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Cidades

Cirurgias no cérebro reduzem efeitos do Parkinson em pacientes no ES

Procedimento feito no cérebro tem como objetivo melhorar a qualidade de vida através do controle do tremor e da lentidão


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Imagem ilustrativa da imagem Cirurgias no cérebro reduzem efeitos do Parkinson em pacientes no ES
Walter Fagundes, neurocirurgião, disse que todos os pacientes operados tiveram melhora dos sintomas motores da doença |  Foto: Fabio Nunes / AT

Segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, o Parkinson causa tremores involuntários e se manifesta em  outros sintomas. Receber o diagnóstico não é nada fácil, mas cirurgias   no cérebro trazem esperança a pacientes no Estado.

O procedimento, realizado em mais de 100 pessoas no Espírito Santo, tem reduzido os efeitos da doença.

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O neurocirurgião Walter Fagundes conta que no Estado o  tratamento cirúrgico   da doença começou   em 2003. “Em 2005, fizemos a primeira cirurgia aqui de DBS (deep brain stimulation), ou estimulação cerebral profunda”.

Ele diz que todos os pacientes  operados  tiveram melhora quanto aos sintomas motores da doença, sendo que muitos tiveram resultados espetaculares e outros, pouca melhora.

“O objetivo da cirurgia é a melhora da qualidade de vida através do controle do tremor, da melhora da lentidão de movimentos e da rigidez, o que acaba melhorando a realização de tarefas, a articulação da fala e do caminhar”. 

Ele frisou   que a cirurgia não tem objetivo de curar a doença, mas sim de controlar os sintomas motores e melhora da qualidade de vida. “Na maioria dos pacientes  conseguimos reduzir a quantidade de medicações após a cirurgia, mas o paciente vai sempre precisar de medicação, já que a doença tem outros sintomas não motores  que a cirurgia não melhora”.

O  neurocirurgião  especializado em cirurgia dos transtornos do movimento  André Bortolon Bissoli ressaltou, ainda, que apesar da cirurgia ser consolidada hoje como opção de tratamento, ela tem critérios para indicação. 

“O tratamento principal para o Parkinson ainda é com medicamentos, que são eficazes principalmente nas fases iniciais. Já a cirurgia  é indicada a pacientes com mais de quatro anos do diagnóstico, em que se excluem outras doenças. O paciente também deve ter bom perfil neuropsicológico, sem outro distúrbio  psiquiátrico, quadro de demência avançada.”

Ele reforçou que, quando bem indicada, a cirurgia  pode provocar melhoria significativa para o paciente e para sua autonomia e bem-estar.

Onesvaldo  de Souza - “Nunca desistam de lutar. Eu nasci de novo”

Imagem ilustrativa da imagem Cirurgias no cérebro reduzem efeitos do Parkinson em pacientes no ES
Onesvaldo: transformação |  Foto: Acervo Pessoal

Dia 28 de novembro de 2019.  Essa data  foi a escolhida  pelo engenheiro civil aposentado Onesvaldo Antônio Kroeff de Souza, 68 anos, para comemorar o seu aniversário. Motivo ele tem de sobra, como descreve: foi nesse dia que  nasceu de novo.

Ao receber o diagnóstico de Parkinson,  aos 60 anos,  achou que era a sua sentença de morte. Há pouco mais  de três anos, fez a cirurgia no cérebro e conta o que mudou.  

A Tribuna - Quando começou a sentir sintomas da doença?

Onesvaldo Antônio Kroeff de Souza - Eu sempre andei muito rápido e aos  60 anos comecei a tropeçar e cair, idade em que recebi o diagnóstico de Parkinson. 

Antes disso, a partir de 55 anos, percebi  um tremor na mão esquerda. O tempo foi passando até que tive dificuldades de me  vestir, de fazer barba, escovar o dente.

Como  foi receber o   diagnóstico da doença?

Pensei: é a morte. Foram dias  difíceis, até que a minha esposa, Rosângela Bosi, encontrou uma esperança, com indicações que nos  levaram  ao médico que fez a minha cirurgia pelo plano de saúde. 

Como foi a cirurgia? 

Foram nove horas de cirurgia, a maioria do tempo acordado, sem dor.  No outro dia, fui para o quarto e, no terceiro dia, recebi alta.

Quem é  o Onesvaldo  depois da cirurgia?

Tudo mudou após um ano. Voltei a ter vida, a ser o que eu era. Eu voltei a dirigir, pegar peso, me vestir, fazer a barba, não tenho mais tremor nas mãos. A única dificuldade que ainda tenho é a escrita.  

