Depois de perder 70 kg, jovem vai disputar título de miss
Sabrina Godio, de 21 anos, chegou a pesar 140 quilos e hoje quer incentivar outras pessoas a terem uma vida mais saudável
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Após perder metade do próprio peso e transformar completamente sua saúde e autoestima, a universitária Sabrina Godio, de 21 anos, se prepara para realizar o sonho de representar Linhares no Miss Universe Espírito Santo 2026.
A jovem, que chegou a pesar quase 140 quilos, hoje exibe não apenas 70 quilos a menos na balança, mas também uma nova relação com o corpo.
Essa mudança, fruto de esforço e determinação, a levou das batalhas silenciosas contra a obesidade aos holofotes de um dos maiores concursos de beleza do Estado.
“Comecei a me cuidar mais, a buscar uma transformação verdadeira. Foi algo de outro mundo, uma virada de chave”, conta Sabrina, que trabalha em uma loja de roupas em Linhares e cursa o segundo período de Administração.
“Um dia olhei no espelho e decidi que não queria mais viver daquele jeito”, acrescenta.
Antes da transformação, ela usava roupas masculinas para disfarçar o corpo. “Eu tentava ser a amiga mais engraçada da turma para manter as amizades. Era uma forma de esconder o que eu sentia por dentro”, completa.
A virada, conta ela, veio com a cirurgia bariátrica, realizada em 2023. Desde então, Sabrina incorporou novos hábitos à rotina: mantém uma alimentação equilibrada e faz exercícios regularmente.
“Tem gente que acha que a bariátrica é o fim do caminho, mas, na verdade, é o início. O verdadeiro desafio vem depois. É preciso mudar a cabeça e o estilo de vida. Não existe milagre”, reflete.
Além de sonhar com a vitória no Miss Universe Espírito Santo, Sabrina quer virar influenciadora para inspirar e ajudar outras pessoas a conquistarem mais qualidade de vida.
“Quero usar minha história para mostrar que é possível mudar. Se eu conseguir motivar só uma pessoa a buscar uma vida mais saudável, já vai ter valido a pena”.
O Miss Universe Espírito Santo 2026 será realizado no dia 23 de novembro, no Espaço Patrick Ribeiro, em Vitória.
As 33 candidatas, segundo a coordenação do concurso, passam por “confinamentos” em hotéis antes da final, recebem treinamento sobre oratória, passarela, etiqueta e projetos sociais. Além disso, participam de palestras sobre carreira e internet, saúde da mulher e protagonismo social.
“Foi uma virada de chave”

A Tribuna - Você disse que sua transformação foi uma “virada de chave”. O que mudou primeiro dentro de você para que essa transformação externa acontecesse?
Sabrina Godio - Rasguei todas as minhas fotos antigas e decidi mudar. Foi uma virada de chave, um momento de aceitar que eu precisava me colocar como prioridade, cuidar de mim mesma, sem medo.
Para você, o que significa participar do Miss Universe Espírito Santo, especialmente após toda essa transformação pessoal?
É muito mais do que um concurso de beleza. Representa a minha resiliência, a vitória sobre desafios internos e a oportunidade de inspirar outras pessoas a se valorizarem.
Você costuma dizer que a bariátrica foi só o começo. Que tipo de disciplina em saúde você precisou desenvolver depois da cirurgia?
A cirurgia me deu um empurrão, mas manter os resultados depende só de mim. Tive de aprender a comer direito, a dizer não para excessos e a ter rotina com os exercícios. Disciplina virou minha palavra-chave.
Que hábitos mudaram completamente na sua vida após essa transformação?
Mudei tudo. Antes eu era sedentária, comia por ansiedade, me escondia atrás de roupas largas e do bom humor. Hoje, acordo cedo, faço exercícios, planejo minhas refeições e não fujo mais do espelho. Encontrei meu equilíbrio.
Como você lida com a pressão estética de um concurso de beleza sem comprometer sua saúde física e mental?
No começo foi difícil, porque a cobrança é grande. Mas eu me lembro todos os dias do motivo pelo qual comecei: minha saúde. Não quero voltar para o corpo, nem para a mente de antes. Hoje me olho com carinho, e não com cobrança.
De que forma o concurso mudou a sua percepção sobre você mesma e o que espera levar dessa experiência para o resto da vida?
Ele me mostrou que sou capaz de ir muito além dos meus próprios limites. Espero levar a confiança, a disciplina e o amor próprio que estou construindo para toda a minha vida.
Que recado você deixa para quem quer emagrecer, mas não encontra forças para começar?
A força está aí dentro, mesmo que você não veja ainda. Rasguei minhas fotos antigas e decidi mudar porque entendi que ninguém faria isso por mim. Dói, é difícil, mas vale muito a pena. Comece pequeno, um passo de cada vez.
Fique por dentro
Resolução
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, em maio, mudanças para a realização da cirurgia bariátrica e metabólica em adultos e adolescentes.
A resolução estabelece novos parâmetros para o tratamento cirúrgico da obesidade e da doença metabólica.
Adolescentes
Antes, adolescentes entre 16 e 18 anos só podiam fazer a cirurgia caso se enquadrassem em padrões específicos, como ter as cartilagens das epífises de crescimento dos punhos consolidadas.
Agora, diante de estudos que demonstraram a segurança e a eficácia das cirurgias, pacientes a partir de 16 anos podem ser elegíveis ao tratamento, seguindo os mesmos critérios dos adultos, desde que compreendam os riscos e a necessidade de mudança de hábitos.
Em situações excepcionais, adolescentes entre 14 e 15 anos também poderão ser operados. Para isso, deverão apresentar obesidade grave (IMC acima de 40 kg/m) associadas a complicações clínicas que levem ao risco de morte.
A decisão deverá ser avaliada por equipe multidisciplinar e a família.
IMC
Houve ainda a ampliação do perfil de pacientes elegíveis ao procedimento cirúrgico com base no IMC, calculado a partir do peso (quilos) dividido pelo quadrado da altura (metros).
Com a nova regra, pessoas com IMC entre 30 kg/m e 35 kg/m poderão ser submetidas à cirurgia bariátrica, desde que apresentem comorbidades graves, como diabetes tipo 2 de difícil controle, apneia obstrutiva do sono ou esteatose hepática avançada. Antes, o limite mínimo era de 35 kg/m, com doenças associadas.
Pelas regras anteriores, só poderiam se submeter à cirurgia pacientes com até 10 anos como diabético e desde que possuíssem mais de 30 anos de idade e menos de 70. A nova resolução do CFM não restringe a idade nem define mais o tempo de convivência com a doença.
Tipos
As cirurgias altamente recomendadas na nova resolução do CFM são Bypass Gástrico em Y de Roux e a gastrectomia vertical (sleeve gástrico).
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