Estudante de 12 anos encara desafio e nada 15 km no mar
Cauã Souza Pereira, de 12 anos, completou a ultramaratona aquática da Travessia Morro a Morro, em Vila Velha, em 4 horas e 20 minutos
O estudante Cauã Souza Pereira, o Dentinho, de 12 anos, participou no dia 30 de novembro de um dos percursos mais exigentes de águas abertas do Espírito Santo. Ele completou os 15 km da ultramaratona aquática da Travessia Morro a Morro, em Vila Velha, com tempo de 4 horas e 20 minutos.
Segundo o pai, Fagner Vaillan, o desafio foi marcado por correntezas, ventos fortes e trechos longos. Ainda assim, o jovem manteve o ritmo durante todo o percurso.
Cauã iniciou na natação em 2023, sem objetivo competitivo. A primeira medalha veio após poucos meses, seguida por uma prova de 8 km em águas abertas, que chamou a atenção da família e de técnicos. A partir daí, o interesse pelo esporte ganhou força.
Hoje, a rotina envolve treinos diários, alternando natação, corrida, pedal, funcional e pilates, conciliados com a escola no período matutino. “Ele treina como gente grande, mas vive como criança de 12 anos, com escola, tarefas, família e responsabilidades”, explicou Fagner.
A preparação para os 15 km incluiu treinos específicos no mar e acompanhamento profissional. Para o pai, a experiência foi marcada pela resiliência do jovem ao lidar com as mudanças de maré, quedas de temperatura e ondulação ao longo do trajeto.
A chegada foi apontada como o momento mais marcante. “Ver um menino de 12 anos completar 15 km de mar aberto, com uma maturidade que poucos adultos têm, emocionou todo mundo na praia”.
A meta é que o jovem continue ampliando experiência e base técnica no triatlo, mantendo disciplina e evolução progressiva.
Essa foi a terceira edição da travessia, que percorre pontos turísticos e históricos da cidade, como o Morro do Moreno, Praia do Bananal, Farol de Santa Luzia e Ilha das Garças. Idealizador da prova, Bruno Araújo conta que o desafio nasceu informalmente em 2019, quando um grupo de nadadores da Praia da Costa passou a percorrer distâncias maiores.
A prova foi oficializada apenas em 2022, após adiamento causado pela pandemia. Desde então, reúne atletas do Espírito Santo e de outros estados. Embora a participação infantil não seja comum, a organização reforça que menores só participam com autorização, avaliação técnica e acompanhamento rigoroso.
Amigos ganham destaque com “Volta ao Mundo”
Um grupo de seis amigos capixabas alcançou um feito relevante ao concluir o desafio mundial “Volta ao Mundo” (Swim the World) na 12ª colocação. Criada há cinco anos, a competição desafia nadadores de todo o planeta a somarem, ao longo dos 30 dias de novembro, a distância equivalente à circunferência da Linha do Equador, um total de 40.075 km.
Nesta edição, 328 equipes e mais de 1.500 nadadores de diversos países participaram do desafio. O grupo capixaba, identificado como Equipe Swimming For Life, tinha como objetivo colocar Vitória em destaque na classificação geral.
Formada por Bernardo Manzo, Rovana Agrizzi, Cedric Sartori, Cesar Saade, Fabian Sá e Leonardo Hees, a equipe finalizou o mês somando 415,16 km percorridos em treinos realizados na Praia de Camburi e na Curva da Jurema.
A ideia de criar o time partiu de Bernardo, que nada desde os 12 anos. “Pensei em criar uma equipe com uma galera que eu sei que nada para caramba. Quis contribuir um pouco com esse desafio de completar o percurso”, diz o economista.
A preparação foi praticamente imediata: a decisão de participar veio apenas dois dias antes do início do evento. Bernardo ficou responsável pelo contato com a organização e encaminhava, semanalmente, o total nadado para atualização do ranking.
O Swim The World superou sua meta neste ano, atingindo 41.516 km somados pelas equipes. A Swimming For Life contribuiu com aproximadamente 1% desse total e acabou sendo convidada pela organização para participar do desafio Europa–Ásia em 2026.
“Nós ficamos muito felizes de ter concluído e ficado relativamente bem posicionados, é muito gratificante. E a turma já topou esse novo desafio, mas eu ainda estou pensativo”, revelou Bernardo.
“O mais importante é que o Cauã ama o que faz” diz Fagner Vaillan
Orgulhoso dos feitos de Cauã, Fagner Vaillan explica que o filho sempre se mostrou dedicado e disciplinado desde as primeiras braçadas, ainda pequeno.
A Tribuna - Em que momento você percebeu o interesse dele pelo esporte?
Fagner Vaillan - O interesse pelo esporte começou a ganhar força muito cedo. A gente percebeu que havia algo diferente nele quando viu a alegria com que entrava na água, a concentração, a disciplina natural e a vontade de aprender mais a cada dia.
Não era só brincadeira, era paixão. Ele começou como qualquer criança: aulas básicas, adaptação ao meio líquido, aprender a respirar, flutuar e se divertir. Mas rapidamente ficou claro que o Cauã tinha algo a mais.
Enquanto outras crianças brincavam, ele queria repetir o movimento, queria melhorar a técnica, queria ir um pouquinho mais longe.
Como você descreve a experiência de acompanhar o Cauã nos 15 km do Desafio Morro a Morro?
Foi uma das experiências mais intensas, desafiadoras e emocionantes da nossa vida. Ver um menino de 12 anos encarar o mar aberto com tanta coragem, fé e determinação é algo que marca para sempre. Foram meses de treinos, adaptação ao mar, foco, disciplina e superação diária.
Na prova, o mar mudou várias vezes. Vento contra, água fria, ondulação forte, animais marinhos… e o Cauã seguiu firme.
Mesmo quando o corpo cansava, a fé e a mente forte o empurravam para frente. Ele nunca perdeu o foco. Ver um menino de 12 anos completar 15 km de mar aberto, com uma maturidade que poucos adultos têm, emocionou todo mundo na praia. Foi um momento de honra e glória a Deus.
Quais são as suas expectativas para o futuro do Cauã no esporte?
As expectativas para o futuro do Cauã Dentinho no triatlo e no esporte são as melhores possíveis — mas sempre com os pés no chão e o coração no lugar certo.
A família enxerga o desenvolvimento dele com muito orgulho, responsabilidade e respeito ao tempo de crescimento de uma criança de 12 anos. Que ele continue evoluindo no esporte, construindo uma base sólida, técnica, emocional e física. O talento do Cauã é evidente, a disciplina impressiona, mas o mais importante é que ele ama o que faz.
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