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Cidades

Especialistas alertam para excesso de álcool entre jovens de 13 a 17 anos

Especialistas alertam para o consumo excessivo de álcool entre adolescentes no primeiro verão após a fase crítica da pandemia


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Imagem ilustrativa da imagem Especialistas alertam para excesso de álcool entre jovens de 13 a 17 anos
O psiquiatra Valdir Ribeiro Campos afirma que consumo de bebidas alcoólicas nessa faixa etária é preocupante. |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

Experimentar bebida alcoólica é uma realidade que vem acontecendo cada vez mais cedo  no Estado: 65,6% dos estudantes de 13 a 17 anos já experimentaram o líquido. 

Com a chegada do verão, o primeiro após a fase mais crítica da pandemia, a preocupação é ainda maior para essa situação e  o  alerta de especialistas é para que menores de 18 anos não consumam bebida alcoólica.  

Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2009/2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados este ano.

“O alerta para os jovens é devido às alterações no sistema nervoso central que a bebida alcoólica causa.  Muitos misturam álcool com outras drogas e ficam agressivos. Então, o alerta é para cuidado com as festas, como a de Ano Novo”, diz a  médica endocrinologista e metabologista Priscila Pessanha.

A médica observa  que toda vez que se inicia o consumo da bebida, a pessoa está mais sensível. 

O psiquiatra, especialista em dependência química e presidente da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), Valdir Ribeiro Campos, afirma que o consumo tão precoce de álcool interfere na formação do cérebro e, por consequência, da personalidade.

“O álcool não é uma droga qualquer, ele é tóxico para o organismo. O consumo nessa faixa etária é preocupante”, afirma.

A psicóloga Paula Jenaína orienta que pais ou responsáveis podem evitar, com diálogo, esse consumo excessivo no verão, que é quando ocorrem mais festas. 

“É importante uma supervisão, um fortalecimento de vínculo, conversar sobre o uso do álcool e conhecer os amigos. É muito importante também ser um bom ouvinte e observador.”

Entre os pesquisados, 14,5% tiveram problemas com família ou amigos, perderam aulas ou brigaram porque tinham bebido. 

“O álcool pode interferir no abandono da escola. A tendência é  tendo a oportunidade de frequentar um bar ou ambiente  que terão acesso ao álcool, onde podem ter até quadro de intoxicação, consumindo em excesso, eles vão”, diz Valdir Ribeiro Campos.

Comportamento dos pais tem influência nos filhos

Se o consumo de bebida alcoólica cada vez mais precoce traz o alerta de especialistas para os perigos a que os menores estão sujeitos, tanto a pesquisa quanto os especialistas apontam que o exemplo vem de casa.

Na PeNSE 2019 foi incluída a pergunta sobre o consumo de bebidas alcoólicas pelos pais ou responsáveis. Entre os adolescentes de 13 a 17 anos, 58,4% responderam que ao menos um deles consumia bebidas alcoólicas.

O psiquiatra, especialista em dependência química e presidente da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), Valdir Ribeiro  Campos, afirma que os jovens tendem a copiar o comportamento dos pais.

“Eles aprendem por imitação. A tendência é copiar o comportamento. As pesquisas de  modo geral mostram que os jovens estão vulneráveis tanto em casa quanto na escola, na comunidade onde vivem e a bebida está disponível”.

Em relação ao exemplo dos pais, a psicóloga Paula Jenaína  observa: “Os filhos precisam ter confiança nos pais ao mesmo tempo que os pais têm que ser pais e não apenas amigos”. 

Ela aponta a necessidade de aceitação entre os colegas. “Devemos pensar em uma questão social, ser aceito entre os colegas, para fazer parte do grupo”, avalia.

Paula Jenaína destaca ainda o desejo dos adolescentes de “testar os próprios limites”. “Além do álcool potencializar o 'eu', quem era tímido usa o álcool como desculpa para se soltar, quem não tem coragem usa para ter coragem”.

A médica endocrinologista e metabologista Priscila Pessanha destaca que, em um primeiro momento, o álcool altera o sistema nervoso central e o sistema límbico. “No início, causa euforia, com mais doses vem a depressão, perde a memória recente e fica sem respostas para suas atitudes”, avalia.

Segundo Priscila, com o passar dos anos, causa lesões de células neurais, cirrose, pancreatite, diabetes e alterações cardiovasculares.


Saiba mais


Levantamento

Na Pesquisa PeNSE, para a ingestão de bebidas alcoólicas, não foi considerado experimentar o gosto ou tomar alguns poucos goles. 

Uma dose corresponde a: uma latinha ou garrafa long neck de cerveja ou vodca-ice ou um copo de chope ou uma taça de vinho ou uma dose de cachaça/pinga, vodca, uísque, etc.

A experimentação de bebidas alcoólicas foi de 65,6% para os escolares de 13 a 17 anos no Espírito Santo.  

A exposição mais precoce ao álcool é um fator agravante com  consequências para a saúde.

A PeNSE 2019 apurou que 36,9% dos escolares de 13 a 17 anos haviam tomado a primeira dose de bebida alcoólica com menos de 14 anos.  

Quanto à ocorrência de embriaguez, 48,2% dos escolares de 13 a 17 anos,  que já consumiram bebidas alcoólicas alguma vez na vida, referiram esse episódio.

Avaliando os percentuais de escolares de 13 a 17 anos que tiveram problemas com família ou amigos, perderam aulas ou brigaram, uma ou mais vezes, porque tinham bebido, 14,5% responderam que sim. 

A pesquisa investigou o consumo de pelo menos uma dose de bebida alcoólica nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa. 

Na PeNSE 2019, esse indicador foi de 30,2% para os estudantes de 13 a 17 anos.

Entre os escolares de 13 a 17 anos que consumiram bebidas alcoólicas pelo menos um dia nos 30 dias anteriores à pesquisa, o modo mais frequente de como conseguiram a bebida foi em festa (32,1%); seguido pela compra em loja, mercado, bar, botequim ou padaria (28,2%); obtenção com amigos (14,9%); e obtenção com alguém da família (11%).  

Considerando que a venda de bebidas alcoólicas é proibida no Brasil, para menores de 18 anos, conforme  o Estatuto da Criança e do Adolescente, esse indicador demonstra uma falha na aplicação e cumprimento dessa legislação, segundo a pesquisa.

Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2009/2019 - IBGE. 

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