Dez bicicletas são roubadas todos os dias no ES
De janeiro a junho deste ano, 1.797 foram levadas por bandidos; Aumento de 8,6% em comparação ao mesmo período de 2022
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Seja nas ruas, casas, nos condomínios e no comércio, o roubo de bicicletas tem chamado a atenção da polícia. Usado principalmente na fuga de criminosos, o objeto vem se tornando o alvo número um de bandidos.
Dados do painel de crimes contra o patrimônio da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) revelam que, de janeiro a junho deste ano, 1.797 bicicletas foram furtadas/roubadas no Estado, o equivalente a 10 casos por dia.
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São 143 casos a mais em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 1.654 roubos – aumento de 8,6%.
Para o titular da Delegacia Regional de Laranjeiras (Serra), José Luiz Pimentel Pazeto, os números representam ousadia de criminosos, que estão mirando em bicicletas com objetivos específicos.
“A maioria das pessoas que comete furtos e roubos é usuária de drogas. Como é um objeto fácil de ser vendido, para levantar dinheiro rápido, eles acabam roubando para vender e comprar drogas”, disse Pazeto.
Ainda segundo o delegado, a maioria dos furtos nas ruas acontece durante o dia. “Muitas pessoas deixam as bicicletas sem os cadeados e sem qualquer vigilância”, explicou Pazeto.
Já os furtos à noite ocorrem dentro de condomínios. “Na cabeça dos criminosos, no período da noite, a segurança é mais falha em condomínios. Mas eles esquecem das câmeras que permitem verificar a identidade do bandido, mesmo após o furto”, disse.
Os roubos também acontecem da mesma maneira, com reincidência pela manhã nas ruas e à noite, nas proximidades de condomínios. “Geralmente eles optam por um horário onde a movimentação de pessoas é menor e raramente levam só bicicletas, levam tudo o que podem levar”.
Para evitar ter a bicicleta levada durante um roubo ou furto, o delegado passa algumas orientações. “A primeira delas, no caso de furto, é sempre trancar o cadeado da bicicleta. Depois evitar passar por lugares ermos, sozinho também”.
Para os casos em que a bicicleta for levada, Pazeto disse que o boletim de ocorrência deve ser registrado. “Nele, a pessoa deve informar o número de série da bicicleta porque é por meio desse número que conseguimos, muitas das vezes, recuperar o objeto”.
De 2 mil reais, preço cai para até R$ 100
Quando são furtadas ou roubadas muitas bicicletas já têm destino específico: compradores chegam a vender peças para ferros-velhos.
Desesperados para obter dinheiro “rápido”, muitos criminosos chegam a vender o veículo por um preço bem menor que o do mercado.
“Algumas que custam R$ 2 mil podem ser vendidas até por R$ 100. Já recebemos casos assim na delegacia. A maioria que comete o crime é viciada em drogas”, disse o titular do DPJ de Laranjeiras (Serra), José Luiz Pimentel Pazeto.
Algumas bicicletas são roubadas durante assaltos em via pública. “Nesses casos, o criminoso, armado ou não, rende a vítima e o objetivo é subtrair o que conseguir”, disse o delegado.
Em alguns casos, furtos e roubos de bicicletas no Estado não acontecem só em ruas e condomínios.
Na tarde do último domingo, por exemplo, um pai usou a própria filha para furtar uma bicicleta. Sentada no veículo, a menina saiu de um shopping sem pagar pelo objeto. O pai acabou preso.
Objetos doados quando o dono não aparece nas delegacias
Quando são recuperadas pela polícia, muitas bicicletas são levadas para os pátios das delegacias. Em alguns casos, quando o responsável não comparece para a retirada, muitas se perdem e vão parar até em ferros-velhos.
Mas na Delegacia Regional da Serra, o destino de algumas bicicletas foi diferente e ajudou até quem precisava de cadeira de rodas. Segundo o titular do DPJ de Laranjeiras, José Luiz Pimentel Pazeto, algumas bicicletas foram doadas para auxiliar na produção de cadeiras de rodas.
“A Vara de Execuções Penais do Ministério Público solicitou que fizéssemos um ofício para doação. Essas bicicletas estavam paradas, jogadas na delegacia. Fiz o ofício e elas foram doadas”, disse o delegado.
Segundo ele, não existe problema na doação do objeto, desde que o delegado responsável pela delegacia faça um ofício informando a procedência do veículo.
“Isso já aconteceu em outras delegacias. No meu caso específico, foi solicitada por um promotor da Vara de Execuções Penais, que deu as bicicletas para um projeto que as transformava em cadeiras de rodas”, explicou.
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