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Cidades

Ele cozinha no “escuro” e faz sucesso na internet

Com mais de 58 mil seguidores, professor que perdeu a visão encanta redes sociais com seu bom humor e pratos deliciosos


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Imagem ilustrativa da imagem Ele cozinha no “escuro” e faz sucesso na internet
João Machado perdeu a visão do olho direito aos três anos de idade. Perda do esquerdo começou a partir dos 6 |  Foto: Roberta Bourguignon

Um professor de Guarapari está fazendo sucesso nas redes sociais cozinhando. Até aí, nada fora do comum, mas o detalhe é que João Machado, de 42 anos, é deficiente visual. Mas isso não o impede de criar pratos requintados e sempre com muito bom humor.

Machado perdeu a visão do olho direito ainda cedo, com três anos de idade, depois de arranhar o olho em um arame. 

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“Meus pais me levaram no oftalmologista e como não parecia ser algo sério, o médico não fez a limpeza corretamente. O ferimento infeccionou e acabei perdendo a visão”, disse o professor cozinheiro.

Anos depois, na fase de alfabetização, aos seis anos, ele começou a perder a visão do olho esquerdo em uma resposta autoimune do corpo chamada de oftalmia simpática. 

“Quando você tem órgãos duplos, um é danificado e o corpo, em uma reação autoimune, ataca o outro também. Então, ao longo dos anos, eu fui perdendo a visão do esquerdo e hoje eu só consigo saber se está de dia ou de noite”, explicou.

Com mais de 58 mil seguidores, ele encanta os usuários das redes com seu bom humor e pratos deliciosos. Ele é casado com Fernanda Queiroz, de 39 anos.

“Isso acabou virando uma missão”

A Tribuna - Como começou essa paixão por cozinhar?

João Machado - Nunca fui comportado, sempre gostei de fazer coisas perigosas e fazer minha própria comida era uma coisa importante para mim. Como meu pai trabalhava embarcado, eu passava a metade do mês sozinho em casa, e foi nessa época que comecei a preparar minha comida.

E a internet foi uma aliada?

Sim, com certeza. Lá pelos anos de 1999 e 2000, a internet estava começando a ganhar força, inclusive com recursos de acessibilidade, e isso me ajudou muito em procurar e aprender receitas.

E como surgiu a ideia de criar um perfil no Instagram?

Em 2005 eu conheci minha esposa na Ufes e ela sempre acompanhou a mãe a as avós na cozinha. Para mim foi uma coisa muito legal, e o Cozinhando no Escuro surgiu há um ano e meio atrás, no pós-pandemia, como uma forma de mostrar para as pessoas como é minha vida. 

Tínhamos acabado de nos mudar para Anchieta buscando qualidade de vida e decidimos embarcar nesse projeto.

As pessoas são curiosas sobre como é a vida de um deficiente visual?

As pessoas perguntam muito e esse também foi um dos motivos de se criar o Instagram. As pessoas sempre perguntam por curiosidade e isso acabou virando uma missão. De mostrar como uma pessoa cega vive o dia a dia para causar menos estranheza.

E sua esposa, como participa desse processo?

Ela ajuda em todo o processo. Ela vai ao mercado comigo, procura receitas novas para fazermos e virou uma paixão para ela também. Ela gosta muito do processo de edição e montagem. Ela que coloca ordem na coisa toda, porque eu sou muito bagunceiro. Ela é a minha parceira.

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