Dinheiro só vai dar até setembro e atividades podem parar, afirma Ufes
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Caso novos repasses do governo federal não sejam destinados à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a instituição pode ter de parar as atividades acadêmicas e administrativas até setembro.
Isso significa que, em algum momento, prédios poderão ser fechados, laboratórios desativados e haverá um corte nas atividades de pesquisas e nas bolsas de assistência estudantil — aquelas de auxílio-moradia, alimentação, etc.
O corte no orçamento de 2021, em relação a 2020, chega a 18,2% para custeio (pagamentos de bolsas de pesquisa, energia e serviços de telefonia), 22,8% nos recursos de capital (investimentos em obras e aquisição de equipamentos) e 18,3% na assistência estudantil.
Em maio, a universidade já havia relatado dificuldades financeiras, apesar de “ações de austeridades nos gastos”. Cerca de R$ 13,6 milhões estão congelados pelo governo, sem previsão de repasse.
Segundo o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Ufes, Rogério Faleiros, a possibilidade de retorno presencial neste ano deve ser afetada.
“Só conseguiremos nos manter até setembro se as atividades continuarem à distância. O ensino presencial exige mais dinheiro, por causa da adaptação dos espaços e da compra de materiais de higiene, como álcool em gel e máscaras”.
Quem depende da universidade teme atrasar mais uma vez a graduação, cujo calendário já foi prejudicado pela pandemia. É o caso do estudante de Fonoaudiologia da Ufes Marcus Vinicius Gama, 21, que conta com a verba da assistência estudantil para se manter.
“Esse risco de a Ufes fechar gera uma incerteza tanto financeira quanto mental. Sem uma formação, eu não tenho expectativa nenhuma para o futuro”, desabafa.
Outras 29 universidades brasileiras alertaram que não vão conseguir chegar até o final do ano com o orçamento atual. Entre elas, estão a UFRJ, UnB e UFF. Juntas, somam mais de 500 mil alunos dos 1,3 milhão de estudantes da rede.
Ministro justifica falta de repasse
Enquanto fazia uma visita ao Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Cachoeiro de Itapemirim ontem, para inaugurar um bloco de salas de aula, o ministro da Educação Milton Ribeiro justificou o congelamento de verbas aos institutos e universidades federais.
De acordo com ele, tanto os cortes quanto o dinheiro congelado pelo governo federal estão sendo utilizados para custear o auxílio emergencial.
“Por causa da falta de recursos, o governo teve de escolher entre as áreas prioritárias, e a prioridade do presidente Jair Bolsonaro foi a de colocar comida no prato dos brasileiros”, explicou.
Ribeiro comentou que os repasses foram adiados, mas não deu previsão de quando eles devem ser destinados. “Não vamos cortar recursos para a educação, mas vamos adiar alguns investimentos”.
Neste ano, o Ifes teve um corte de R$ 15 milhões após a aprovação da Lei Orçamentária Anual.
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