“Eu tinha que usar droga todo dia”, diz ex-dependente químico
Rodrigo era usuário de drogas, foi preso na casa de custódia, local onde, segundo ele, conheceu o crack e enfrentou a depressão
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Livre das drogas há seis anos, Rodrigo Dalcomuni Frigerio, de 39 anos, contou como foi o primeiro contato com a maconha, aos 14 anos.
Aos 20 anos, Rodrigo foi detido por tráfico de drogas e passou seis meses preso na casa de custódia, local onde, segundo ele, conheceu o crack e enfrentou a depressão.
A Tribuna – Como foi encarar a realidade de que tinha sido preso?
Rodrigo Dalcomuni Frigerio – Sempre fiz de tudo, mas encarar a realidade de uma prisão foi bem difícil. Lá, enfrentei a depressão e comecei a usar crack.
Quando saí, consegui ficar apenas quatro dias sem usar droga, mas depois foi uma sequência. Não consegui mais parar e fui decaindo. A minha família já não queria saber mais de mim.
O que você se arrepende de ter feito por causa do crack?
Eu peguei algumas coisas de dentro da casa da minha mãe e vendi para sustentar o meu vício. Vendi muita coisa. Eu não tinha esse costume, mas por causa do vício eu não conseguia ficar sem as drogas. Eu tinha que usar droga todos os dias. Se não usasse, ficava nervoso, estressado.
Quando você percebeu que precisava de ajuda?
Quando eu vi que não estava tendo oportunidade. A sociedade já não ficava perto de mim. Nessa época eu tinha 25 anos. Nesse período, eu consegui parar umas três vezes. Mas eu não parava de verdade.
Eu ficava enganando a minha família, dizendo que queria parar, mas a vontade era de ficar usando drogas. Só falava que queria parar para eu poder ficar dentro de casa.
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Quando você realmente teve vontade de parar e conseguiu aceitar ajuda?
Foi quando minha mãe trancou o portão e disse que eu não poderia mais entrar em casa a não ser que procurasse ajuda. Foi então que procurei o projeto Nova Aliança, que é uma casa de reabilitação que fica em Cariacica.
Eu já tinha participado do projeto quando minha família tentou me ajudar, mas fui expulso por conta de uma confusão. Lá não podia brigar.
No meio de todo aquele transtorno com minha família, certa vez passei uma semana morando na rua. Quando minha mãe não me deixou mais entrar dentro de casa eu não tive outra opção, pois não tinha mais para onde ir. Não queria voltar para a rua e tive que recorrer ao projeto.
Como foi retornar para o projeto e estar há 6 anos sem drogas?
Eu fui recebido de braços abertos. Foi muito, muito difícil. Eu tive que me esforçar para mudar, para sair das drogas. Às vezes me dava uma vontade enorme de ir embora por causa da abstinência. É uma luta diária, mas estou liberto das drogas há seis anos.
Como é a sensação de estar sem usar drogas há seis anos?
Hoje em dia eu tenho novamente a confiança da minha família. Antes tinha sido expulso e hoje eles me ligam para que eu vá visitá-los. É uma alegria muito grande poder andar de cabeça erguida.
Sou casado há dois anos e sou voluntário no projeto que me ajudou. Eu dou testemunho da minha vida e mostro que é possível vencer as drogas, basta querer. Eu falo que a jornada é difícil, mas é possível sair das drogas.
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