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Cidades

Capixaba de 77 anos ainda faz shows como vedete


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Imagem ilustrativa da imagem Capixaba de 77 anos ainda faz shows como vedete
Sorridente, Siria Gentil diz estar realizada na vida profissional |  Foto: Matheus Chagas

Ela fugiu de casa aos 17 anos para realizar o sonho de viajar pelo mundo e mostrar o seu talento nos palcos, dançando, cantando, interpretando e encantando plateias em teatros, casas de shows e televisões.

Deu certo. Na ocasião, a jovem Siria Gentil, natural de Alegre, no Sul do Estado, tornou-se uma grande vedete, com fama internacional e apresentações em ao menos 25 países espalhados pela América Latina, Europa e África.

Hoje, aos 77 anos, ela ainda se apresenta em casas de shows voltadas para a terceira idade e festas de aniversário de idosos que viveram o glamour dos anos 1950, 60 e 70, além de fazer participações em programas de televisão e até mesmo em campanhas publicitárias.

De férias em sua terra natal, Siria Gentil contou que, em algumas apresentações na África, chegou a receber propostas de casamento de homens milionários, alguns dispostos a largar a família para ficar com ela.

“Eram outros tempos. Vedetes e atrizes aqui, no Brasil, eram tratadas como prostitutas. Lá fora éramos vistas como celebridades. Os homens se encantavam e as mulheres e adolescentes queriam ter a nossa desenvoltura”, revela.

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Siria Gentil com roupa e enfeites que se apresenta atualmente e em momentos do auge da carreira (destaques) |  Foto: Fotos: Djanira Bravo e Acervo Pessoal

Siria Gentil conta que nunca aceitou as propostas de casamento ou de algum affair somente pelo dinheiro ou possibilidade de morar fora do País.

“Namorei e tive alguns amores pela Europa. Mas a minha carreira era mais importante. Eu queria ser a estrela dos palcos e consegui”, afirmou Siria Gentil.

E completou: “Na Alemanha, meu rosto estampou uma nota de 100 marcos (moeda alemã) em forma de cartaz. Isso era ousado para a época e prova de popularidade”.

Depois de conquistar a fama internacional, Siria Gentil retornou ao Brasil e conquistou os palcos das principais casas de show do País. Entre eles, o Teatro Rival, fundado em 1934, no Rio de Janeiro, além do Teatro Municipal de São Paulo e Teatro Recreio, também no Rio de Janeiro.

“O sistema vedete exigia uma carreira que não dependia só da beleza, mas também do talento. As moças entravam na companhia e iam subindo, função por função”, destacou Siria Gentil.

Trabalho em festas e publicidade

Hoje a outrora vedete de fama internacional faz apresentações em casas de show no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. O público, geralmente, é formado por pessoas que viveram a época de ouro dos palcos.

Mas Siria Gentil também se apresenta em festas privadas, com temas variados e até mesmo em escolas, mostrando a sua arte a quem nem sonhava em ter nascido no seu tempo de glamour.

“No ano passado, não parei nem uma semana sequer. Fiz apresentações quase todos os dias. Até uma famosa franquia de lanchonete fez questão que eu participasse de uma campanha publicitária”, comemora.

Com muito fôlego, Siria Gentil participa ativamente de dois grupos de teatro no Rio de Janeiro, ajudando na montagem, criação de figurinos, escolha de roteiro e encenação.

Amor

Siria Gentil garante que o grande amor da sua vida foi vivido na Itália. Mas foi na França que ela sentiu o frio que dá na barriga de quem ama, de quem dança e de quem encena.

“Só casei quando fiz 57 anos. Vivi intensamente para a minha carreira, conhecendo o mundo e gente como Costinha, Castrinho, Bibi Ferreira, Dedé Santana, Virgínia Lane e vários outros artistas”, afirmou a vedete.

Temporada escondida no teatro por causa da censura

Quando Siria Gentil começou nos palcos, em 1945, era época do Estado Novo. Getúlio Vargas era presidente do Brasil. A tradicional família brasileira era cultuada e, para uma moça na adolescência se tornar uma vedete, só havia a opção de romper os laços familiares e correr atrás de seus planos.

“Era tudo escondido. Como eu era menor de idade, quando os oficiais da censura vinham ao teatro, me escondia. Tinham apresentações em que eu ficava a temporada toda escondida, pois eles iam lá todas as noites”, relembra Siria Gentil, que fugiu de casa aos 17.

Muitas das aspirantes a vedete se apresentavam com os seios à mostra, mas não podiam se mexer, já que a censura proibia. As vedetes já graduadas, segundo Siria, nunca entravam em cena com os corpos nus. Era uma regra.

Segundo Siria Gentil, não havia escolas para vedetes. Os empresários da época, como Walter Pinto, andavam sempre de olho nas meninas talentosas e bonitas e as convidavam por indicação.

“Era um risco, tanto para eles, quanto para nós, geralmente meninas ingênuas e sem nenhum preparo nas artes cênicas, canto ou dança. A gente se inspirava em outras vedetes e íamos com a cara e a coragem.”

Coragem mesmo, já que, segundo ela, na primeira vez que subiu aos palcos tinha apenas a roupa do corpo. E foi com ela que seguiu viagem com a companhia na qual conseguiu sua primeira vaga de dançarina, em 1945.

“O diretor não pensou duas vezes depois de ver a minha apresentação. Disse que seguiríamos do Rio de Janeiro para São Paulo naquela tarde mesmo. Pedi um dinheiro para ele e fui a uma loja comprar uma roupa para viajar. Era um sonho e me agarrei a ele”.

Siria relembra que teve o rosto estampado uma nota de 100 marcos (moeda alemã) em forma de cartaz.

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Cartaz em forma de nota de 100 marcos com o rosto de Siria na Alemanha |  Foto: Acervo familiar

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