Conheça a capixaba na lista dos 14 supercentenários do Brasil
Jandyra Faria dos Santos, de 110 anos, acompanha mais de um século de transformações no mundo
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Ultrapassar os 110 anos com certa autonomia, uma boa memória e capacidade discursiva bem desenvolvida é o sonho de milhares de brasileiros.
No País, apenas 14 pessoas, os “supercentenários”, atingem essa faixa etária. Entre eles está a capixaba Jandyra Faria dos Santos, de 110 anos.
Nascida em 1914, no distrito de Pendanga, em Ibiraçu, a capixaba acompanha mais de um século de transformações no mundo e viveu nos mesmos períodos da epidemia da gripe espanhola, das guerras mundiais, da Era Vargas, da ditadura militar e, recentemente, da pandemia da covid-19.
A supercentenária dedicou parte da vida à docência em uma escola do distrito em que nasceu, e, depois, tornou-se servidora pública no setor administrativo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), até se aposentar aos 55 anos.
Especialistas da saúde reiteram que um estilo de vida saudável contribui para a longevidade e, talvez, isso tenha tido uma influência na conquista de dona Jandyra.
“Eu nunca fumei durante toda a vida, além de nunca ter bebido frequentemente. Acredito que isso tenha influenciado na minha boa saúde. Toda vez que faço aniversário, recebo de presente uma vela com a próxima data de comemoração de mais um ano. Amo viver, sou alegre e realizada com o que construí na vida”, disse.
Mas, afinal, existe uma explicação científica para alguém viver tantos anos? De acordo com a geriatra da Rede Meridional Karoline Fiorotti, há, sim, um caminho de explicação.
A médica analisa que a combinação de fatores genéticos, de baixa carga de doenças, de medidas preventivas, hábitos de vida saudáveis, políticas públicas de acesso à saúde, de avanços da medicina e de um meio ambiente favorável são fatores que podem explicar como pessoas conseguem alcançar mais de 110 anos.
“Fatores genéticos, psicossociais e estilo de vida contribuem para a longevidade. Alguns estudos realizados com gêmeos mostraram que 25% da longevidade é atribuída a fatores genéticos, mas existe uma interação gene-ambiente. Além disso, é importante que a sociedade e as políticas públicas criem estruturas sociais que apoiem os idosos”.
Jandyra Faria dos Santos aposentada: “Segredo é não perder a alegria de viver”
A Tribuna - A que a senhora atribui a conquista de chegar aos 110 anos?
Jandyra Faria dos Santos - "Meu segredo é não perder a alegria de viver. Eu construí uma linda família, a qual amo muito, convivo com os meus netos e sempre vou à missa. Eu amo a vida!
A fé, a família e a alegria de viver me tornam uma pessoa muito feliz. Sou devota de Santo Ambrósio de Milão e sempre pedi por anos e anos de vida.
Nunca fumei e não era uma pessoa de beber. Infelizmente, nunca gostei muito de exercícios físicos, então também não os pratiquei. Porém, tive uma ótima alimentação durante toda a vida e sempre fiz exames e me cuidei.
Eu leio todos os dias! Por muitos anos, o jornal A Tribuna me acompanha no dia a dia. Eu gosto de jogar caça-palavras, cruzadinhas e outros jogos. Leio sobre política, sobre esporte e economia.
Enfim, por ter sido professora, sempre tive o hábito de buscar o conhecimento.
Na vida, é muito importante termos alegria para enfrentar os dias. Eu, por exemplo, amo dançar e acompanho todos os jogos do Botafogo!"
A senhora gosta assim de futebol?
"Sou apaixonada pelo Botafogo! Acompanho todos os jogos, sei que estamos na liderança do Brasileirão e já até conheci alguns jogadores do time quando eles vieram ao Estado!
Desde criança, sou botafoguense. Visto minha camisa, penduro minha bandeira em casa e vibro com cada conquista do time.
Até tentei fazer meus bisnetos serem botafoguenses... Um deles tem fotos com o uniforme do Botafogo, quando era bebê, mas depois decidiu se tornar tricolor.
O futebol nos traz alegria e proporciona união de amigos.
Muitos me perguntam sobre o meu jogador preferido e eu sempre digo: eu não tenho um jogador preferido, gosto de todos. Eu tenho um time do coração: Botafogo!"
E quais são os desafios de viver tanto tempo?
"Quando eu era mais jovem, via muitos dos meus familiares chegarem perto dos 100 anos. É triste, no entanto, quando uma pessoa querida parte. Infelizmente, já tive de me despedir de muitos familiares.
Olha, eu gosto cada vez menos de ir em velórios. Na verdade, há muitos anos não vou mais. Gosto de manter as boas memórias que tenho de uma pessoa.
Acompanhar as mudanças tecnológicas também é um desafio, sem dúvida."
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