Qual a mensagem que deixa a quem enfrenta essa doença? 

Que não tenha medo. O mais importante é nunca desistir de lutar pela vida, colocando Deus acima de tudo.  A minha data de nascimento é 7 de janeiro, mas passei a comemorar o meu aniversário no dia 28 de novembro, quando fiz a cirurgia e nasci de novo.

Como é a cirurgia

1 - Paciente chega ao hospital com um exame de ressonância prévio. É submetido à fixação de um aro no crânio e realizada uma tomografia do crânio. Em seguida, é feita uma fusão de imagens e definidas  as coordenadas dos núcleos (áreas mais profundas do cérebro), onde serão implantados  os eletrodos.

2 - Já no centro cirúrgico, com anestesia local e sedação, são  realizadas duas pequenas perfurações no crânio para introdução de eletrodos para identificação neurofisiológica dos núcleos. Os eletrodos devem ser.

3 - Certos da boa posição dos eletrodos, é feita a  estimulação para ver a resposta, quando a melhora dos sintomas é satisfatória, e se existe algum efeito indesejado. Na sequência, é  fixado  o componente  e conferido  com raios x se eles estão bem posicionados.

Ao final, é  realizado  o implante do marca-passo no peito (região abaixo da clavícula), sob anestesia geral. Ainda que seja um procedimento de alta complexidade, habitualmente o paciente interna no dia da cirurgia e vai embora no dia seguinte.


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A doença

O Parkinson é uma doença neurológica que afeta os movimentos da pessoa.  No Estado, cerca de  5 mil enfrentam o problema. 

Não é uma doença fatal, nem contagiosa, não afeta a memória ou a capacidade intelectual do paciente. 

Apesar de incurável, há tratamento para reduzir a  velocidade da progressão da doença.

Causas

Sua causa ainda  é desconhecida, mas a doença progride  devido à degeneração das células  que  produzem uma substância chamada dopamina. Ela   conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. 

A diminuição da dopamina afeta  movimentos do paciente. A  maioria  tem os primeiros sintomas após os 50 anos.

Sintomas

Tremor (mais comum nas mãos).

Rigidez de músculos.

Movimentos lentos.

Postura curvada.

Desequilíbrio.

Congelamento (súbito bloqueio para iniciar movimentos).

Indicações

A cirurgia  é indicada principalmente para casos de Parkinson, Distonia e Tremores Essenciais. 

No entanto, pacientes com outras condições podem se beneficiar, como com epilepsia, dor crônica e Transtorno Obsessivo Compulsivo.


Imagem ilustrativa da imagem Cirurgias no cérebro reduzem efeitos do Parkinson em pacientes no ES
André Bortolon Bissoli disse que nos últimos anos a cirurgia de estimulação cerebral profunda evoluiu |  Foto: © Divulgação

Tecnologias para ajudar pacientes

A batalha contra a doença de Parkinson ainda deve ganhar  tecnologias mais modernas  e novos medicamentos. 

O neurocirurgião  especializado em cirurgia dos transtornos do movimento  André Bortolon Bissoli citou que nos últimos anos a cirurgia de estimulação cerebral profunda evoluiu  e  novas tecnologias estão em desenvolvimento.

“Entre os equipamentos aguardados  temos aparelhos melhores para serem usados nas cirurgias. Há aqueles que funcionam sob demanda, ou seja,  eles medem a atividade cerebral anormal do paciente e, com isso,  mudam o estímulo de forma automatizada.”

Ele citou, ainda,  que há o desenvolvimento de aparelhos ligados a osciladores em relógios “inteligentes”, capazes também de mudar o funcionamento do estímulo.

“Além disso, temos novos medicamentos surgindo e testes novos com estimulação de outros lugares, como da medula.”

Ele reforçou que hoje os tratamentos já permitem retardar a evolução da doença e o paciente consegue conviver bem por  muitos anos com o Parkinson.

Nos exemplos citados pelo neurocirurgião Walter Fagundes, ainda em desenvolvimento nos Estados Unidos,  estão   marca-passos muito pequenos que poderão ser implantados no crânio.

Além disso, ele cita  eletrodos  inteligentes que passarão  a avaliar a alteração do neurônio, sendo ativado  quando for necessário.

“A vantagem é que você não tem a necessidade de fazer a tunelização (com agulhas). A  gente passa o cabo que faz a conexão da ponta do eletrodo com o marco-passo  debaixo da pele”.

Segundo ele, nesse caso, o  eletrodo poderá  ser conectado em um marca-passo pequeno e até ficar debaixo do couro cabeludo, na parte de trás da cabeça. 

