica no leste da Ásia, localizada na metade sul da Península da Coreia. Compartilha uma das fronteiras mais militarizadas do mundo com a Coreia do Norte.
É conhecida pelo interior verde, com colinas repletas de cerejeiras e templos budistas com séculos de existência, além de cidades com tecnologia avançada, a exemplo da capital Seul.
Após os investimentos em educação, o país – que saiu devastado da Segunda Guerra Mundial e da Guerra das Coreias – se transformou em uma das maiores referências globais em ensino.
Destaque na educação
O país asiático é reconhecido pela disciplina, rigor acadêmico, valorização dos professores e uso de metodologias inovadoras.
Entre os bons indicadores educacionais, o país está entre as cinco melhores notas globais em Ciências e Leitura, além da 6ª colocação em Matemática no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgado em 2023.
O programa, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), avalia alunos de 80 nações na faixa etária dos 15 anos.
Visitas
A agenda do grupo incluiu visitas a escolas de diferentes etapas de ensino, como a Chadwick International School (creche e ensino fundamental), o Dulwich College Seoul, a Seoul Science High School (ensino médio para superdotados), Unhyun Elementary School (ensino fundamental I) e a ChangDeok Girls’ Middle School (ensino fundamental II), além da University of Seoul e da Visang Education, referência em tecnologia educacional.
Também foram feitos encontros com especialistas sobre o funcionamento do sistema da Coreia do Sul
Características do ensino
Integral
Tanto em escolas públicas quanto privadas, os estudantes têm aula em tempo integral, estudando cerca de 10 horas e ainda complementa com atividades extraclasse. A educação é obrigatória até os 15 anos.
Ensino superior
O País tem uma das maiores taxas de matriculados no ensino superior do mundo.
Mais de 80% dos estudantes concluem o ensino médio e ingressam em universidades.
O país tem 47,7% dos adultos com graduação universitária.
Valorização profissional
os sul-coreanos destinam os melhores planos de carreira e remunerações à educação básica.
A medida atrai bons profissionais, reduz a evasão escolar e garante que os jovens cheguem ao ensino superior e ao mercado de trabalho com uma base sólida. Hoje, o índice de abandono escolar na Coreia é praticamente zero.
Monitoramento
Outro ponto forte do sistema coreano é a gestão baseada em resultados. Grupos externos avaliadores, vinculados às secretarias de educação, monitoram constantemente o desempenho das escolas.
Os dados são públicos e servem de base para políticas de incentivo: instituições bem avaliadas recebem bônus, enquanto as que apresentam dificuldades contam com orientação para melhorar.
Professores de destaque também são premiados.
Estrutura
Todas as escolas, públicas e privas, têm uma boa estrutura, com salas amplas, ambientes aconchegantes, bibliotecas e lousas digitais.
A integração da tecnologia ao cotidiano das salas de aula é marcante, dinamizando o ensino.
Integração das Famílias
Um dos pontos altos da educação é a parceria forte das escolas com as famílias. Elas acompanham de perto a educação dos filhos e se fazem presente no cotidiano escolar.
Elas aproveitam as estruturas de lazer, como piscinas e quadras das escolas, até nos fins de semana.
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