Estudantes querem mais preparação para o trabalho no ensino médio
Levantamento revelou que nove em cada 10 estudantes gostariam de escolher área para aprofundar os estudos no ensino médio
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Focados na carreira profissional, quase todos os jovens (98% no País e 99% no Estado) que estão cursando o ensino médio na rede pública querem uma escola que os preparem para o mercado de trabalho.
Esse é um dos recortes de uma pesquisa Datafolha encomendada pelo Movimento Todos Pela Educação. O levantamento foi feito entre fevereiro e abril deste ano, com representatividade nacional e regional, incluindo o Espírito Santo.
A pesquisa revela ainda que nove em cada 10 estudantes gostariam de escolher uma área para aprofundar estudos durante a etapa, enquanto apenas 1% afirma que não teria condições de eleger uma área para se aprofundar na última etapa da educação básica.
Para Ivan Gontijo, coordenador de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, a pesquisa aponta que os jovens querem uma escola que os preparem para o mercado de trabalho, bem como abra portas para o ensino superior.
Os resultados da pesquisa, segundo ele, mostram que essa é uma grande prioridade para as próximas gestões, tanto no governo federal quanto nos estados.
Elias Gomes, consultor de carreiras, enfatiza que a qualificação não é só importante para o primeiro emprego, mas também para a continuidade da carreira, para aqueles que desejam alcançar novos patamares profissionais.
Segundo ele, os jovens de hoje em dia são muito bem informados. “Muitos já começam a vislumbrar lá na frente e percebem que o que está sendo conduzido no ensino médio não vai muito ao encontro do que o mercado exigirá”.
Kátia Vasconcelos, professora e pesquisadora da área de gestão de pessoas na Universidade Federal do Espírito Santo, destaca que o resultado da pesquisa reflete a necessidade de cada vez mais se alinhar os conteúdos educacionais no que é requerido pelo mercado de trabalho.
“Isso significa preparar esses futuros profissionais às competências requeridas. É fundamental que as escolas atuem no sentido de desenvolver essas competências, explorar o crescimento crítico e a capacidade de aprender a aprender sempre”.
“Trabalho desde os 15 anos”, diz aluna
Sonhando em cursar uma faculdade de Direito, a estudante Letícia Lourenço, 18 anos, conta que começou a trabalhar aos 15 anos para ajudar financeiramente a mãe, que é auxiliar de serviços gerais.
A jovem, que está no 3º ano do ensino médio, mora com a mãe, dois irmãos e uma sobrinha, e todos os dias enfrenta uma jornada dupla, com estágio pela manhã e escola à tarde.
“Comecei a trabalhar muito nova para ajudar nas despesas de casa, nas contas de energia e internet. Estou há um ano fazendo estágio em um hospital, que é relativamente perto do meu colégio, para dar tempo de estudar”.
Para ela, sua realização vai além de ajudar a mãe. “Hoje me sinto uma pessoa mais preparada para o mercado de trabalho”, comemorou.
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