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Cidades

“Confiança é o segredo da união”, diz casal que completou 70 anos juntos

Máximo Rosa, 90 anos, e Maria Sônia dos Anjos Rosa, 85, que completaram 70 anos de casados, dão dicas de relacionamento


 

Imagem ilustrativa da imagem “Confiança é o segredo da união”, diz casal que completou 70 anos juntos
Maria Sônia e Máximo Rosa tiveram 22 filhos e hoje contam com 50 netos, 40 bisnetos e quatro tataranetos |  Foto: Roberta Bourguignon/ AT

O tempo em que o namoro se resumia a andar de mãos dadas e o casamento somente com a permissão dos pais, já se passaram 70 anos, e para eles isso é motivo de muito orgulho.  

Máximo Rosa, de 90 anos, e  Maria Sônia dos Anjos Rosa, 85 anos, comemoraram as Bodas de Vinho na cidade de Anchieta, litoral Sul do Estado, e lembraram de cada fase do relacionamento.

Eles contam que o segredo para um relacionamento duradouro está no amor e na confiança.  “Somos da época em que o amor mudava tudo, e isso precisa ser respeitado nos dias de hoje. Não dá para amar hoje uma pessoa e amanhã outra. Primeiro o amor, para começar, e depois a confiança, para continuar. Confiança é o segredo da união”, disse ela.  

Descendente de índios, o casal teve 22 filhos e hoje tem uma lista de 50 netos, 40 bisnetos e quatro tataranetos. “Uma festa de família não tem menos de 100 pessoas”, brincam eles. Aos familiares e amigos da igreja, o que mais gostam de falar é sobre o amor. 

“Eu amei ela primeiro, mas ela nem sabia. Na década de 40, 50, fazíamos tudo a pé. Ela era uma mocinha bonita. Estava de vestido azul quando eu a vi pela primeira vez”, conta Máximo, que era pescador. 

“Ela tinha 13 anos. Eu trabalhava no Rio de Janeiro e sempre nos encontrávamos. Certo dia, quando ela já tinha 15 anos, eu resolvi vir a Anchieta, vi ela na praia e fui conversar com ela”, lembra ele. 

A conversa logo evoluiu para um pedido de casamento, que foi negado pela mãe. “Eu perguntei se ela queria se casar comigo e ela disse que sim. Fui até a casa dela, o pai dela veio de facão na mão e aprovou o casamento, mas a mãe não aceitou. A mãe queria que ela virasse freira, e chegou a enviar ela para a escola de freiras em Cachoeiro de Itapemirim”.

Mas o que Máximo não imaginava era que ela também já tinha se apaixonado por ele. “Meu tio era casado com a tia dele. Ela que me falou dele, que era um sobrinho bonito, alto e eu gostei dele sem conhecer”, conta Maria Sônia, que já foi rendeira e costureira.

“Eu via ele passando todo arrumado e pensei que pudesse ser ele. Eu assoviei para ele a primeira vez que o vi, mas me escondi. Eu também já o amava. O amor é muito forte. Eu disse que só não casaria com ele se Deus não quisesse”. 

Quando Soninha voltou da escola de freiras, ela tinha 16 anos, e ele 21. Os dois marcaram o casamento para o dia 23 de janeiro de 1952 e foram construir a própria família.

“O amor, sim, tudo suporta”

Após 70 anos de casados, dona Maria Sônia dos Anjos Rosa e o marido, Máximo Rosa, contam que quando se conheceram era tudo muito diferente dos tempos atuais e que o respeito ao companheiro  precisa ser recuperado.

A Tribuna: Como vocês veem o casamento hoje em dia? 

Máximo rosa:  Não podemos deixar o respeito acabar e o amor ser tratado como um sentimento qualquer. Somos da época em que o amor mudava tudo, e isso precisa ser respeitado nos dias de hoje. Não dá para amar hoje uma pessoa, e amanhã outra. As pessoas precisam reconhecer o que é o amor, e o sentimento é muito bom, nos move a ser sempre pessoas melhores. 

Maria Sônia dos Anjos Rosa: Duas netas me disseram esses dias: ‘vó, a gente vai casar com um homem rico’. E eu disse: ‘se tem um conselho que eu posso dar a vocês é se case com um homem trabalhador, porque para o rico, um dia a riqueza passa a não ser tudo, e a casa se acaba, o carro também. Não se case por interesse, se case por amor’. Porque o amor, sim, tudo suporta. 

E como era o namoro na época de vocês?

Maria Sônia: Não podia ficar muito perto um do outro. Na sala de casa, era sentado do lado, segurando um na mão do outro, e os pais vigiando. Os pais conversavam mais com o namorado do que a gente. 

Máximo: Naquele tempo a luz de Anchieta apagava às 21h. Não podia ir embora da casa dela muito tarde. Quando nos casamos, só esperamos a lamparina apagar para começar a lua de mel.

E logo tiveram os filhos?

Maria Sônia: Eu nunca evitei filhos. Com 18 anos tive o primeiro, mas morreu. Era uma menina. Foi muito triste para nós. Dos 22 filhos, cinco morreram no parto. Eram parteiras que faziam os partos. Naquele tempo você estava grávida, mas carregava lenha, água, lavava roupa na pedra. Então muitas vezes as crianças não aguentavam.

Já enfrentaram turbulências no casamento?

Maria Sônia: Teve um tempo que ele começou a beber. Eu deixava a bacia de alumínio do lado da cama, e quando ele chegava em casa eu lavava os pés dele, tirava a roupa, e colocava outra limpa. Se ele tivesse com fome, colocava comida na boca dele. Muitas mulheres da igreja que escutam a história dizem que teriam jogado o marido no chão. Mas eu sempre o amei muito, o enxergo com olhos de amor, é realmente diferente.

A confiança sempre foi algo presente no casamento?

 Maria Sônia: Eu sempre gostei de caminhar para a igreja, e ele não. Eu ia para a igreja, e ele saía com os amigos. Nunca perguntei para onde foi, com quem ele foi. Eu nunca perguntei quanto ele ganhava em cada viagem da pescaria. Meus filhos tinham tudo. Eu bordava e tirava ostra. Ele dava tudo o que tinha, eu também, nunca precisei perguntar quanto ele tinha ou o que fazia. É a confiança que sempre esteve presente.

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