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Cidades

Escritora Silvana Pinheiro: “Novas gerações lidam com uma vida irreal”

Escritora defende a importância da leitura para as novas gerações e aponta as mudanças causadas pelos novos tempos digitais


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Imagem ilustrativa da imagem Escritora Silvana Pinheiro: “Novas gerações lidam com uma vida irreal”
silvana pinheiro lançou recentemente o livro “Notícias para Marina” |  Foto: Aquiles Brum

A escritora capixaba Silvana Pinheiro está completando 30 anos do ofício com as palavras. Com tanto tempo dedicado à literatura, ela fala com propriedade sobre o novo momento mundial, da era da informação, que tem “roubado” das crianças o contato com histórias e narrativas.

Em entrevista ao Estúdio Tribuna Online, ela falou sobre como crianças e jovens têm se comportado nesses novos tempos tão digitais.

Estúdio Tribuna Online Nunca precisamos tanto de livros como agora?

Silvana Pinheiro Sem dúvida alguma, nós estamos vivendo num tempo da era da informação. E se por um lado ganhamos muito com toda a questão digital, com todas as oportunidades que isso traz para a vida da gente, para a sociedade de um modo geral, isso tem roubado das novas gerações o contato com as histórias, com as narrativas, que o livro possibilita.

Por quê?

Porque quando você lê, você tem contato com algo que aconteceu com alguém num determinado lugar que talvez a pessoa nunca vai acessar, a não ser por meio do livro. Isso possibilita desenvolvimento da imaginação, aquisição de informações, desenvolve uma  série de habilidades neurológicas que estão se perdendo das novas gerações que não vivenciam isso.

Você está nessa caminhada há 30 anos. Como enveredou pela literatura?

Em 1994, eu publiquei o primeiro livro, “A História de Estrela”, pela editora RHJ, de Minas Gerais, com ilustrações da Márcia Franco. Foi a minha porta de entrada. Eu já escrevia, mas não tinha a oportunidade de publicar. A minha ligação com a literatura infantojuvenil veio do trabalho como educadora.

Na época eu trabalhava na Secretaria de Educação, eu participava das leituras dos livros para selecionar para escola, e aí eu fui me encantando. Eu sempre amei ler.

A gente percebe nos seus livros a força da ilustração, que é um casamento muito bacana entre o seu texto e o ilustrador. Como é que isso funciona? 

O livro infantil é um objeto que é composto por dois tipos de textos: o verbal e o não verbal, o texto imagético, e são duas linguagens diferentes que têm que dialogar entre si. Uma editora que se propõe a trabalhar com livro para crianças precisa enveredar pelo  bom trabalho nas duas linguagens.

Você tem um novo livro chamado “Notícias para Marina”. Qual a fonte de inspiração para essa nova obra?

Nesse caso de 'Notícias' foi uma matéria de jornal sobre a história de um menino marroquino que há dois anos atrás todo mundo acompanhou nas mídias, que ele tentava atravessar o Mediterrâneo para chegar à costa da Espanha. Aquela notícia me impactou muito e o texto nasce daí, mas eu vou enveredando para outras coisas, e o texto acaba abordando como tema principal a questão da reciclagem de materiais.

Como é que você avalia esses novos tempos do digital e esse confronto que existe entre o analógico, escrita, o papel, e essas novas gerações tão dominadas pelo hábito digital?

Já existem pesquisas que começam a mostrar que a gente caminha para mudanças neurológicas, cognitivas mesmo. Hoje a gente exercita pouco a memória. A gente tem tudo à mão nessa caixinha que é o celular. Há 30 anos, até hoje eu sei qual o telefone fixo dos meus pais.

Do tempo que havia o telefone fixo!

Do tempo que havia o telefone fixo! E hoje eu não sei qual o telefone do meu filho, porque eu não preciso, na medida que a nossa vida vai “não demandando” o exercício da memória. Eu estava conversando com um senhor de 81 anos e eu fiquei impressionada com a memória dele. Eu falei: 'as novas gerações não vão ter isso mais'. O impacto, além desse, são outros, na questão do movimento do corpo. As crianças ficam muito paralisadas diante das telas boa parte dos seus dias.

Isso afeta também a capacidade de se relacionar...

Eu me lembro de um rapaz que eu atendi numa escola. Ele tinha uma série de questões familiares e um dia eu perguntei para ele: 'você não tem amigos?'.  E ele falou para mim assim: 'Eu tenho, eu tenho na internet'. Então, a questão relacional também é muito séria, a gente está vendo às vezes uma geração que diante das telas sabe se relacionar, fala tudo o que quer, porque como não aparece pessoalmente, ela tem coragem de falar, mas na relação pessoal tem pouquíssimas habilidades.

Sem falar na própria ansiedade.

Eu conversava com um especialista em Inteligência Artificial e a gente comentava que nunca os psicólogos tiveram tanto trabalho como hoje!

Você percebe essa ansiedade nessas gerações novas?

Percebo isso muito. As redes sociais às vezes mostram uma parte da vida das pessoas que é a vida que funciona, é a vida que dá certo. Em raríssimas as situações alguém vai para a rede social falar “eu estou deprimido”, “eu estou com uma doença séria”.

As novas gerações vão lidando com uma vida que é irreal, porque a vida não é só sucesso, a vida não é só coisa boa, a vida não é a família de propaganda de margarina. A vida é diferente, a realidade da vida é complexa e cheia de desafios, e às vezes isso traz um senso de comparação: “eu não vivo isso, mas eu vejo uma porção de gente que vive, o que tem de errado comigo?”.

QUEM É 

Silvana Pinheiro

Capixaba de Vitória, é escritora e orientadora familiar sistêmica, com doutorado em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo.

Silvana é autora de diversos livros de literatura para crianças, e também livros de poesia, e está completando 30 anos do ofício de escrever.

Em 1994, Silvana Pinheiro publicou seu primeiro livro, “A História de Estrela”, pela editora RHJ, de Minas Gerais, com ilustrações da Márcia Franco.

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