Bora, Bill: “Não imaginava que o mau humor ia mudar minha vida”

- |  Foto: Arquivo Pessoal

De um campo de areia no interior do Ceará, os  gritos de “Bora, Bill!” conquistaram a internet, com a reação inusitada do vigilante José Welbi Morais, 40, o “Bill”. Fenômeno na internet, o também treinador de futebol vê uma transformação em sua vida. 

O apelido surgiu durante as partidas de futebol, quando o primo dele, Josano Morais, começou a gritar “Bora, Bill!” como forma de apressar o vigilante, que estava atrasado para um jogo. O jeitão “bolado” de Bill, ao ouvir os gritos, rendia risadas e, então, o bordão passou a ser usado em todos os jogos.

No último dia 6, o “Bora, Bill!”, o “Bora, ‘fi’ do Bill!” e o “Bora, mulher do Bill!” explodiram em vídeos na internet e renderam até um convite para o Rock in Rio ao vigilante. Agora, até ele entrou na brincadeira.

“Nunca imaginaria que o mau humor iria transformar a minha vida. Várias empresas já entraram em contato comigo e fui convidado pelo TikTok para o Rock in Rio. É o meu jeito natural e 'feito' na hora. Nosso dia a dia nos jogos é daquele jeito”, contou, entre risadas, em entrevista ao jornal A Tribuna.   

Até famosos como os jogadores Neymar e Luvannor Henrique, o ator Bruno Gagliasso e o cantor Gusttavo Lima entraram na brincadeira e utilizaram o “Bora, Bill!” nas redes sociais.

Desde a última sexta-feira (09), Bill está no Rio de Janeiro e, por onde passa, internautas pedem fotos e o chamam pelo bordão. “Fui recepcionado desse jeito até no aeroporto Santos Dumont. Só dá 'Bora, Bill!' aqui. Nunca havia viajado de avião antes. Entrei com medo, quase morri, mas foi uma experiência única”.

No dia em que o meme viralizou, Bill conta que seu celular até travou de tantas mensagens. Só dois dias depois que ele teve ideia da proporção que o vídeo tomou. Até hoje ele diz que não conseguiu responder todas as mensagens.   

O mau humor do Bill é até explicável. Com a responsabilidade de guiar um time em mãos, ele explica que os gritos do primo tiravam sua concentração. 

“O foco do treinador deve estar na partida de futebol. É chato estar focado no jogo e ouvir um 'cara' perturbando, até com 'Bora, mulher do Bill!' e 'Bora, fi do Bill'. Agora, até as crianças da escola usam o meme. A zeladora diz que a escola não é mais a mesma depois do ‘Bora, Bill!’”.

José Welbi, vigilante | Convites, carinho e sonho de ajudar os três filhos

Morador do distrito de Betânia, em Croatá, no Ceará, Bill se dedica à paixão pelo futebol como técnico amador dos times Red Bill e Andrade Esporte. 

De origem pobre, ele vê a repercussão do meme “Bora, Bill!” como uma forma de proporcionar mais conforto e oportunidades a sua família, principalmente aos  seus filhos João, 12 anos, Maria Júlia, 7, e Pedro, 2.

A Tribuna - O que mudou em sua vida desde a repercussão do meme?

Bill - Mudou muita coisa. Eu nunca havia sido convidado nem para uma festa no meu bairro e, depois, recebi um convite do TikTok para ir ao Rock in Rio. No começo, o “Bora, Bill!” me dava raiva e, agora, onde eu chego só recebo carinho das pessoas com o meme.

Você pretende aproveitar esse momento?

Vim de família pobre, com oito irmãos, mas terminei o ensino médio e tive uma boa educação em casa. 

Dependendo do que acontecer, com os pés no chão e Deus na frente, quero ajudar meus três filhos, dar a eles oportunidades que eu não tive. 

Primeira coisa, oferecer uma boa alimentação. Depois, fazer com que eles cresçam com uma escolaridade melhor do que a minha. 

Outras empresas já te procuram para trabalhos?

Já tenho propostas de tanta gente e meu empresário, Edgar, estuda cada uma para fecharmos da melhor forma.

Às vezes, essa repercussão também te assusta?

Não. Já vi posts que me deixaram para baixo, mas não agrado a todos. A internet me ajudou!