Coronavírus assusta capixabas na China
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Com medo, preocupados e correndo riscos. É dessa forma que estão se sentindo capixabas que moram na China após a explosão do surto de coronavírus, que já matou 259 pessoas. Outros 17.988 casos foram detectados no país asiático.
Dois desses capixabas que estão vivendo o drama são os jogadores de futebol Bruno Araújo e Dorielton Gomes. Eles vivem em cidades chinesas e relataram como está o dia a dia, desde o início do surto.
Bruninho Araújo, como é chamado, defende o Chao Pak Kei, time de Macau, região onde já foram identificados pelo menos sete casos de coronavírus.
O meia está acostumado a jogar fora do País, depois de já ter atuado na Espanha, em Gibraltar, e no Bahrein, mas hoje vive a situação mais delicada em sua carreira, deixando seus familiares e amigos de Vila Velha preocupados.
Os treinos da equipe dele foram suspensos desde o último dia 22 com previsão de retorno em 11 de fevereiro. O início do Campeonato de Macau, porém, é uma incógnita. Bruninho se transferiu para o Chao Pak Kei no início de janeiro.
“A situação é terrível, mas ainda não penso em retornar. É a situação mais preocupante da minha carreira. Minha família está preocupada. Todos têm rezado muito por mim”, contou Bruno.
Apesar de treinar em Macau, o capixaba, de 28 anos, vive na China, em Zhuhai, cidade vizinha, que tem ficado com as ruas mais vazias devido à orientação para as pessoas evitarem sair de casa. Para piorar a situação, Bruninho tem dificuldades de se manter informado por causa da língua.
“Aqui em Zhuhai estão todos em alerta máximo. Mas eu ainda não consigo ler todas as notícias aqui. Sobre as orientações, dentro de casa é estar sempre lavando as mãos e os alimentos. Fora de casa, é usar máscara, luva, álcool em gel e evitar sair de casa”, conta.
Estrangeiro há mais tempo atuando no futebol chinês, o atacante Dorielton, o Dori, de 29 anos, conta que nunca passou por isso em quase 10 anos morando na China. Ele defende o Meizhou Hakka, que disputa a segunda divisão chinesa e tem sede na cidade de Wuhua, onde ainda não há casos de coronavírus. Na quinta-feira (30), porém, a Associação de Futebol da China suspendeu o início de todos os campeonatos, por tempo indeterminado, por causa do surto.
“Eu fico bem triste porque nesses quase 10 anos de China eu nunca passei por isso. Em cidades próximas daqui já está acontecendo, cidades que ficam a duas ou três horas daqui”, conta.
O capixaba Felipe Muniz, de 23 anos, também se sente apreensivo com o clima na cidade de Xangai, onde mora desde agosto de 2018.Ele relatou que sente medo ao andar nas ruas. “Eu sinto medo por não saber quem está contaminado ou não. Porém, aqui em Xangai, o governo chinês não fez nenhum tipo de alarme para a cidade”, explicou.
"Em oração para tudo terminar bem"
Morando na China desde 2010, o capixaba Dorielton Gomes, o Dori, está assustado com o surto de coronavírus. O ídolo do Meizhou Hakka, da cidade de Wuhua, conversou com o Tribuna Online sobre o drama que vive no país asiático e disse que só não está mais preocupado porque sua família está passando férias no Brasil.
Nascido em Vila Velha e criado na Serra, Dori é casado com Carol e pai de duas meninas, Laura, de 9 anos, e Antonia, de 4, e um menino, Vicente, de 11 meses.
A TRIBUNA – Como você vê essa situação, depois de tantos anos morando na China?
DORI – Eu fico bem triste porque, nesses quase 10 anos de China, eu nunca passei por isso. Eu estou muito preocupado, para ser bem sincero. Ainda não penso em retornar ao Brasil, mas fico muito assustado e preocupado. É bem assustador!
Como está na sua cidade e nas cidades vizinhas?
A minha cidade está tranquila, entre aspas, não teve nenhum caso ainda. Mas em cidades próximas daqui já está acontecendo. Cidades que ficam a duas ou três horas daqui, como Guangzhou. Tenho amigos em outras cidades, brasileiros, chineses e de outros países, e fico muito preocupado.
Sua família está com você?
Minha família não está aqui, graças a Deus! Se estivesse eu nem conseguiria treinar e trabalhar direito. Graças a Deus, elas estão no Brasil, curtindo férias, longe disso daqui. Elas têm passagem para voltar para a China no dia 19 de fevereiro, mas a gente vai adiar para esperar isso acabar. Também já entrei em contato com as escolas das minhas filhas e as escolas também adiaram as aulas e não sabem quando vão retornar.
Quais os cuidados que você está tomando?
Aqui a gente vai se cuidando do jeito que dá, do jeito que eles passam para a gente que é, se possível, não sair de casa, procurar ter bastante higiene e usar máscara o tempo todo. Não frequentar lugares cheios e movimentados, como restaurantes, bares e shoppings. Eu estou em oração para que tudo possa terminar bem.
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