“Com isso, diminui trajeto, índice de infecção, além de reduzir o risco de quebrar esse eletrodo”, explicou Walter Fagundes.

Voltando ao tempo, mais precisamente em duas décadas  fazendo essa cirurgia, ele observa  um avanço na técnica e nos materiais que, de acordo com ele,  têm proporcionado melhores resultados. 

“Vão desde exames de ressonância de melhor qualidade, eletrodos que permitem programações mais amplas, eletrodos que só são ativados quando necessário e programações que podem ser feitas com o paciente em casa”.

Bactéria aquática por trás da doença

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Soo Yang Lee: estudo é importante para desenvolver medicamentos |  Foto: Aquiles Brum / AT

A doença de Parkinson é causada pela morte de células do cérebro numa região  responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor que atua na comunicação entre  neurônios. 

Sabe-se que essa degeneração pode ser consequente de um acúmulo de proteínas no órgão, porém cientistas  buscam identificar quais são os fatores que levam a essa falha. Isso porque é pequeno o percentual dos casos que são associados à genética.

Diversos trabalhos recentes têm encontrado ligações entre alterações na microbiota, população de microrganismos que vivem no intestino, e o diagnóstico. 

Agora, um novo estudo, publicado na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, defende que determinadas cepas da Desulfovibrio (DSV), uma bactéria encontrada em ambientes aquáticos com altos níveis de material orgânico, podem estar envolvidas nos mecanismos que causam a doença.

Os cientistas das universidades de Helsinque e do Leste da Finlândia, responsáveis pela pesquisa, identificaram uma possível relação com a bactéria ainda em 2021, mostrando que não apenas o microrganismo era mais prevalente em pacientes com Parkinson como influenciava a gravidade,  dependendo  da  concentração.

Embora seja um estudo pequeno, os resultados iniciais indicam que  cepas da bactéria Desulfovibrio podem ser um  gatilho para a formação das placas da proteína.

A neurologista e professora da Multivix Soo Yang Lee afirmou que o estudo é importante, pois a partir disso podem ser desenvolvidos medicamentos para combater essa bactéria. 

“Eles compararam fezes de pacientes com Parkinson e com seus cônjuges. Eles viram que os pacientes com Parkinson a maioria apresentava a bactéria e os cônjuges, não. Isso explicaria por que os pacientes iniciariam os sintomas por meio de uma disfunção intestinal”.

  • Câmera 1/5
    Michael J. Fox - O astro da franquia “De Volta para o Futuro” foi diagnosticado com a doença aos 29 anos. Somente em 1998 ele falou publicamente sobre o tema. O ator se tornou um embaixador da luta pela cura do Parkinson. A fundação criada por ele no ano 2000, já arrecadou mais de US$ 1,5 bilhão para investir em estudos.
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  • Câmera 2/5
    Renata Capucci - A jornalista e apresentadora Renata Capucci recebeu o diagnóstico de Parkinson há cinco anos, quando tinha 45 anos de idade. Segundo ela, estava participando de um programa de TV quando começaram os sintomas. “Comecei a mancar e as pessoas falavam para mim: ‘por que você está mancando, Renata?’. E eu falava: ‘eu não estou mancando’. Eu não percebia”.
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  • Câmera 3/5
    Ozzy Osbourne - Em 2020, aos 71 anos, o roqueiro revelou ter sido diagnosticado com Parkinson. “Não é uma sentença de morte; longe disso, mas afeta certos nervos do corpo. Mas é como se você tivesse um dia bom, outro dia bom, e aí um dia bem ruim”, afirmou o músico em entrevista a um programa de TV.
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  • Câmera 4/5
    Neil Diamond - O cantor e compositor americano teve de se aposentar dos palcos em 2018 por conta do Parkinson. Hoje, aos 82 anos, ele revelou que passou os primeiros anos em negação após o diagnóstico. “Eu disse ao médico: ‘oh, está bem, voltarei quando me quiser ver, mas tenho trabalho a fazer”. Na década de 1960, o músico ficou conhecido por hits como “Cherry, Cherry” e “Sweet Caroline”.
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  • Câmera 5/5
    Eduardo Dussek - O cantor e compositor, hoje com 64 anos, revelou em 2016 que convivia com o Parkinson há 10 anos. “Qualquer doença deve ser combatida com alegria. Não a vejo como castigo ou desgraça. Eu a enxergo como um fator de iluminação. Se ela veio, foi para me iluminar”, disse ele em entrevista.
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