Estudante com deficiência visual: “Animais me ajudam a enfrentar o preconceito”
Dieyson Gonçalves é o primeiro aluno com deficiência visual total a cursar Medicina Veterinária em faculdade de Vila Velha
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Dieyson Gonçalves nasceu cego, mas preferiu “enxergar” nos animais a chance de enfrentar a discriminação e viver com fé no futuro.
Aos 20 anos, decidiu deixar a casa dos pais para trabalhar e hoje, com 35, é pai e o primeiro aluno com deficiência visual total no curso de Medicina Veterinária em uma universidade de Vila Velha.
“Os animais me devolveram a esperança. Os animais me ajudam a enfrentar o preconceito”, disse ele.
Dieyson é morador de Alfredo Chaves, onde é conhecido como “Dieyson dos Cavalos”, por ter trabalhado alguns anos no Clube do Cavalo do município.
No local, ele disse que sempre soube e ainda sabe exatamente onde está cada animal. No tato e no trato, Dieyson revelou que enxerga nos cavalos o que os olhos não conseguem.
“O segredo é amor pelos animais. Você tem de entendê-los da melhor maneira possível, que aí você tem o que quiser com eles”, ressaltou.
E foi o amor por cuidar de animais que levou Dieyson a prestar vestibular para o curso de Medicina Veterinária na Universidade de Vila Velha, onde ele já cursa o segundo período.
Para os estudos no município da Grande Vitória, ele conta com o auxílio da Prefeitura de Alfredo Chaves, que cedeu um carro e um motorista que o leva e busca nos dias das aulas presenciais.
Na sala de aula, ele conta com o auxílio de professores capacitados e materiais didáticos adaptados. Em casa, para as atividades on-line, o universitário utiliza aplicativos e programas com dispositivos de voz, que verbaliza para ele por meio da inteligência artificial os conteúdos.
“Sou bolsista e amo a disciplina Anatomia, mas gosto de todas, na verdade. Os professores me dão total atenção. Estou realizando um sonho mesmo”, complementou.
Para o futuro, ele contou que quer cuidar de animais de grande porte e sonha em montar um projeto de equoterapia para que crianças cegas e com outras necessidades possam ser beneficiadas.
“Fui me adaptando à minha realidade de cego” - Dieyson Gonçalves universitário
- A Tribuna: Quando surgiu esse amor pelos animais?
- Dieyson Gonçalves: Ainda na infância. Sempre gostei dos cavalos, fui me adaptando à minha realidade de cego para cuidar deles.
- O que te chama atenção nos cavalos?
- Cavalo demonstra força, coragem. Reparem que em todas as grandes batalhas têm esses animais. Coragem é o que eu sempre precisei ter para driblar o preconceito e alcançar meus objetivos.
- O preconceito ainda existe na sua vida?
- Hoje, não. Nem na minha cidade, nem na universidade onde estudo. Mas já passei por várias situações. Tudo escolhi deixar no passado.
- Qual conselho você deixa para quem também é cego e quer ser um universitário?
- Procurem ajuda especializada quando mais novos para a adaptação ser mais tranquila. E estudar e ter dedicação. Após isso, é só sucesso!
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