Emoção em alta de aluna vítima de ataque em Aracruz
Thaís Pessotti da Silva, de 14 anos, era a última estudante que estava internada, há 122 dias, por ter sido atingida com tiro na cabeça
Escute essa reportagem
Finalmente em casa! Após 122 dias internada, a adolescente Thaís Pessotti da Silva, de 14 anos, saiu do hospital na última segunda-feira e passou a se recuperar em seu lar.
A jovem foi atingida com uma bala na cabeça no atentado que chocou o Brasil em novembro do ano passado, em que um adolescente de 16 anos invadiu duas escolas em Aracruz e, com disparos de arma de fogo, matou quatro pessoas e deixou 12 feridas.
Ela é a última vítima do atentado a ter alta. O pai de Thaís, Almir Rogério da Silva, de 47 anos, comentou sobre a ida da filha para casa.
“A chegada em casa foi ótima, ela ficou muito feliz. Os avós e o irmão estavam lá para recebê-la, os cachorrinhos. Foi uma festa, uma alegria muito grande revê-los. Um momento único”, contou.
Ele disse que, para receber Thaís, a casa precisou ser adaptada, tendo a ajuda dos amigos para que no espaço pudesse ser montado um home care com a finalidade de continuar a estimulação para o corpo da adolescente, pois ela ainda não anda e não fala.
A casa possui adaptação com cama hospitalar e cadeira de banho, e também há cadeira de rodas e muletas.
Almir contou que a montagem do home care foi feita pela empresa em que ele trabalha, a Suzano, e é muito grato pelo suporte que a organização dá à recuperação de Thaís desde o início.
Em relação à saúde da filha, ele explicou que ela continua com a bala alojada na cabeça e que tem acompanhamento médico com fisioterapia, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo todas as semanas, além de um nutricionista mensalmente.
De acordo com Almir, essa fase representa um recomeço. “Thaís está reaprendendo a andar, a falar, reaprendendo os movimentos. A nossa caminhada para a recuperação dela é longa ainda, mas, se Deus quiser, ela terá uma recuperação plena. Acreditamos nisso”, disse.
Ele também contou que o próximo passo é conseguir uma vaga para a jovem na Rede Sarah, que é uma rede de referência nacional de reabilitação.
Leia mais
Mulher esquece nome de namorado e descobre meses depois de forma inusitada
Cai pela metade o número de mortes no trânsito em Vitória
Professoras não querem mais dar aulas após tiros
Vítimas do atentado em Aracruz, as professoras Degina Rodolfo de Oliveira Fernandes, de 38 anos, e Sandra Regina Guimarães, 58 anos, ainda estão em processo de recuperação em casa.
As duas, que davam aula na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, tiveram as vidas mudadas para sempre desde o dia 25 de novembro de 2022.
Degina levou sete tiros diretos e um de raspão, que atingiram sua perna e abdômen. Com isso, ela teve de passar por três cirurgias.
Atualmente, não consegue andar e utiliza um gesso na perna direita, após usar um fixador.
“Minha recuperação física está sendo bem rápida até, mas a recuperação psicológica, não. Sempre dormi bem, nunca tive problema com ansiedade, e agora tomo remédio para ansiedade e para dormir. Desde o dia, a parte mental tem sofrido bastante. Tem dias que estou bem, tem dias que não. Tem dias que sinto uma tristeza do nada”, contou sobre seu estado de saúde.
Por conta do episódio traumático, ela afirmou que não quer voltar a dar aula.
E essa também é a afirmação de Sandra. No momento, ela disse que não irá voltar a lecionar.
Presente na vida de alunos da Primo Bitti por mais de 30 anos, no dia do atentado, a professora foi atingida com oito tiros nas pernas. Seis na esquerda e dois na direita.
Atualmente, ela não anda por não poder colocar o pé no chão e utiliza cadeira de rodas. Para ela, assim como falou Degina, o físico está sendo curado, mas o lado da emoção, continua dolorido.
“A dor física não é tão grande, mas a emocional é enorme”, disse.
sobre o atentado
Primeiro atentado
O primeiro atentado aconteceu na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz, Aracruz.
No dia 25 de novembro de 2022, um jovem de 16 anos chegou à escola por volta das 9h30. O atirador dirigia um veículo Renault Duster dourado com as placas cobertas por fita adesiva.
Após quebrar um cadeado que mantinha o portão trancado, durante o intervalo das aulas, o jovem entrou pelos fundos da escola. Ele estava armado com uma pistola ponto 40 e um revólver calibre 38, que seriam do pai do jovem, um policial militar.
Além disso, ele vestia roupas camufladas, incluindo um símbolo nazista no ombro. Até julho de 2022, o jovem estudava na Primo Bitti.
Dinâmica
Após estacionar o veículo e quebrar o cadeado do portão, o jovem foi à sala dos professores, a cerca de 20 metros da entrada. Quando invadiu o local, ele disparou contra vários professores: muitos ficaram feridos e duas professoras morrem na hora.
As vítimas fatais foram Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, 48 anos, e Cybelle Passos Bezerra Lara, 45 anos. Posteriormente, Flavia Amoss Merçon, 38 anos, veio a óbito.
Segundo ataque
Depois do primeiro atentado, o jovem voltou ao carro e dirigiu ao Centro Educacional Praia de Coqueiral, a três minutos de carro da primeira escola.
O atirador chegou à segunda escola às 9h49, com arma em punho, e abriu o portão da unidade, que estava encostado. Sem encontrar obstáculos, entrou no colégio, subiu uma rampa e começou a procurar os alvos.
Por lá, atirou em três alunos. Uma delas morreu: Selena Sagrillo Zuccolotto, de 12 anos, que cursava o 6º ano do ensino fundamental.
Nas duas escolas, foram quatro mortos e 12 feridos.
Prisão
CINCO HORAS depois dos ataques, o jovem foi preso em sua casa de praia, em Marazul, também em Aracruz, em uma operação que contou com a parceria das forças de segurança.
NO DIA 7 DE DEZEMBRO, foi divulgada a decisão da Justiça de que o jovem ficaria internado por até três anos e passaria por avaliação judicial a cada seis meses.
Fonte: Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e testemunhas.
Aluno leva arma de airsoft para escola
Um aluno da escola Ezequiel Fraga Rocha, no bairro Bela Vista, em Aracruz, levou uma arma tipo pistola airsoft para a instituição. Uma aluna que viu e relatou para um funcionário começou a passar mal.
Uma viatura da PM foi acionada até a escola, no final da tarde de ontem. De acordo com a Polícia Militar, a arma foi apreendida e a aluna que passou mal recebeu atendimento médico no local. Pais foram chamados na escola, mas nenhum aluno foi conduzido à delegacia.
LEIA MAIS
Cursos de graça para mulheres na Grande Vitória
Apaixonado por polícia, menino do ES com doença rara é “escoltado” até hospital
Comentários